
África Subsariana Mantém Crescimento Resiliente, Mas Enfrenta Desafio Urgente De Emprego
Economia Regional e Mercado de Trabalho
Banco Mundial Prevê Crescimento De 3,8% Para África Subsariana Em 2025, Mas Alerta Para Crise De Emprego Juvenil
- A 32.ª edição do Africa’s Pulse indica que a região mantém resiliência face à incerteza global, beneficiando de menores pressões inflacionistas e modesta retoma do investimento. Contudo, o relatório adverte que o ritmo de crescimento continua insuficiente para gerar os milhões de empregos necessários a uma população activa em rápida expansão.
- Banco Mundial prevê que o crescimento da África Subsaariana deverá atingir 3,8% em 2025, acima dos 3,5% registados em 2024;
- O número de países com inflação acima de 10% caiu de 23 em 2022 para apenas 10 em 2025, sinalizando maior estabilidade de preços;
- 23 economias africanas estão hoje em situação de alto risco de endividamento, quase o triplo face a 2014;
- Apenas 24% dos novos trabalhadores conseguem empregos assalariados, revelando forte subutilização laboral;
- O Banco Mundial defende reformas estruturais que promovam a competitividade, reduzam custos de operação e atraiam investimento privado para sectores de elevado potencial.
A economia da África Subsariana deverá crescer 3,8% em 2025, confirmando a resiliência económica da região num contexto global de incertezas. Segundo o Africa’s Pulse — a actualização económica semestral do Banco Mundial —, a trajectória positiva decorre da redução das pressões inflacionistas e da retoma gradual do investimento privado. Porém, o relatório alerta que o ritmo de expansão continua insuficiente para criar empregos de qualidade e reduzir a pobreza extrema num continente onde a população activa cresce a um dos ritmos mais rápidos do mundo.
De acordo com o Banco Mundial, a região registará uma aceleração moderada do crescimento, impulsionada pelo alívio das restrições de oferta, pela descida da inflação e pela recuperação parcial da confiança dos investidores. O número de economias com inflação de dois dígitos caiu de 23 em 2022 para 10 em 2025, evidenciando maior estabilidade de preços.
Contudo, os riscos descendentes permanecem significativos. A volatilidade das políticas comerciais globais, a redução do financiamento externo — incluindo da ajuda pública ao desenvolvimento — e o aumento dos custos da dívida ameaçam a sustentabilidade das finanças públicas. O serviço da dívida externa duplicou na última década, atingindo 2% do PIB regional em 2024, ao passo que quase metade dos países africanos estão agora em situação de endividamento elevado ou em risco de incumprimento.
“O desafio será corresponder o rápido crescimento da população com empregos de qualidade”, advertiu Andrew Dabalen, economista-chefe do Banco Mundial para a região africana. “Apenas 24% dos novos trabalhadores conseguem actualmente um emprego assalariado, o que torna essencial uma transformação estrutural que impulsione o crescimento das médias e grandes empresas.”
O relatório observa que a África Subsariana vive a maior e mais rápida transição demográfica do planeta, com o número de pessoas em idade activa a aumentar em mais de 600 milhões até 2050. Para que esta expansão populacional se traduza em dividendos económicos e não em tensões sociais, será necessário estimular um crescimento mais inclusivo e intensivo em emprego.

Entre as prioridades de política económica, o Africa’s Pulse destaca a necessidade de reduzir os custos de fazer negócios, simplificar o ambiente regulatório e investir em infra-estruturas críticas — energia, transportes e digitalização — capazes de sustentar a produtividade e atrair investimento privado.
O documento enfatiza também a importância do capital humano. O reforço da educação técnica e profissional, aliado ao desenvolvimento de competências digitais, é visto como crucial para preparar a força de trabalho jovem para os sectores emergentes da economia africana.
Além disso, o Banco Mundial recomenda o estímulo à iniciativa privada em áreas de forte efeito multiplicador sobre o emprego, como agro-indústria, mineração, turismo, saúde, habitação e construção civil. O turismo, por exemplo, gera 1,5 empregos adicionais por cada posto directo criado, demonstrando o seu potencial de encadeamento produtivo.
Em termos estruturais, o relatório defende que os governos devem reforçar as instituições e a governação, combatendo a corrupção e garantindo estabilidade regulatória e previsibilidade macroeconómica — condições indispensáveis para restaurar a confiança do sector privado e promover crescimento sustentável e inclusivo.
“Com as reformas certas e investimentos adequados, a África Subsariana pode desbloquear o seu imenso potencial de emprego e traçar um caminho de prosperidade partilhada”, conclui o Africa’s Pulse 2025.
No geral, o relatório reitera uma mensagem central: a resiliência económica de África é real, mas frágil. Sem um salto qualitativo na criação de empregos e produtividade, a actual recuperação pode revelar-se transitória. O desafio de transformar crescimento em melhoria efectiva das condições de vida mantém-se como a grande prova de maturidade das economias africanas no horizonte de 2025-2030.
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