Gestão Estratégica do Capital Humano em tempos de mudança

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Trabalho Subordinado vs Trabalho Autónomo(*)

Até recentemente, em Moçambique, era pouco vulgar falar-se de relações individuais ou colectivas de trabalho que fossem subordinadas mas que a diferentes níveis,  os titulares de diversas posições, pudessem exercer as suas actividades de forma autónoma, dando mais ênfase aos resultados.

Em termos da legislação laboral Moçambicana, Lei 23/2007 de 1 de Agosto, o trabalhador subordinado é aquela pessoa que se obriga a prestar a sua actividade sob a orientação e direcção de alguem que é o empregador. Este trabalhador oferece o seu saber e talento para a criação de um valor sustentável, mas, em nenhum momento assume os riscos da actividade.

Dentro deste contexto o empregador pode ter fora do seus quadros trabalhadores em regime de prestação de serviços, em regime livre ou em regime de avença, grupos de colaboradores que tradicionalmente é reservada a liberdade do exercício das suas actividades, ou seja, estas constituem categorias de colaboradores autónomos.

O trabalhador autônomo tradicional é aquele que trabalha por conta própria, sem supervisor, sem horário e assume todo o risco da actividade. Este colaborador possui:

  • Liberdade de organizar e executar o seu próprio trabalho;
  • Liberdade de dispôr do próprio trabalho;
  • Assume os riscos da sua actividade.

A Covid-19 desestabilizou a economia de varias nações e com ela mais de 25 milhões de pessoas ficaram desempregadas, de acordo com informações da Organização Internacional do Trabalho (OIT -2020), as empresas tiveram que se readaptar e neste processo de readaptação, o teletrabalho, a rotatividade de grupos de trabalhadores passaram a ser as novas realidades que deveriam ser geridas de forma cautelosa para  que as empresas não entrassem em decadência total.

Tanto no teletrabalho assim como nos regimes de rotatividade, os colaboradores começam a ter muito mais autonomia na forma como exercem as actividades. As empresas tiveram que se organizar  por forma que a massa laboral que agora saia da constante supervisão conforme os paradigmas tradicionais, pudesse se focalizar muito mais nos resultados. A mudança de paradigmas torna-se inevitável:

I. O Supervisor

O supervisor∕gestor é forçado a abandonar a qualidade de “chefe, crítico, avaliador”  para ser um parceiro, um verdadeiro líder . Este como parceiro, tem naturalmente o interesse que o desempenho do colaborador seja virado par a excelência, por isso vai contribuir de todas as formas  para que este colaborador tenha sucesso e esteja motivado sempre.

A  motivação  dos colaboradores pode ser um grande desafio porque cada trabalhador é diferente em termos de ser e estar e estes precisam de se alinhar com os objetivos da organização, daí que um líder preparado pode ser fundamental, urge que este se adapte para gerir uma equipa com múltiplas personalidades e leva-las a adoptar comportamentos desejáveis e ajustados que se traduzam em produtividade de excelência.

A forma correcta de gerir as múltiplas personalidades é através de um sistema de Gestão de Desempenho contínuo, logo a partida, o empregador e o colaborador devem estabelecer as expectativas e indicadores do desempenho bem sucedido. O empregador deve ter a certeza que encaminha o colaborador para o sucesso e este colaborador vai consequentemente sentir que tem um ambiente seguro e de confiança para que possa exercer o seu máximo potencial.

Uma gestão de desempenho clara na empresa, pode ser de grande valia, portanto, aos colaboradores deve-se garantir;

  1. Clareza – O trabalhador deve saber o que é esperado dele, o que deve fazer, como deve fazer e quais as ferramentas disponíveis para ele bem executar a actividade.
  2. Certeza – No percurso do seu desempenho a comunicação deve ser privilegiada, o colaborador deve ter a certeza sobre como esta se saindo em termos de resultados por forma que alcance a confiança para desenvolver e usar seu máximo potencial, contribuindo assim para as metas definidas.
  3. Confiança – A confiança deve ser alcançada por meio de conversas informais regulares, mas, o registo simples e sumarizado ajudará a melhorar o desempenho sempre que necessário.

II. O trabalhador

O trabalhador/colaborador deve ser apoiado a usar o máximo dos seus talentos e potencialidades, isso só é possível se os gestores conhecerem os membros das suas equipes. Nem todos os colaboradores estão preparados para exercer o trabalho com autonomia, daí que o gestor deve ser capaz de efectuar um diagnóstico por forma a saber onde o trabalhador se encontra e o que ele precisa para atingir o estágio ideal. A metodologia que tem sido adoptada por diversas empresas nos últimos tempos para fazer este diagnóstico é o uso dos métodos da “Liderança Situacional”.

A Liderança situacional é um modelo de gestão de equipes que orienta os gestores a  adaptarem a sua forma de liderar de acordo com o colaborador. A teoria da liderança situacional foi desenvolvida em 1969 por Paul Hersey e Ken Blanchard, e, de acordo com estes autores,um bom líder adapta a sua forma de liderança de acordo com  maturidade profissional, portanto, não existe uma única forma de liderança, um estilo de liderança pode funcionar para um colaborador e  não funcionar com o outro colaborador, tudo depende da situação que se enfrenta e da pessoa que se gere.

Quando se efectua o diagnóstico atempado pode-se fazer o levantamento das necessidades e proporcionar-se assim a assistência (coaching, metoring, training) para que o colaborador tenha sempre resultados positivos e se mantenha motivado. Um trabalhador motivado, seguro e focalizado para os resultados é sempre uma mais valia para a empresa, pois este passará a:

  1. Resolver qualquer questão e causar impactos positivos na empresa;
  2. Estar disponível para abraçar novos desafios porque se sente valorizado;
  3. Estar aberto a partilhar desafios porque esta focado nas metas;
  4. Ser criativo e disposto a lidar com situações novas e imprevistas.
  5. Ser participativo nas decisões que influenciam o seu próprio trabalho e o trabalho da equipa, por forma que todos atinjam resultados excelentes.


(*) Maria Odete Valia Soares
Directora de Pessoas e Cultura – RH, World Vision Moçambique

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