Insegurança alimentar aguda poderá persistir até Janeiro em Moçambique

0
353
  • Insegurança alimentar em Moçambique persiste com impactos do El Niño e conflitos armados

Moçambique enfrenta uma crise de insegurança alimentar aguda que poderá persistir até Janeiro de 2025, agravada pelo fenómeno climático El Niño e pelos conflitos armados no norte do país. Estas conclusões são destacadas no mais recente relatório da Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome (Fews), consultado pela agência Lusa.

Segundo a rede Fews, as regiões centro, sul e a província de Cabo Delgado, afectadas por seca e instabilidade, encontram-se no nível três da escala de insegurança alimentar, classificado como “fase de crise”. Esta classificação, que vai de um a cinco, representa um risco grave de falta de alimentos.

“Isto deve-se a uma combinação de factores, incluindo o início da época de escassez em Outubro, colheita abaixo da média em 2024, oportunidades limitadas de geração de renda e preços dos alimentos básicos acima da média”, refere o relatório. A situação compromete o acesso a alimentos, especialmente para as famílias mais pobres, cujo poder de compra está abaixo da média.

Em Cabo Delgado, algumas áreas que têm recebido assistência humanitária regular mostram sinais de melhoria, avançando para a fase dois da classificação, mas a necessidade de apoio continua elevada. Estima-se que cerca de 4,8 milhões de pessoas necessitem de assistência humanitária em Moçambique, incluindo 3,4 milhões de crianças. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alerta que são necessários 64 milhões de dólares para responder às necessidades imediatas.

A seca induzida pelo El Niño durante a época agrícola de 2023/2024 afectou gravemente as regiões centro e sul de Moçambique, com cerca de 1,8 milhões de pessoas previstas a enfrentar insegurança alimentar até Março de 2025. Além disso, emergências de saúde pública e o impacto prolongado dos conflitos em Cabo Delgado sobrecarregam os recursos humanitários disponíveis.

Moçambique, considerado um dos países mais vulneráveis às alterações climáticas, enfrenta regularmente ciclones tropicais e cheias durante a época chuvosa, que decorre de Outubro a Abril. Estas condições extremas contribuem para a fragilidade estrutural do sistema agrícola e para a recorrente necessidade de apoio humanitário.

A comunidade internacional, liderada pela ONU e organizações como a Unicef, continua a mobilizar esforços para aliviar a crise, mas a dimensão das necessidades sublinha a urgência de soluções a longo prazo. Investimentos em resiliência climática, segurança alimentar e estabilidade política são cruciais para mitigar os impactos das crises recorrentes e proteger as populações vulneráveis.

A insegurança alimentar aguda poderá persistir até Janeiro de 2025 nas zonas afectadas pelo fenómeno El Niño e pelos conflitos armados em Moçambique, segundo a Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome (rede Fews, na sigla inglesa).

A insegurança alimentar aguda de Crise poderá persistir entre Outubro de 2024 e Janeiro de 2025 nas zonas afectadas pela seca durante a época agrícola 2023/2024 e nas zonas afectadas pelo conflito armado no norte do país”, lê-se no último relatório da rede Fews, consultado pela Lusa.

A rede, que agrega organizações norte-americanas, coloca as regiões centro, sul e a província de Cabo Delgado, que enfrenta desde Outubro de 2017 uma rebelião armada, na “fase de crise, nível três”, de risco alimentar, numa escala de um a cinco, de risco mínimo ao mais grave, a última apontando para a falta de alimentos.

“Isto deve-se a uma combinação de factores, incluindo o início da época de escassez em Outubro, colheita abaixo da média em 2024, oportunidades limitadas de geração de renda devido ao aumento da concorrência e preços dos alimentos básicos acima da média”, refere-se no relatório.

Segundo a rede Fews, estas condições irão dificultar o acesso aos alimentos pelas “famílias pobres e muito pobres” com poder de compra abaixo da média.

“Em Cabo Delgado, certas zonas que têm recebido assistência alimentar humanitária regular poderão melhorar” para a fase dois da classificação da insegurança alimentar aguda, conclui-se.

Cerca de 4,8 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária em Moçambique, sendo necessários 64 milhões de para responder às necessidades, estimou recentemente o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

“As múltiplas crises afectando actualmente Moçambique – conflito, seca e emergências de saúde pública – estão a sobrecarregar os recursos humanitários. Cerca de 4,8 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária (10% de pessoas com deficiência), incluindo 3,4 milhões de crianças”, lê-se num comunicado da Unicef.

Em Setembro, a Organização das Nações Unidas (ONU) avançou que perto de dois milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária no país.

“Neste ano, Moçambique foi afectado pela seca induzida pelo fenómeno El Niño, durante a época 2023-2024. Estima-se que cerca de 1,8 milhões de pessoas possam enfrentar insegurança alimentar entre Outubro próximo e Março de 2025. Face a esta situação, a necessidade de assistência humanitária para as comunidades afectadas tem estado a aumentar, sobretudo nas regiões centro e sul de Moçambique”, explicou a organização.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre Outubro e Abril.

SUBSCREVA O.ECONÓMICO REPORT
Aceito que a minha informação pessoal seja transferida para MailChimp ( mais informação )
Subscreva O.Económico Report e fique a par do essencial e relevante sobre a dinâmica da economia e das empresas em Moçambique
Não gostamos de spam. O seu endereço de correio electrónico não será vendido ou partilhado com mais ninguém.