Petróleo Recupera Após Mínimos de Um Mês, Mas Perspectiva de Excedente Global Continua a Penalizar o Sentimento

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Brent e WTI sobem ligeiramente, sustentados por sinais de queda nas reservas norte-americanas, enquanto negociações de paz Rússia–Ucrânia e previsões de excesso de oferta para 2026 mantêm pressão descendente.

Questões-Chave:
  • Preços do Brent e WTI sobem cerca de 0,4% após perdas superiores a 1% na sessão anterior;
  • Analistas alertam que a recuperação é frágil, condicionada por expectativas de excedente de oferta em 2026;
  • Possível acordo de paz Rússia–Ucrânia poderá aliviar sanções e empurrar o WTI para níveis próximos de USD 55;
  • Dados preliminares do API mostram queda inesperada nos inventários de crude nos EUA;
  • Expectativa de corte das taxas de juro pela Reserva Federal dá algum suporte à procura.

Os preços do petróleo inverteram ligeiramente a trajectória descendente esta quarta-feira, depois de terem atingido um mínimo de um mês, mas a recuperação mantém-se frágil perante a possibilidade de um excedente global de oferta em 2026 e a expectativa de um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia, que poderá alterar substancialmente o mercado energético mundial.

O Brent valorizou 27 cêntimos (0,43%), para USD 62,75 por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) avançou 24 cêntimos (0,41%), para USD 58,19, após ambas as referências terem recuado cerca de 89 cêntimos na véspera. A recuperação, porém, é vista pelos analistas como “um fôlego técnico e não uma inversão de tendência”, segundo Priyanka Sachdeva, analista sénior da Phillip Nova.

A especialista sublinhou que as oscilações positivas dependem sobretudo de “sinais mais suaves nos inventários e movimentos de cobertura de posições curtas”, advertindo que tais episódios “serão curtos e frágeis”, uma vez que “o mercado permanece fundamentalmente inclinado para o lado descendente”.

As preocupações com um excedente de oferta em 2026 estão a ganhar força, dado que não existem, por agora, catalisadores de procura suficientemente robustos para contrariar o aumento da produção esperado. “Os investidores estão a precificar um mercado amplamente abastecido no próximo ano, sem um motor convincente de crescimento da procura”, concluiu Sachdeva.

A dinâmica geopolítica acrescenta pressão adicional. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, indicou aos líderes europeus que está pronto para avançar com o novo quadro de paz mediado pelos EUA, faltando apenas “alguns pontos” para fechar um acordo com Moscovo. Caso as negociações resultem num entendimento final, o mercado poderá assistir ao desmantelamento rápido de parte das sanções aplicadas às exportações energéticas russas.

Num cenário desse tipo, o analista Tony Sycamore (IG Markets) antevê que o WTI possa recuar para níveis próximos de USD 55 por barril. “O risco é claramente de preços mais baixos, a não ser que as conversações voltem a falhar”, afirmou numa nota enviada a clientes.

Entretanto, Washington intensificou a diplomacia directa, com o Presidente Donald Trump a ordenar contactos separados com Vladimir Putin e representantes de Kiev. Fontes ucranianas sinalizaram ainda a possibilidade de Zelenskiy viajar aos EUA nos próximos dias para finalizar o acordo.

A pressão sobre Moscovo também aumenta noutros quadrantes. A Europa, o Reino Unido e os EUA reforçaram recentemente o quadro sancionatório, ao mesmo tempo que as compras de crude russo pela Índia — um dos seus principais clientes — deverão recuar, em Dezembro, para o nível mais baixo dos últimos três anos.

No plano operacional, os dados preliminares do American Petroleum Institute (API) apontam para uma queda inesperada nos inventários de crude norte-americano durante a semana terminada a 21 de Novembro, contrariando as estimativas de subida de 1,86 milhões de barris. Os dados oficiais da Energy Information Administration (EIA) serão divulgados esta tarde, podendo influenciar a trajectória intradiária dos preços.

Por fim, o mercado encontra algum suporte no aumento das expectativas de que a Reserva Federal dos EUA poderá avançar com um corte das taxas de juro já em Dezembro, depois de indicadores recentes mostrarem arrefecimento do consumo e da inflação. Uma política monetária mais acomodatícia tende a estimular a actividade económica e a procura por petróleo, o que limita, em parte, as perdas recentes.

Apesar da recuperação marginal, o mercado petrolífero continua preso entre forças opostas: indicadores de procura mais fracos, expectativa de um excedente de oferta em 2026 e potenciais mudanças no tabuleiro geopolítico mantêm a pressão descendente sobre os preços.

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