FDEL Entra em Nova Fase de Consolidação e Expansão e Reflete Nova Geração de Políticas de Desenvolvimento Local

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No Café da Manhã com o O.Económico, Deodete Chachuaio detalha as prioridades, desafios, alcance territorial e o impacto da nova visão de desenvolvimento local que o Fundo traz para o país.

O Fundo de Desenvolvimento Económico Local (FDEL) inicia uma nova etapa institucional marcada por expansão territorial, reforço dos instrumentos de financiamento e uma ambição clara: transformar as dinâmicas económicas dos distritos através de um modelo mais moderno de desenvolvimento local. A Directora Nacional de Desenvolvimento Integrado, Deodete Chachuaio, explicou no Café da Manhã do O.Económico que esta fase representa não apenas a continuação de programas anteriores, mas a consolidação de uma visão estruturada que coloca os territórios no centro da política económica.

Uma Nova Agenda de Desenvolvimento Local Baseada em Evidência e Integração

Deodete Chachuaio sublinha que o FDEL nasce de um processo profundo de reflexão sobre os resultados, potencialidades e limitações das iniciativas anteriores de financiamento descentralizado. Segundo explica, o Fundo foi desenhado com base em evidências recolhidas nos territórios, consultas com instituições locais, operadores privados e estruturas governamentais. O objectivo foi corrigir fragilidades antigas — dispersão de recursos, baixa taxa de reembolso, ausência de assistência técnica — e criar um mecanismo que responda de forma mais estruturada às necessidades reais das economias distritais.

Neste enquadramento, o FDEL já não é apenas uma linha de crédito, mas um instrumento integrado de desenvolvimento económico local, com foco simultâneo em financiamento, capacitação, sustentabilidade e enquadramento institucional.

Expansão Territorial e Maior Disciplina de Implementação

A expansão do Fundo para todas as províncias do país marca uma mudança significativa. A Directora explica que a cobertura nacional permite uma leitura mais equilibrada do mosaico económico, ajustando o tipo de apoio aos perfis produtivos de cada distrito. Esta expansão foi acompanhada de um reforço da disciplina de implementação: mais critérios técnicos, maior controlo, processos de avaliação mais rigorosos e monitoria permanente nas comunidades.

Segundo Deodete Chachuaio, o Fundo está a consolidar uma cultura de maior responsabilização, tanto por parte dos beneficiários quanto das instituições que operam no terreno. Esta mudança é fundamental para assegurar sustentabilidade financeira, evitar incumprimentos elevados e garantir que o crédito concedido se traduz efectivamente em actividade económica.

Assistência Técnica, Inclusão Produtiva e Transformação das Economias Locais

Um dos pilares centrais desta nova fase é o reforço da assistência técnica e do acompanhamento aos beneficiários. A Directora destaca que, pela primeira vez, o mecanismo inclui apoio directo ao desenvolvimento de planos de negócio, orientação na gestão financeira, capacitação técnica e monitoria operacional contínua.

Este suporte é determinante para transformar projectos de subsistência em actividades economicamente viáveis. Nos distritos onde o modelo já está consolidado, observa-se evolução em diversos sectores, da agricultura ao comércio e agroprocessamento, passando por pequenas indústrias e serviços emergentes. A inclusão produtiva de jovens e mulheres é outro eixo estruturante, respondendo ao desafio do emprego e à necessidade de dinamizar as economias periféricas.

O FDEL Como Instrumento de Formalização e Dinamização Económica

A Directora enfatiza que o FDEL está a contribuir para a formalização progressiva de micro e pequenas actividades económicas, estimulando registo de negócios, abertura de contas bancárias, acesso a plataformas digitais e melhoria dos mecanismos de gestão. Este processo de formalização, apesar de gradual, é decisivo para criar um tecido económico mais resiliente, capaz de interagir com o sector financeiro, integrar cadeias de valor e beneficiar de políticas públicas estruturantes.

Ao mesmo tempo, afirma que o Fundo tem permitido desbloquear o potencial produtivo de territórios antes condicionados pela falta de instrumentos de financiamento orientados ao desenvolvimento local.

Uma Nova Cultura de Reembolso e Sustentabilidade

Outro ponto crítico abordado por Deodete Chachuaio é a sustentabilidade financeira do Fundo. Reconhece que a história dos programas de crédito distrital em Moçambique é marcada por desafios de cobrança, mas sublinha que o novo modelo introduziu mudanças estruturais. Há maior exigência na selecção, maior rigor na aprovação, monitoria próxima e um esforço deliberado para cultivar uma cultura de reembolso entre os beneficiários.

O reforço dos mecanismos de cobrança permite ao Fundo manter capacidade de financiar novos projectos e garantir continuidade. A Directora acredita que esta mudança cultural está em curso e será determinante para o sucesso a médio e longo prazo.

Projecções, Impacto e o Papel da Visão Nacional de Desenvolvimento Local

Deodete Chachuaio termina sublinhando que o FDEL está alinhado com uma visão mais ampla das políticas públicas, que procura colocar os territórios no centro do desenvolvimento económico. O impacto esperado vai além do financiamento directo: pretende-se dinamizar economias locais, aumentar resiliência, estimular empreendedorismo, fortalecer cadeias produtivas e contribuir para o desenvolvimento integrado.

O Fundo, afirma, deve ser entendido como parte de uma estratégia nacional que procura reduzir assimetrias, promover inclusão económica e transformar distritos em espaços de criação de riqueza e de oportunidades.

Numa altura em que o país debate novas vias de crescimento inclusivo, o FDEL consolida-se como uma peça chave da estratégia nacional de desenvolvimento local. Ao combinar financiamento, assistência técnica, responsabilização e visão territorial, o Fundo prepara-se para ocupar um lugar determinante na transformação das economias dos distritos ao longo da próxima década.

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