
Economias em Desenvolvimento e Comércio Sul–Sul Sustentam a Expansão Global do Comércio em 2025
Segundo a UNCTAD, o dinamismo das economias asiáticas, africanas e latino-americanas é hoje o principal motor da resiliência comercial mundial, com o comércio Sul–Sul a representar quase metade das trocas totais entre países em desenvolvimento.
- O comércio entre economias em desenvolvimento (Sul–Sul) atingiu 47% do total do comércio das nações emergentes no segundo trimestre de 2025;
- A Ásia em desenvolvimento continua a liderar, com a China, Índia, Vietname e Indonésia a registarem fortes ganhos de exportação;
- África apresenta crescimento modesto, mas consistente, com destaque para os fluxos intra-africanos;
- América Latina mantém saldo comercial positivo impulsionado por energia, alimentos e minérios;
- O comércio Sul–Sul reforça o reajuste estrutural das cadeias de valor globais e reduz a dependência das economias emergentes em relação às potências ocidentais.
O relatório Global Trade Update (Outubro 2025) da UNCTAD revela que o comércio entre economias em desenvolvimento continua a ser o principal pilar da expansão global.
O chamado comércio Sul–Sul já representa 47% de todas as trocas comerciais entre países em desenvolvimento, demonstrando que a vitalidade do comércio mundial assenta cada vez mais no dinamismo das regiões emergentes.
A Ásia em desenvolvimento permanece o epicentro do crescimento global.
A China e a Índia lideram o aumento das exportações industriais e tecnológicas, enquanto países como Vietname, Malásia e Indonésia se consolidam como elos estratégicos nas cadeias regionais de valor.
De acordo com a UNCTAD, a região asiática registou uma expansão trimestral de 3% nas exportações de bens, com destaque para os sectores de electrónica, maquinaria, energia e veículos eléctricos.
“O dinamismo das economias em desenvolvimento está a redefinir o eixo geoeconómico do comércio mundial”, observa o relatório.
Em África, o comércio manteve um crescimento modesto, mas firme, sustentado pela integração regional e pelo aumento das exportações intra-africanas, que crescem de forma contínua desde 2022.
A UNCTAD destaca que, embora o continente represente ainda uma fatia reduzida do comércio global, a Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA) começa a gerar ganhos de escala e complementaridades industriais, com progressiva substituição de importações externas por produção regional.
Na América Latina, a expansão do comércio reflecte a recuperação da indústria extractiva e agroalimentar, com o Brasil, México e Chile a registar saldos positivos, impulsionados por energia, cobre, lítio e produtos agrícolas processados.
Reconfiguração das Cadeias de Valor Globais
O relatório sublinha que o crescimento do comércio Sul–Sul não é apenas conjuntural, mas estrutural:
“As cadeias globais de valor estão a ser reconfiguradas em torno de pólos regionais, liderados por economias em desenvolvimento que reforçam as suas interdependências e reduzem a dependência face aos mercados desenvolvidos.”
Esse movimento traduz-se em nova arquitectura comercial multipolar, na qual o peso relativo do comércio entre países do Sul tem vindo a aumentar de forma consistente desde 2020, em contraste com a estagnação das trocas Norte–Sul.
Para a UNCTAD, esta tendência reforça a importância de políticas industriais regionais, cooperação tecnológica e infra-estruturas de conectividade que sustentem fluxos logísticos eficientes e reduzam custos comerciais.
África: O Desafio da Escala e da Diversificação
Apesar dos sinais positivos, o continente africano ainda enfrenta limitações estruturais.
“A falta de industrialização e de infra-estruturas de transporte adequadas continua a restringir o potencial do comércio intra-africano”, alerta a UNCTAD.
Mesmo assim, países como Egipto, África do Sul e Marrocos apresentam ganhos significativos em sectores de energia, produtos químicos, materiais de construção e logística portuária, abrindo caminho para uma integração económica mais equilibrada.
No médio prazo, a organização prevê que a África Subsaariana aumente a sua participação no comércio Sul–Sul em mais de 15% até 2030, desde que sejam reforçados investimentos em infra-estruturas regionais e digitalização logística.
O crescimento das trocas entre economias em desenvolvimento demonstra que a nova geografia económica global está a ser redesenhada fora dos grandes eixos tradicionais.
As economias emergentes tornaram-se motor e amortecedor da volatilidade global, garantindo estabilidade ao comércio mesmo perante as incertezas geopolíticas.
O comércio Sul–Sul não é apenas uma tendência quantitativa, mas um pilar estratégico da nova ordem económica internacional, com potencial transformador para regiões como África e Sudeste Asiático.
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