“Be Like a Woman”: Uma Onda de Liderança Económica Feminina em Moçambique

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Questões-Chave:

  • O programa Be Like a Woman concluiu a sua segunda edição com 57 novas graduadas em liderança e negócios;
  • Mulheres participantes começam a aceder a investimento estrangeiro e a ocupar posições de direcção e influência;
  • Desafios persistem: liderança, confiança, acesso ao financiamento e barreiras culturais;
  • O projecto articula-se com parceiros do sector privado e planeia uma nova fase de replicação em larga escala;
  • Tânia Saranga defende um modelo de empoderamento contínuo, sustentável e com visão para políticas públicas.

Com mais de 90 mulheres já formadas, o programa liderado por Tânia Saranga está a consolidar uma abordagem transformadora para o empoderamento económico feminino, apostando na liderança, resiliência empresarial e impacto social.

A inclusão económica das mulheres continua a ser um dos maiores desafios e, ao mesmo tempo, uma das mais promissoras alavancas para o crescimento sustentável em Moçambique. O projecto Be Like a Woman, promovido pela rede New Faces, New Voices, vem assumindo um papel decisivo nesta transformação, com um modelo que alia capacitação em liderança, educação financeira, networking e impacto social. A sua fundadora, Tânia Saranga, detalha os resultados, desafios e ambições deste programa que quer “ver mulheres milionárias — e confiantes em sê-lo”.

Uma Experiência que Ganha Escala e Confiança
O Be Like a Woman já formou cerca de 91 mulheres em dois ciclos de capacitação. O número pode parecer pequeno à escala nacional, mas os resultados são expressivos. “Temos mulheres que já passaram a liderar áreas nas suas organizações, outras que conseguiram negociar os seus pacotes salariais com base nas competências adquiridas, e empresárias que estão prestes a receber investimento externo”, partilhou Tânia Saranga.

O programa aposta em mulheres em posições de gestão — tanto empresárias como profissionais — e adopta critérios que valorizam não só o potencial de crescimento económico, mas também o impacto social e ambiental das iniciativas lideradas por estas mulheres.

Ferramentas, Mentoria e Acesso ao Capital
Mais do que formações, o programa oferece masterclasses e sessões de coaching com mentores nacionais e internacionais, combinando teoria e prática. “A gestão é uma ciência. E é nisso que apostamos. As participantes aprendem a fazer o ‘pitch’ do seu negócio em menos de dois minutos para potenciais investidores”, refere Saranga.

Este enfoque já deu frutos. Algumas das graduadas da segunda edição estão em negociações com investidores estrangeiros, facilitadas por parcerias estratégicas com empresas especializadas em matchmaking financeiro.

Os Obstáculos Estruturais Persistem
Apesar dos progressos, os obstáculos permanecem. Liderança, confiança e acesso ao financiamento continuam a ser desafios críticos. “Muitas mulheres ainda não conseguem garantir colaterais para obter crédito. E mesmo a prática de networking ainda é culturalmente limitada”, denuncia Saranga, alertando para o carácter estrutural destas barreiras.

Por isso, a iniciativa aposta em ambientes de treino prático e em criar redes de apoio entre mulheres, ampliando a sua exposição e autoconfiança.

Impacto Para Além do Individual: Replicar é a Nova Missão
Reconhecendo a limitação da escala directa — “não conseguimos formar todas” —, o programa lançou as iniciativas Be Like a Woman Gives Back e Be Like a Woman Wave. Ambas visam amplificar o impacto, através da replicação comunitária e de parcerias com meios de comunicação social. “Queremos que cada mulher formada se torne também uma formadora”, reforça a fundadora.

Para um Ecossistema Inclusivo e Sustentável
A experiência acumulada começa a informar uma agenda mais ambiciosa: influenciar políticas públicas e promover modelos empresariais inclusivos. “Queremos que as grandes empresas olhem para a cadeia de valor e incluam as pequenas lideradas por mulheres. Queremos ver mais negócios sustentáveis e resilientes liderados por mulheres”, diz Saranga.

A articulação com o Estado e o sector privado está no centro desta estratégia. Para a líder do projecto, a transformação exige continuidade e sinergias estruturadas. “As mulheres precisam de acompanhamento contínuo e de acesso real a oportunidades — desde o capital até à assistência técnica.”

Um Sonho com Ambição Nacional
A institucionalização do programa como modelo público ainda é uma ambição. Mas Tânia Saranga acredita que tudo começa com um sonho: “Queremos ver mulheres milionárias, e que se sintam bem em sê-lo — sem culpa ou necessidade de justificar.”

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