
MOÇAMBIQUE APOSTA NA PRODUÇÃO DE RAÇÕES PARA REVERTER QUEDA NA AVICULTURA
Sector procura atingir autossuficiência alimentar e integrar toda a cadeia de valor até 2030
- A produção avícola nacional caiu 10 % em 2024, para 135 mil toneladas, afectada pelos protestos pós-eleitorais;
- O Governo lançou um plano para fomentar o fabrico de rações em grande escala e modernizar as unidades produtivas;
- A meta é atingir 120 mil toneladas de ração nos próximos cinco anos e garantir que 100 % das matérias-primas sejam produzidas internamente;
- O sector é visto como pilar da segurança alimentar e fonte de emprego para mulheres e jovens, mas enfrenta desafios de informalidade e dependência de importações de milho.
A produção avícola moçambicana registou uma queda de 10 % em 2024, recuando para 135 mil toneladas, segundo dados do Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas.
O Governo quer agora inverter a tendência, apostando no fabrico local de rações e na integração total da cadeia de valor, para alcançar autossuficiência alimentar e redução das importações.
Novo Impulso Para o Sector Avícola
O anúncio foi feito pelo director nacional da Pecuária, Rafael Escrivão, durante o Primeiro Laboratório Nacional de Acção para a Avicultura, realizado em Maputo.
O encontro reuniu especialistas e decisores públicos e privados para definir uma visão comum para o sector, que enfrenta constrangimentos de produtividade, custos de alimentação e falta de integração entre produtores e processadores.
Segundo Escrivão, o objectivo é “impulsionar a produção de ração em grande escala e melhorar os locais de produção na indústria avícola”, abrangendo tanto o segmento de carne e ovos de frango como o de outras aves — perus, patos, gansos, codorniz e avestruzes.
Produção de Rações: Um Elo Crítico Para a Autossuficiência
A escassez e o custo das rações são apontados como o principal entrave à competitividade da avicultura nacional.
“As quantidades necessárias são extremamente elevadas e parte das matérias-primas, como o milho, concorre com o consumo humano”, explicou Escrivão.
O Governo definiu como meta atingir 120 mil toneladas de rações nos próximos cinco anos, combinando aumento da produção local de milho e incentivo ao investimento industrial.
O conceito de “laboratório de avicultura”, segundo o dirigente, “não se refere apenas a infra-estruturas físicas, mas ao processo colaborativo de experimentação e inovação para aumentar a produção e a qualidade dos insumos”.
Indústria Avícola: De Pilar Alimentar a Vector de Emprego
Para o ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Albino, a avicultura “é um pilar essencial para a segurança alimentar e a geração de rendimento nas zonas rurais”.
O governante sublinhou que o objectivo vai além da autossuficiência: “a missão é garantir que 100 % das matérias-primas usadas na indústria de rações sejam produzidas em Moçambique”.
Albino destacou que o sector tem potencial para criar emprego e promover empreendedorismo entre mulheres e jovens, mas advertiu que é preciso “garantir qualidade e formalização” para consolidar o crescimento.
Atualmente, grande parte da produção continua a ser feita de forma informal, o que limita o acesso a crédito e a certificação sanitária.
Reindustrializar a Cadeia de Valor Agro-alimentar
A aposta na produção de rações insere-se numa estratégia mais ampla de reindustrialização da cadeia agro-alimentar, visando reduzir dependências externas e fortalecer os elos produtivos nacionais.
O ministério quer aumentar a integração entre agricultura, pecuária e indústria de transformação, criando sinergias entre produtores de milho, fábricas de ração e aviários.
Especialistas alertam, porém, que a execução bem-sucedida exigirá investimento logístico e energético, bem como políticas fiscais que incentivem a produção local de insumos e a formalização dos pequenos produtores.
Desafio: Produzir Mais, Com Eficiência e Sustentabilidade
O relançamento do sector avícola é visto como teste-piloto para a estratégia de segurança alimentar de Moçambique.
Se as metas forem alcançadas, o país poderá reduzir importações de carne e ovos, aumentar a oferta interna de proteína animal e gerar emprego em zonas rurais.
O sucesso, contudo, dependerá da capacidade de produzir rações em escala e com custos competitivos, conciliando a expansão industrial com a sustentabilidade ambiental e a estabilidade dos preços agrícolas.
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