Exiguidade de fornecimento local de matéria prima e contrabando ameaçam competitividade e sustentabilidade do sector avícola

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Exiguidade de fornecimento local de matéria prima e contrabando ameaçam competitividade e sustentabilidade do sector avícola

A produção avícola nacional tem experimentado melhorias assinaláveis nos últimos. O Instituto Nacional de Estatísticas, avança que a produção de frangos em Moçambique aumentou de cerca de 76 mil toneladas em 2016 para 120 mil toneladas em 2020, crescendo a uma taxa média anual de 12%.

No entanto, o sector avícola nacional continua a confrontar-se com problemas de competitividade face ao frango importado.  

Dados da Knoema Corporation, uma empresa privada de tecnologia de dados sediada em Nova York, revelam que, só em 2019, o País produziu 79,5 mil toneladas de frangos. Paralelamente, no mesmo período, o País importou o equivalente a 23,6 mil toneladas de frangos, totalizando um mercado formal de quase 103,1 mil toneladas.

Para além de ausência de uma produção em escala para satisfação plena das necessidades internas, o custo do frango tendencialmente chega ao consumidor final a custos elevados comparativamente ao frango importado.

Entre as razões para esta situação, os produtores nacionais apontam a incapacidade de fornecimento continuado, disponibilidade insuficiente e inconformidade com os standards como àquelas que levam os avicultores a importarem a matéria prima.

Efectivamente, os produtores nacionais vêm-se na contingência de recorrer ao mercado externo para satisfazer necessidades básicas da cadeia de produção de frangos o que faz com que o frango produzido localmente perca concorrencialmente no confronto direto com o importado, ou seja, o frango produzido localmente ainda chega a custos elevados ao consumidor final se comparados com o custo do frango importado.  

A cadeia de valor do frango tem a particularidade de promover à montante ligações económicas com a agricultura através da promoção da produção de milho e soja, dois ingredientes essenciais à ração do frango. Em Moçambique, e conforme destaca a HIGHEST, uma empresa de referência na produção avícola nacional, a produção destes cereais, milho e soja, que ocorre essencialmente nas regiões Centro e Norte é feita ainda de forma isolada  e não estruturada, apresentando produtos com uma qualidade não satisfatória, afectando a qualidade da ração produzida e, consequentemente, o preço e a qualidade das aves.

_Produção interna enfrenta também a concorrência do frango importado contrabandeado

Além  exiguidade de fornecimento local de matéria prima, a concorrência do frango contrabandeado constitui um dos factores que ameaçam a sustentabilidade da produção avícola no País.

Os últimos dados sobre o contrabando de frango no País datam de 2015, referentes a um estudo feito pela Technoservice sobre “Desafios e oportunidades no desenvolvimento da agroindústria em Moçambique”, com base em informações da UN – COMTRADE, tendo apontado para discrepâncias entre os volumes de importação registados pelo País e aqueles reportados pelos correspondentes países exportadores, sendo, na maioria dos anos, o dobro da quantidade reportada localmente. Esta diferença reflecte a quantidade de frangos que foi exportada para Moçambique, mas que não foi captada pelas autoridades de comércio internacional do país, incluindo as alfândegas. Presume-se que estas são as quantidades contrabandeadas para o país no período reportado.

A redução dos níveis de contrabando, como resultado de um maior controlo e vigilância fronteiriça, tem estado a proporcionar melhorias no ambiente de mercado interno, facto que tem estado a incentivar mais investimentos no sector, no entanto, o problema ainda prevalece como uma ameaça à sustentabilidade do sector.

Os operadores reconhecem o esforço das autoridades no combate ao contrabando do frangos, percebido como uma “mais valia para o mercado e para o país”, com ganhos não só para os produtores industriais mas também para os operadores de pequena escala.

“Havia no passado muito contrabando que acabava prejudicando todos os produtores nacionais, por isso, governo está de parabéns nesse sentido, pois tem feito um esforço muito grande e nós sentimos esse esforço da parte do governo, sendo notório para todos produtores de frango”, revelou a empresa.

_A Higest passa a contribuir com 10% da produção nacional de frango

A entrada recente em funcionamento do Centro de Produção de Mafavuka, da empresa Higest, localizada no distrito da Namaacha, um investimento que deverá atingir os 10 milhões de dólares, virá acrescentar mais 5% a produção nacional de frango, actulmente estimada em 120 mil toneladas/ano.

Devido a eficiência dos equipamentos do centro de produção, a empresa acredita que o seu frango chegará a preço relativamente acessível no cliente final.

Moçambique poderá reunir, a médio e longo prazos, as condições necessárias para se tornar competitivo na exportação de frango, principalmente para as regiões da África Austral e o Médio Oriente, dependendo do acerto em termos de iniciativas dinamizadoras e incentivos em todas as componentes da cadeia, para reduzir os custos de produção e atrair investimentos.

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