Censo Populacional de 2027 Vai Custar 110 Milhões de Dólares e Atingir 36 Milhões de Habitantes

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Questões-Chave:

  • O Censo 2027 terá um custo total estimado em 110 milhões de dólares norte-americanos, o equivalente a cerca de 7 mil milhões de meticais;
  • Será o primeiro censo totalmente digital em Moçambique, com resultados disponíveis em apenas seis meses após a recolha de dados;
  • O processo está estruturado em três fases principais: preparação, recolha e pós-censo;
  • O Governo prevê registar 36 milhões de habitantes, face aos 26,9 milhões contados em 2017;
  • A operação enfrenta desafios como escassez de recursos humanos qualificados, fraca cobertura da rede eléctrica e digital e infraestruturas degradadas.

Moçambique vai realizar, em Agosto de 2027, o quinto Recenseamento Geral da População e Habitação, um exercício que se estima venha a custar 110 milhões de dólares e que se destaca por ser o primeiro realizado com recurso exclusivo a tecnologias digitais, devendo abranger 36 milhões de cidadãos num período de apenas 15 dias.

A cerimónia oficial de lançamento do projecto decorreu no dia 2 de Junho de 2025, em Maputo, com a presença da Primeira-Ministra, Maria Benvinda Levi, e da Presidente do Instituto Nacional de Estatística (INE), Elisa Ana Mónica Magaua. O evento marcou o início da mobilização institucional e técnica para uma das mais complexas operações estatísticas do país.

Segundo o INE, o Censo 2027 representa um salto qualitativo, não apenas pelo uso de dispositivos móveis e plataformas digitais — como tablets e software de mapeamento — mas também pelo compromisso com a modernização do Estado, a inclusão da juventude e o reforço das capacidades institucionais.

“O primeiro desafio consiste na realização de um censo digital num país ainda pouco digitalizado, com recursos humanos escassos, cobertura parcial de energia e internet, e estado precário das vias de acesso”, alertou Elisa Magaua.

O plano está organizado em três fases distintas:

  1. Preparação: inclui ensaios metodológicos, desenho do projecto, aquisição de materiais, recrutamento e capacitação técnica;
  2. Recolha de dados: decorrerá entre 1 e 15 de Agosto de 2027, com o apoio de ferramentas móveis, recolha georreferenciada e sistemas de supervisão digital;
  3. Pós-censo: contempla a validação, análise e difusão dos resultados — a realizar em apenas seis meses, ao contrário dos dois anos das operações anteriores.

A operação terá um custo total de 110 milhões de dólares, equivalente a cerca de 7 mil milhões de meticais, segundo dados partilhados pelo Governo e confirmados pela Primeira-Ministra:

“Este é um exercício essencial para sabermos quem somos, onde estamos, quantos somos, e em que condições vivemos. O censo permitirá planear melhor o desenvolvimento nacional e reduzir desigualdades”, defendeu Benvinda Levi.

O financiamento inicial de 12,7 milhões de dólares já foi garantido pelo Banco Mundial, e outras fontes multilaterais e bilaterais estão a ser mobilizadas. A previsão é de que o país passe de 26,9 milhões de habitantes registados em 2017 para 36 milhões em 2027, um crescimento de quase 10 milhões de pessoas numa década.

O Governo destacou que o censo é fundamental para cumprir compromissos internacionais como os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2063 da União Africana, além de apoiar sectores estratégicos como saúde, educação, urbanismo e gestão de riscos.

O porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, sublinhou que:

“Com os dados obtidos, o Estado poderá definir políticas públicas mais assertivas, ajustadas às realidades locais e às necessidades concretas das populações.”

O Censo 2027 assume-se como uma operação estatística de grande escala, marcada pela inovação digital, pelo envolvimento multissectorial e pela ambição de transformar dados em alicerces sólidos para políticas públicas. Com desafios logísticos e tecnológicos pela frente, o projecto é encarado como uma ferramenta crítica de planeamento nacional e de reforço da governação baseada em evidência.

 

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