Bancos de Desenvolvimento comprometem-se com meta de US$ 120 mil milhões para financiamento climático global

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No decurso da cimeira climática da ONU que ocorre em Baku, Azerbaijão, os principais bancos multilaterais de desenvolvimento (BMDs) estabeleceram uma nova meta de financiamento climático para os países de baixa e média renda, comprometendo-se a mobilizar um total de 120 mil milhões de dólares anuais até 2030. Esse montante, que representa um aumento substancial em relação aos níveis de financiamento de anos anteriores, reforça o empenho global em enfrentar a crise climática, com foco especial em iniciativas que contribuam para limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius até 2050.

Um compromisso sem precedentes: Metas e distribuição dos recursos

O novo compromisso dos BMDs, que inclui instituições como o Banco Mundial, o Banco Europeu de Investimento (BEI) e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), destina-se a fortalecer a resiliência climática em países vulneráveis e aumentar a capacidade dessas nações para enfrentar os impactos das mudanças climáticas. Do valor total proposto, aproximadamente 42 mil milhões de dólares serão especificamente alocados a iniciativas de adaptação climática, representando um aumento de 70% em comparação com os recursos destinados a essa área em 2023. Este montante será canalizado para projectos que envolvem desde infra-estruturas resistentes a desastres naturais até iniciativas de gestão de recursos hídricos em regiões afectadas por secas severas.

Para Clare Shakya, Directora-Geral de clima da Nature Conservancy, esse compromisso é essencial: “O financiamento do BMD é mais necessário para os países mais pobres, onde o acesso ao crédito é mais limitado e os governos enfrentam maiores dificuldades para financiar projectos resilientes ao clima”. A participação dos BMDs nesses projectos é vista como crucial, pois muitos dos países mais afectados pelas mudanças climáticas carecem de recursos para implementar medidas de mitigação e adaptação.

O Papel do Sector Privado: Mobilização e desafios

Além do financiamento público, os BMDs estabeleceram uma meta ambiciosa de atrair mais de 65 mil milhões de dólares anuais de investimentos provenientes do sector privado. Ajay Banga, Presidente do Banco Mundial, destacou a importância dessa contribuição, afirmando que “triliões de dólares terão que vir do sector privado para que possamos alcançar a escala necessária no financiamento climático”. Segundo Banga, os BMDs deverão não só providenciar o capital, mas também actuar como facilitadores, criando um ambiente que reduza os riscos para o sector privado e aumente a atractividade dos investimentos em países em desenvolvimento.

Nadia Calvino, Presidente do Banco Europeu de Investimento, reforçou a importância dessa colaboração entre sectores: “É melhor avançarmos juntos, colaborando para mobilizar recursos verdes, tanto públicos quanto privados, de forma a alcançar o máximo impacto prático”. Calvino enfatizou que o sucesso dessas iniciativas depende de uma abordagem integrada que una governos, instituições financeiras e empresas privadas.

Dependência dos accionistas e a necessidade de um compromisso sustentado

Embora os BMDs tenham traçado esta meta ambiciosa, destacaram que a sua capacidade de cumprir o compromisso de 120 mil milhões de dólares dependerá fortemente da participação activa dos accionistas, tanto dos países desenvolvidos quanto dos países em desenvolvimento. Os bancos afirmaram que, para que o financiamento climático seja sustentável e consiga escalar, os accionistas terão que mostrar “maior ambição” e assumir compromissos de financiamento a longo prazo.

A necessidade de novos fundos e doações é vista como vital para a continuidade desses programas. Com a inclusão de doações, os bancos de desenvolvimento poderiam oferecer melhores condições de financiamento e aumentar a atractividade dos investimentos em projectos que, por vezes, têm um retorno financeiro incerto. Na cimeira, representantes dos Estados Unidos e da União Europeia reiteraram o papel crucial dos BMDs na arquitectura de financiamento climático, enfatizando que esses bancos têm sido fundamentais na expansão dos recursos climáticos para além da meta original de 100 mil milhões de dólares, estabelecida nos Acordos de Paris.

Perspectivas para o futuro: Um esforço conjunto para a resiliência climática

Com a nova meta de 120 mil milhões de dólares anuais, os BMDs pretendem intensificar o apoio aos países que enfrentam os maiores desafios climáticos e que são menos capazes de lidar com os custos associados. Esses recursos visam não só financiar projectos de mitigação e adaptação, mas também fortalecer a capacidade institucional dos países receptores para que possam gerir eficazmente os fundos e maximizar o impacto dos projectos.

Espera-se que essa meta inspire outros actores globais a intensificarem os seus compromissos climáticos e a contribuírem para a meta colectiva de limitar o aquecimento global, criando um cenário de investimento sustentável e inclusivo.

 

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