
Digitalização dos processos de gestão dos RH
“A transformação digital dos processos de gestão de Recursos Humanos (RH) só é efectiva quando as organizações estão bem estruturadas”, Vicente Sitoe, EY Moçambique(*).
A pandemia da COVID-19 veio expor a urgência da digitalização e desmaterialização dos processos como factores essenciais para assegurar a competitividade das empresas. Um verdadeiro gatilho da transformação digital.
A medida que a crise foi se alastrando pelo mundo, impondo restrições e inúmeros desafios a fluidez normal dos processos económicos, as empresas foram sendo obrigadas a pôr em prática planos de continuidade dos seus negócios, incluindo na gestão das pessoas, recorrendo a soluções inovadoras e modernas para superar os desafios do ambiente marcadamente restritivo.
Não se trata de uma tendência nova, mas sim de um processo que, de forma menos expressiva, ia ganhando forma e prática ao nível das organizações. “A digitalização dos processos de gestão dos RH não é um processo disruptivo, foi acelerado pela pandemia da COVID-19”, destacou.
Falando sobre o “novo paradigma” na gestão das pessoas, Sitoe explica que, embora em ritmos diferentes, o mesmo já vinha se verificando ao nível das organizações. Para o especialista em RH, apesar de ter sido impulsionado pelo ambiente restritivo da pandemia, a transformação digital tornou-se num processo irreversível para muitas organizações, sobretudo as que pretendem se manter no mercado.
“É um processo incontornável. As organizações que quiserem ter um posicionamento estratégico no mercado devem olhar para os seus trabalhadores como a massa crítica e como o centro do negócio. Para tal, devem implementar o processo de transformação digital”, sublinhou.

Entretanto, destacou, tal processo só é efectivo quando as organizações estão bem estruturadas. “O processo de digitalização só será efectivo se a casa estiver arrumada. As organizações precisam garantir que têm todos os processos internos devidamente arrumados”.
Sitoe explica que o investimento na tecnologia surge para assegurar as tarefas rotineiras ao nível das organizações, permitindo que as pessoas se concentrem nos processos mais criativos e de tomada de decisões, sendo que, pela sua natureza, não pode ser visto de forma isolada do investimento no capital humano – nas pessoas.
Numa outra vertente, o especialista vai mais longe e afirma que o não investimento em tecnologia acaba sendo uma opção onerosa para organizações: “É mais caro não investir em tecnologia hoje em dia”. Para Sitoe, dada a natureza “digitalizada” e as exigências da actual força de trabalho, esta opção implica perda de talentos e competitividade pelas organizações
Comentando sobre os impactos dos investimentos em tecnologia na cultura das organizações, Sitoe explica que, apesar da natureza dinâmica da última, o processo exige uma mudança gradual. “O processo de mudança não pode ser drástico (…) deve ter um processo de gestão de mudança. Se não houver um projecto de gestão de mudança, a cultura vai resistir sempre à estas mudanças, principalmente àquelas que têm a ver com tecnologias”, detalhou.
*Manager, Business Consulting. Vicente Sitoe coordena serviços de PAS – People Advisory Services na EY Moçambique. A sua experiência profissional está muito ligada a processos de gestão estratégica de Recursos Humanos.
Acompanhe a entrevista na íntegra:
















