
Lula defende transações sem dólar no comércio global e no banco dos BRICS
Discursando em Xangai, China, na tomada de posse da ex-presidente Dilma Rousseff no comando do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) o banco dos BRICS, (grupo constituído pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva defendeu uso de moedas locais no comércio global e na actuação do banco, em detrimento do dólar, um discurso que soou bem aos ouvidos chineses.
“Hoje um país precisa correr atrás de dólar para poder exportar, quando ele poderia exportar na sua própria moeda. Os bancos centrais certamente poderiam cuidar disso”, disse Lula, que na semana ultima esteva de vistos a China até sexta, 14/04.
Em finais de Março, os governos brasileiro e chinês fecharam um acordo para deixar de usar o dólar nas operações comerciais entre os dois países, passando a operar em Real e Yuan, um mecanismo em preparação que deve vigorar a partir de Julho. Trata-se de um movimento que a China tem tentado fazer com outros países, especialmente do Oriente Médio, na compra de petróleo.
Lula afirmou que é necessário paciência para implementar medidas desse tipo, mas defendeu a necessidade dos países de não dependerem mais apenas do dólar.
“Eu não sei quando, porque a gente não pode ter pressa, porque em economia a gente não pode ter pressa”, disse Lula. “Se for necessário ter um pouco de paciência a gente tem que ter”, dizendo que os chineses entendem sobre paciência.
“Mas porquê um banco como o dos BRICS não pode ter uma moeda que possa financiar a relação comercial entre Brasil e China, entre Brasil e os outros países? É difícil porque tem gente mal acostumada.”
A posse de Dilma no NDB, cuja sede é em Xangai, representa, afirmou Lula, a renovada aposta do Brasil nos BRICS, o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
A ex-presidente assume o banco em um acordo com os demais sócios que levou à troca de Marcos Troyjo, indicado pelo governo de Jair Bolsonaro, que seguirá o mandato do Brasil à frente do banco até 2025.
Criado em 2014, durante a gestão de Dilma no Planalto, o NBD tem a função de financiar obras de infraestrutura e programas de desenvolvimento nos cinco países e também em outros países em desenvolvimento.
No seu discurso, Lula disse ainda que o NBD mostra que a união dos países emergentes é capaz de gerar mudanças sociais e económicas relevantes para o mundo e disse que ele pode se tornar o “grande banco do Sul Global”.
Lula afirmou que o banco tem grande potencial “na medida em que liberta os países emergentes da submissão às instituições financeiras tradicionais, que pretendem nos governar”.
O estadista brasileiro criticou ainda o Fundo Monetário Internacional (FMI) por “asfixiar” a economia da Argentina, que negocia entrada nos BRICS
“Não cabe a um banco ficar asfixiando a economia dos países como estão fazendo agora com a Argentina. E como fizeram com Brasil e todos os países do terceiro mundo que precisaram de dinheiro”, criticou Lula.
Nesta quinta em Xangai, o presidente também visitou o centro de tecnologia da gigante chinesa de telecomunicações Huawei, e teve encontros com empresários da BYD, de carros elétricos, que negocia expansão de negócios na Bahia, e com a empreiteira CCCC.
Na sexta, Lula se encontra com o mandatário chinês Xi Jimping em Pequim, no encerramento da viagem que visa azeitar as relações com o maior mercado de exportação para o Brasil e buscar novos investimentos após os anos de governo Jair Bolsonaro, de distanciamento e ataques ao país asiático.
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