África ecoa voz no G20: Representação equitativa em foco

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Durante a cimeira do G20 no Rio de Janeiro, África reiterou a urgência de uma representação mais equitativa nos principais fóruns globais. Esta reivindicação ocorre num momento em que o continente se destaca como uma força económica emergente, mas enfrenta uma sub-representação crítica nas estruturas de decisão internacional, comprometendo o seu progresso e influência nas políticas globais.

Um passo à frente: União Africana no G20

A inclusão da União Africana como membro permanente do G20, oficializada na cimeira de Nova Deli em Setembro de 2023, foi amplamente celebrada como um marco histórico. Trata-se de um reconhecimento que, em princípio, oferece ao continente uma plataforma para defender os seus interesses de forma mais efectiva. Contudo, na cimeira do Rio de Janeiro, líderes africanos sublinharam que este é apenas o início de uma longa jornada rumo a uma participação plena e equitativa nos fóruns internacionais.

Presença desproporcional nos fóruns globais

Apesar de África ser a oitava maior economia do mundo, a sua representação em instituições globais é desproporcional:

  • Conselho de Segurança da ONU (CSNU): Apenas três dos 15 assentos rotativos são destinados a países africanos, apesar de o continente representar quase 28% dos membros da ONU;
  • Fundo Monetário Internacional (FMI): Dois directores executivos representam 46 nações africanas, destacando uma disparidade em comparação com outras regiões;
  • G20: A África do Sul era, até recentemente, o único país africano com assento, enquanto outras regiões possuem múltiplos representantes.

Estas limitações estruturais mantêm África numa posição periférica, frequentemente consultiva, em vez de uma presença decisória significativa.

Impactos da sub-representação

A falta de representatividade de África nos órgãos globais traduz-se em desafios económicos tangíveis. Ora vejamos

  • Comércio Mundial: O continente representa menos de 4% do comércio global, limitando o acesso a mercados internacionais;
  • Investimento Direto Estrangeiro (IDE): África atrai apenas uma fração do IDE global, dificultando o desenvolvimento de infraestruturas e a criação de empregos;
  • Energia e Saúde: A contribuição do continente para a produção de energia renovável e distribuição de vacinas é inferior a 3%, refletindo as desigualdades no acesso a recursos críticos.

Iniciativas e reformas urgentes

Embora programas como o Compact With Africa tenham procurado integrar o continente no debate global, líderes africanos destacaram que muitas destas iniciativas perpetuam a dependência de África, em vez de promoverem a sua autonomia. Na cimeira do G20, reforçou-se a necessidade de reformas estruturais em organismos como o FMI e o CSNU para refletir a atual realidade económica e geopolítica.

Um futuro mais inclusivo

A cimeira do G20 no Rio de Janeiro foi um momento marcante para África, onde a sua voz ecoou com maior força. A inclusão da União Africana no G20 é um passo significativo, mas líderes africanos enfatizaram que a luta por uma governança global mais inclusiva continua.

Com uma economia em crescimento e uma população jovem e dinâmica, África está pronta para desempenhar um papel central em questões globais como mudanças climáticas, segurança alimentar e inovação tecnológica. Garantir uma representação equitativa nos fóruns internacionais não é apenas uma questão de justiça, mas um imperativo estratégico para um futuro global mais sustentável e equilibrado.

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