Aeródromo e porto de Mocímboa da Praia contribuirão para o restabelecimento da segurança e normalidade

Os dois empreendimentos de grande importância económica para Cabo Delgado e não só, foram destruídos pelas acções terroristas e, oficialmente, reinaugurados esta segunda-feira, 09 de Outubro, após obras de reabilitação e ampliação.

No acto de inauguração das infra-estruturas, o Presidente da República, Filipe Nyusi, mostrou-se preocupado com a situação de insegurança em Mocímboa da Praia. Contudo, explicou que a retoma das actividades naquelas infraestruturas simboliza a consolidação da unidade nacional, a vontade inabalável de defender a soberania, valores histórico-culturais e a identidade dos moçambicanos.

“Este é um sinal inequívoco de um restabelecimento progressivo da normalidade e, no caso concreto, com um impulso sobre a mobilidade de pessoas e bens que favorecem a actividade económica”. Disse.

Nyusi apelou, no entanto, ao aproveitamento do potencial das infra-estruturas para o comércio florescer, o que é possível com novos investimentos e negócios, incluindo a conectividade comercial com a vizinha República da Tanzânia.

“A reabertura das operações deste porto decorre dos investimentos de emergência realizados no total de cerca de US$ 4 milhões, libertados pelo operador portuário, e consistiu: na reabilitação da rampa principal e na construção de uma nova rampa para atracação de navios; na pavimentação do pátio para armazenamento de diversas cargas; na aquisição para manuseamento de cargas entre outras melhorias.” Revelou.

“No quadro de assistência humanitária até Novembro do ano transacto o porto já tinha recebido duas escalas de navios, que manusearam cerca 463 toneladas métricas de carga diversa para ajuda humanitária.” Acrescentou. 

O porto possui um canal de 3,5 quilómetros e uma profundidade máxima e aceitável de 4,5 metros. As obras consistiram na reabilitação da rampa principal e construção de uma nova. Durante este ano, o porto de Mocímboa já recebeu 39 navios, dos quais 33 são de cabotagem. 

Para Nyusi, estes dados indicam que o empreendimento pode ser suporte logístico dos grandes projectos que florescem nesta região do país, para efeitos de manuseio de contentores de material de construção, combustível, viaturas e equipamentos para obras.

As obras de reabilitação do Aeródromo de Mocímboa da Praia custaram cerca de 15 milhões de Meticais e foram realizadas por agentes dos Serviços Cívicos de Moçambique.

Por outro lado, as do Porto de Mocímboa da Praia ultrapassaram os cerca de US$8,5 milhões. 

Por isso, segundo Filipe Nyusi, pode-se perspectivar um futuro promissor, onde a prestação de serviços passará a ter maior peso numa economia dominada pela agricultura e pesca, rumo à diversificação da base económica.

Dirigindo-se às populações, Nyusi deixou um aviso.

“Nós não queremos que se criem bases aqui para dar argumentos para o terrorista invadir novamente. A recuperação custou sangue de pessoas. Os jovens resistiram muito tempo, até quando houve escassez de munições. Então, nós não queremos viver de incertezas aqui.”

Nyusi alertou ainda que uma parte da população de Mocímboa da Praia continua a colaborar com os supostos terroristas, passando informações e prestando ajuda com alimentos e outros bens.

O Porto e o Aeródromo de Mocímboa da Praia ficaram fora do serviço em 2020, quando os terroristas ocuparam a vila, por quase um ano, e desde a reposição da segurança, as duas infra-estruturas estavam a funcionar de forma improvisada.