Filipe Nyusi despediu-se com apelo à união e continuidade

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Na Praça da Independência, Filipe Nyusi despediu-se da mais alta magistratura de Moçambique com um discurso marcado pela gratidão, reflexão e esperança. Após dez anos à frente do País, o agora ex-Presidente fez questão de destacar o percurso conjunto que trilhou com os moçambicanos, enfrentando desafios históricos e alcançando marcos significativos.

Nyusi começou por lembrar as adversidades que marcaram o seu mandato, como desastres naturais que devastaram infraestruturas e comunidades, o flagelo do terrorismo em Cabo Delgado, a pandemia da Covid-19 e as tensões económicas agravadas pelas restrições orçamentais impostas por parceiros internacionais. Contudo, apesar das dificuldades, o ex-Presidente sublinhou a resiliência do povo moçambicano como o pilar central para superar tais provações.

Gratidão foi a tónica predominante do discurso. Nyusi expressou profundo reconhecimento à população, que ele descreveu como o “seu patrão” durante esta década de governação. Afirmou que o apoio e a confiança do povo foram o alicerce para conquistas como a consolidação da paz e reconciliação nacional, avanços na exploração de hidrocarbonetos e o fortalecimento da diplomacia que projetou Moçambique no cenário internacional.

O ex-Presidente destacou ainda o papel das forças de defesa e segurança na proteção da soberania e na luta contra o terrorismo. Num momento de emoção, agradeceu aos “jovens soldados, polícias e oficiais” que colocaram suas vidas em risco para garantir a segurança nacional. Reconheceu também a importância do apoio internacional, com menções específicas à SADC e ao Ruanda, pelo suporte prestado no combate ao extremismo violento em Cabo Delgado.

Num gesto de humildade, Nyusi elogiou os esforços do seu partido, a Frelimo, na construção de um país mais unido, e enalteceu a colaboração com antigos líderes da oposição, como Afonso Dhlakama e Ossufo Momade, para alcançar consensos em prol da reconciliação nacional. Ele reafirmou a importância de colocar os interesses do país acima de divisões políticas, um princípio que guiou a sua governação.

O discurso de despedida também foi um convite à continuidade. Nyusi apelou aos moçambicanos para se unirem em torno do novo Presidente, Daniel Francisco Chapo, reconhecendo nele a força e a visão necessárias para conduzir o país adiante. Num gesto simbólico, citou um provérbio Kiswahili que exalta a importância de confiar a liderança a quem tem a capacidade de levar o país ao seu destino.

Com uma despedida que celebrou as conquistas, reconheceu as adversidades e projectou esperança, Filipe Nyusi encerrou o seu ciclo como líder de Moçambique, deixando um legado que será analisado pelos moçambicanos e pela história. Ao passar o bastão, reforçou a mensagem de que o futuro de Moçambique depende de um esforço coletivo, guiado pela unidade, diálogo e determinação.

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