Índice de Mercados Financeiros Africanos é uma fonte de aprendizagem usada pela BVM, reconhece o PCA, Salim Cripton Valá, reagindo à Edição 2023

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O ABSA Africa Financial Markets Index 2023, publicado pela primeira vez em 2017 e referente a 17 países (incluindo Moçambique), está na sua 7ª edição, agora com 28 países (80% da população e do PIB de África), tendo a edição de 2023 coberto mais dois países, nomeadamente Cabo Verde e Tunísia.

Produzido pelo Official Monetary and Financial Institutions Forum (OMFIF), em parceria com o ABSA Group, o documento de periodicidade anual, tornou-se uma referência para mensurar o desenvolvimento dos mercados de capitais em países africanos, servindo como um guia de boas práticas e uma ferramenta de “benchmark” para a formulação de políticas públicas e regulamentação financeira, tendo em vista mostrar como as economias africanas podem reduzir as barreiras ao investimento e impulsionar o crescimento económico sustentável. 

“A BVM tem sido participante regular no lançamento do instrumento em Moçambique, e beneficiado das discussões feitas em torno dos seus resultados”, reage a instituição instituição ao conteúdo da edição 2023 do estudo. 

O índice está estruturado em 6 pilares, nomeadamente: 1- profundidade do mercado; 2- acesso a divisas; 3- transparência do mercado, fiscalidade e ambiente regulatório;  4- ambiente macroeconómico; 5- capacidade dos investidores locais, e; 6- força legal dos contratos. Os pilares tem uma natureza transversal na perspectiva da economia e do sistema financeiro,  não cobrindo apenas o âmbito de intervenção do mercado de capitais e das Bolsas de Valores. 

Na verdade, é pertinente tomar em conta que desde 2016, a economia moçambicana tem sido abalada por choques internos e externos, com realce para o efeito das calamidades naturais, focos de instabilidade em Cabo Delgado, crise das dívidas não declaradas, pandemia da COVID-19, volatilidade do preço das matérias-primas no mercado internacional, conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que resultaram na desaceleração da taxa de crescimento do PIB, no aumento das taxas de juro e da inflação, e afectando a estrutura e a rentabilidade de muitas empresas, em particular as PME´s. 

O difícil momento económico vivido tem estado a melhorar, embora se reconheça que a economia moçambicana tem estado a funcionar abaixo do seu potencial. Segundo o CPMO do Banco de Moçambique, de 22 de Setembro de 2023, no 2º trimestre de 2023 o PIB cresceu 4,7% e a inflação reduziu para 4,9% em Agosto, transmitindo um sinal de que os fundamentos da economia estão a estabilizar-se depois de forte turbulência global provocada pela pandemia da COVID-19 e o conflito no Leste Europeu, esperando que o recente conflito entre Israel e o Hamas, no Médio Oriente, não provoque uma subida acentuada no preço dos combustíveis nem afecte as cadeias globais de distribuição.

“Apesar das crises afectarem o ímpeto e o ritmo na implementação de reformas estruturais nos mercados financeiros, a nossa prioridade continua orientada para o estabelecimento de um ambiente de políticas propício para o investimento e desenvolvimento económico, a existência de mecanismos de financiamento que respondam a demanda do sector empresarial, a melhoria da qualidade da procura de serviços financeiros, o desenvolvimento de instrumentos financeiros inovadores que respondam as necessidades das micro PME´s, o desenvolvimento de dispositivos financeiros de base tecnológica (fintech), a melhoria dos mecanismos de gestão de riscos e o apoio as medidas de mitigação e adaptação às alterações climáticas”, analisa o PCA da BVM, Salim Valá, istado pelo O.Económico a comentar o   ABSA Africa Financial Markets Index 2023,

Constata-se que no ABSA Africa Financial Markets Index 2023, pelo segundo ano consecutivo, as pontuações aumentaram para a maioria dos países que integram o Índice, mas existe uma grande disparidade entre os países com pontuação mais elevada e os restantes, com cinco países (África do Sul, Maurícias, Nigéria, Uganda e Namíbia), a pontuarem acima de 60 numa escala de 10 a 100, e apenas a África do Sul e as Maurícias a ser os únicos países com pontuações acima de 70.

Moçambique está na 24ª posição (desceu dois lugares relativamente a 2022, em virtude da entrada de dois novos países no Índice, Cabo Verde e Tunísia), encontrando-se à frente somente da R. D. do Congo, Lesotho, Madagáscar e Etiópia. Os pilares 6, 4 e 1 são os que o Moçambique tem a pontuação mais baixa, enquanto os pilares 5, 2 e 3 são os que tem pontuação mais elevada, com destaque para o pilar 5, com 70 pontos.  

“Não obstante as iniciativas em curso nos últimos anos visando a dinamização do mercado de capitais, consubstanciadas na melhoria dos indicadores bolsistas, a posição de Moçambique no Índice não tem estado a conhecer melhorias notórias, o que nos coloca desafios acrescidos de prosseguir com as reformas para melhorar o funcionamento e desempenho do mercado financeiro e de capitais do país. A título exemplificativo, entre 12 de Outubro de 2022 e 12 de Outubro de 2013 registou-se a seguinte tendência nos indicadores: i) a capitalização bolsista em % do PIB passou de 20,51% para 25,84%; ii) o volume de negócios subiu de 13.858,55 milhões de MT para 19.358,59 milhões de MT; iii) o índice de liquidez evoluiu de 9,89% para 10,52%; iv) o número de empresas cotadas subiu de 11 para 13”, explicou Salim Valá

“Actualmente estamos a trabalhar no sentido de introduzir novos produtos e instrumentos financeiros no mercado, incluindo Obrigações Sustentáveis, Obrigações Municipais, Obrigações Universitárias, Obrigações de Renda, Certificados de Depósito, entre outros, que poderão contribuir para tornar mais vibrante o mercado secundário e contribuir assim para garantir a tão almejada profundidade do mercado”, acrescentou.

Presidente do Conselho de Administração da Bolsa de Valores de Moçambique

A BVM está empenhada em alargar o leque e diversificar os instrumentos de financiamento, promover a poupança e estimular a entrada de mais investidores e empresas para o mercado de capitais. O Pacote de Medidas de Aceleração Económica (PAE), lançado pelo Governo em Agosto de 2022, contempla um quadro de iniciativas de reformas económicas que trarão resultados no médio prazo, em particular na atracção de investimentos, simplificação dos mecanismos de expatriamento de capitais, reformas nos mecanismos de supervisão da Segurança Social e Fundos de Pensões, estabelecimento do Fundo de Garantias Mutuárias e criação e funcionamento do Fundo Soberano de Moçambique.

Transformação da BVM abre oportunidades e remove constrangimentos

De acordo com o PCA da BVM, a transformação da BVM numa empresa de capital aberto, comportando o reforço dos mecanismos de governação e a ligação com as empresas e investidores, a modernização da base tecnológica e a introdução de novos produtos e instrumentos financeiros,  vão contribuir para remover alguns dos constrangimentos no acesso ao financiamento pelas empresas, gerando o clima de negócios e investimentos que propiciem a inclusão financeira e permitam a plena exploração do potencial económico de Moçambique. 

“Sem dúvidas que o “ABSA Africa Financial Markets Index” tem contribuído para espevitar o mercado de capitais moçambicano, e particularmente a BVM, no sentido de tomar em conta e aprender com as boas práticas internacionais colididas neste Índice relevante de periodicidade anual”, Concluiu Salim Valá.

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