Energia Renovável Global Prepara-Se Para Duplicar Até 2030, Mas Enfrenta Desafios De Financiamento E Integração De Redes

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Questões-Chave:
  • A capacidade global de geração renovável deverá mais do que duplicar até 2030, com um acréscimo de 4 600 GW, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA);
  • Energia solar fotovoltaica (PV) responderá por 80% do crescimento, impulsionada por custos mais baixos e processos de licenciamento mais rápidos;
  • Cadeias de abastecimento continuam fortemente concentradas na China, com mais de 90% da produção de equipamentos solares e de metais críticos;
  • Desafios de integração de rede, financiamento e armazenamento poderão travar a plena materialização das metas globais;
  • Economias emergentes, incluindo as de África, Médio Oriente e Ásia, são vistas como motores da nova vaga de investimentos em energia limpa;
  • India destaca-se como o segundo maior mercado de crescimento, atrás apenas da China.

Transição Energética e Competitividade Global

IEA Prevê Expansão Recorde Das Renováveis, Mas Alerta Para Estrangulamentos Nas Cadeias De Valor E No Financiamento

Segundo o relatório Renewables 2025, a capacidade mundial de produção de energia renovável deverá crescer em 4 600 GW até 2030 — o equivalente à soma das actuais capacidades da China, União Europeia e Japão. O avanço é liderado pela energia solar fotovoltaica, que representará 80% da nova capacidade instalada, mas enfrenta pressões de custo, gargalos logísticos e riscos de concentração industrial.

O novo relatório Renewables 2025, da Agência Internacional de Energia (IEA), antecipa que a capacidade global de geração de energia renovável mais do que duplicará até 2030, numa expansão sem precedentes liderada pela energia solar fotovoltaica. Porém, o organismo alerta que a transição enfrenta pressões financeiras, desafios de integração de rede e riscos geopolíticos nas cadeias de valor, colocando à prova a sustentabilidade económica do sector.

A IEA projeta que, até 2030, o mundo adicionará cerca de 4 600 gigawatts (GW) em novas capacidades de energia renovável — um crescimento que equivale à soma das capacidades actuais da China, União Europeia e Japão.

“O crescimento global das renováveis será dominado pela energia solar fotovoltaica, mas com contributos importantes da eólica, hídrica, bioenergia e geotermia”, sublinhou o Director Executivo da IEA, Fatih Birol.

O relatório revela que a energia solar fotovoltaica continua a ser a opção mais barata para nova geração eléctrica em quase todos os mercados, impulsionada por reduções de custo e maior eficiência tecnológica. A energia eólica, embora enfrente desafios de custos e logística, deverá recuperar impulso nos próximos anos, com China, Europa e Índia à frente das expansões planeadas.

Mercados Emergentes Impulsionam Nova Etapa Da Transição

Nos mercados emergentes da Ásia, Médio Oriente e África, o custo competitivo e o reforço das políticas públicas estão a acelerar o investimento em renováveis.
Programas de leilões energéticos, novos quadros regulatórios e parcerias público-privadas estão a transformar o cenário energético, com Índia a assumir a dianteira como segundo maior mercado global de crescimento, superando previsões anteriores e mostrando capacidade de atingir as suas metas de 2030.

A África Subsariana surge como um mercado de potencial estratégico, embora ainda limitado por déficits de investimento, fragilidade das redes eléctricas e elevados custos de capital. A IEA sublinha que, com políticas adequadas de mitigação de risco e maior apoio financeiro internacional, o continente poderá tornar-se o próximo grande destino de investimento verde, dada a sua abundância de recursos solares e eólicos.

Cadeias De Valor Concentradas E Riscos Sistémicos

O relatório alerta que as cadeias de produção de painéis solares, inversores e elementos críticos para turbinas eólicas permanecem altamente concentradas na China, que continuará a deter mais de 90% da capacidade produtiva até 2030.
Essa dependência representa um risco geopolítico e logístico significativo, especialmente num cenário de tensões comerciais e políticas industriais proteccionistas.

“Os decisores políticos devem estar atentos à segurança das cadeias de fornecimento e à integração segura das energias renováveis nos sistemas eléctricos”, advertiu Fatih Birol.

Em resposta, diversos países estão a investir em diversificação produtiva, promovendo fábricas locais de equipamentos solares e baterias, embora a capacidade de substituição global ainda seja insuficiente.

Desafios De Integração, Armazenamento E Financiamento

A rápida expansão das fontes variáveis de energia — solar e eólica — coloca pressão crescente sobre as redes eléctricas, com eventos de sobre-produção e preços negativos já observados em vários mercados.
A IEA defende investimentos urgentes em armazenamento, reforço de redes e soluções de flexibilidade, incluindo centrais de bombeamento hídrico e sistemas híbridos de energia.

No campo financeiro, a agência destaca custos de capital elevados em economias emergentes e incertezas regulatórias como principais entraves à aceleração da transição. Embora o apetite empresarial se mantenha robusto — com a maioria dos grandes promotores a elevar as suas metas de 2030 —, o relatório prevê crescimento mais lento em segmentos como energia eólica offshore, penalizados por políticas voláteis e aumentos de custos.

Perspectiva Estratégica E Implicações Económicas

A expansão das renováveis deverá impulsionar a criação de milhões de empregos, sobretudo na indústria solar e nas redes eléctricas, e reduzir a dependência global de combustíveis fósseis.
Contudo, a transição exigirá investimentos superiores a 1,7 biliões de dólares até 2030, dos quais cerca de 80% deverão provir do sector privado.
Para países como Moçambique, com vasto potencial solar e hídrico, a corrida global à energia limpa representa uma oportunidade estratégica para atrair capitais e tecnologias — desde que os quadros regulatórios e de financiamento sejam modernizados.

A IEA reforça que a competitividade económica do futuro será determinada pela capacidade dos países integrarem energias limpas de forma segura, previsível e financeiramente sustentável.

“A energia solar lidera a nova era da electricidade global, mas só prosperará com redes fortes, mercados estáveis e políticas coerentes”, conclui Birol.

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