Banco de Moçambique Coloca Taxa de Juro em 9,75%: Primeira Vez em Um Dígito em Quase Uma Década

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Questões-Chave
  • Taxa MIMO reduzida de 10,25% para 9,75%, primeira vez em um dígito desde 2016;
  • Inflação mantém-se em 4,8% em Agosto de 2025, dentro da meta de um dígito;
  • PIB contraiu 1,7% no 2.º trimestre (excluindo GNL), mas projeta-se recuperação gradual;
  • Dívida interna atinge 454,4 mil milhões de meticais, agravando pressões sobre o mercado de títulos do Estado;
  • Riscos fiscais, choques climáticos e fragilidade produtiva permanecem como factores de pressão inflacionária.

O Banco de Moçambique reduziu a sua taxa de juro de política monetária (MIMO) de 10,25% para 9,75%, marcando o regresso a um patamar de um dígito pela primeira vez em quase uma década. A decisão baseia-se na manutenção de expectativas de inflação controlada no médio prazo, apesar dos riscos fiscais e estruturais que continuam a ameaçar a economia.

De acordo com o comunicado oficial, a inflação anual fixou-se em 4,8% em Agosto de 2025, após 4,0% em Julho. A inflação subjacente, que exclui alimentos voláteis e bens com preços administrados, registou ligeira aceleração, mas as previsões continuam a apontar para níveis dentro da meta de um dígito.

A estabilidade do metical e a tendência de queda dos preços internacionais de mercadorias suportam este cenário. Contudo, os riscos permanecem elevados, incluindo pressões fiscais crescentes, vulnerabilidade a choques climáticos e lentidão na recuperação da capacidade produtiva.

A nível do crescimento económico, os dados do segundo trimestre revelam fragilidade: o PIB contraiu 1,7% quando excluída a produção de gás natural liquefeito (GNL), depois de um crescimento de 4,9% no trimestre anterior. Incluindo o GNL, a contração foi de 0,9%. Para o médio prazo, prevê-se uma recuperação moderada, apoiada na execução de projectos estratégicos.

O comunicado também chama atenção para o agravamento da dívida interna, que atingiu 454,4 mil milhões de meticais em Agosto, um aumento de 38,8 mil milhões face a Dezembro de 2024. Esta pressão sobre o endividamento compromete o normal funcionamento do mercado de títulos do Estado e adiciona incertezas à trajectória fiscal do país.

O governador Rogério Lucas Zandamela reiterou que o banco central continuará o processo de normalização da taxa MIMO, mas em passos moderados e dependentes da evolução da inflação e da avaliação dos riscos macroeconómicos.

A próxima reunião do CPMO está agendada para 20 de Novembro de 2025.

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