
CTA considera postura da Mozal “inadmissível”, fragilizadora da confiança dos investidores para além da desestabilização do tecido empresarial
A ameaça de encerramento da fundição de alumínio, que representa 30% das exportações nacionais, expõe fragilidades nas relações entre grandes multinacionais, Governo e sector privado.
Questões-Chave:- CEO da South32 anuncia possibilidade de encerramento da Mozal em Março de 2026 por falta de acordo energético com a Eskom;
- Decisão já resultou na rescisão de contratos com 20 fornecedores moçambicanos, afectando mil postos de trabalho;
- Mozal representa 30% das exportações nacionais e sustenta mais de 33 mil empregos;
- CTA exige contrapartidas claras para concessões energéticas: 40% da produção para transformação local e maior integração de PMEs na cadeia de valor;
- Crise na Mozal lança alerta sobre sustentabilidade do investimento estrangeiro em Moçambique;
- Governo é chamado a negociar com firmeza, protegendo interesses estratégicos do país.
A crise desencadeada pelo anúncio da possível paralisação da Mozal em 2026, devido ao impasse no fornecimento de energia eléctrica, expôs vulnerabilidades profundas da economia moçambicana. A decisão, que já levou à rescisão de contratos com dezenas de empresas nacionais, ameaça uma indústria que contribui com 30% das exportações do país e sustenta mais de 33 mil empregos directos e indirectos.
Fundada com um investimento inicial de 2 mil milhões de dólares, a Mozal é um dos ícones do investimento estrangeiro em Moçambique, tendo impulsionado infra-estruturas estratégicas, competências técnicas e crescimento económico desde a sua instalação no parque industrial de Beluluane. Hoje, com receitas anuais superiores a 1,1 mil milhões de dólares, a fundição mantém-se como um dos motores das exportações nacionais.
O anúncio feito pela South32, principal operadora da Mozal, sobre um possível encerramento das operações caso não se encontre uma solução energética após o fim do contrato com a Eskom, em Março de 2026, gerou apreensão generalizada. Como agravante, a empresa rescindiu abruptamente contratos com cerca de 20 fornecedores moçambicanos, afectando mil postos de trabalho e pondo em risco a sobrevivência de empresas com décadas de colaboração.
Perante este cenário, a CTA reagiu com firmeza, considerando “inadmissível” que uma empresa que tanto beneficiou do ambiente fiscal e institucional moçambicano adopte uma postura que fragiliza a confiança dos investidores e desestabiliza o tecido empresarial. Para a CTA, este não deve ser o fim da Mozal, mas sim o início de uma nova fase, “mais inclusiva, mais transformadora e verdadeiramente moçambicana”.
Entre as contrapartidas defendidas pela CTA para eventuais concessões do Governo na tarifa de energia, destacam-se duas condições estruturantes: que 40% da produção da Mozal seja destinada à transformação local de alumínio, e que a empresa aumente substancialmente o número de fornecedores nacionais, integrando efectivamente pequenas e médias empresas moçambicanas.
O episódio reacende críticas já antigas sobre alegada preterição de fornecedores nacionais em favor de empresas sul-africanas nos processos de contratação. “Pouco ou nada mudou”, lamenta a CTA, sublinhando que a falta de visão estratégica da Mozal compromete a sua contribuição para a industrialização do país.
O Governo é instado a negociar com firmeza, mas aberto ao diálogo, garantindo que qualquer decisão salvaguarde os interesses estratégicos nacionais. A CTA reforça que não ficará à margem e reivindica um papel activo nas negociações com todos os accionistas da Mozal, incluindo a South32, a IDC da África do Sul e a Mitsubishi Corporation.
A crise, adverte a CTA, pode marcar um ponto de viragem: a oportunidade de transformar a Mozal de exportadora de matéria-prima em geradora de valor, inovação e progresso industrial em solo moçambicano.


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