Maputo: Entre o Símbolo e a Responsabilidade de uma Capital Económica

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Hoje, 10 de Novembro, a Cidade de Maputo assinala 138 anos de elevação à categoria de cidade. Mais do que uma efeméride histórica, a data convida à reflexão sobre o papel económico, financeiro e institucional que a capital desempenha — e deve continuar a desempenhar — no contexto do desenvolvimento nacional.

Maputo é, em múltiplas dimensões, o coração económico do País. É aqui que se concentram as principais sedes empresariais, as instituições financeiras, os órgãos reguladores, as infra-estruturas críticas e os grandes centros de decisão. O peso da capital na formação do Produto Interno Bruto é expressivo, mas a sua verdadeira importância transcende os indicadores: reside na capacidade de gerar confiança, atrair investimento e irradiar progresso para o restante território moçambicano.

Essa centralidade, contudo, traz consigo responsabilidades acrescidas. Como capital económica, Maputo deve ser referência de boa governação urbana, inovação administrativa e sustentabilidade ambiental. Deve demonstrar, na prática, que é possível conjugar crescimento com ordenamento, modernização com inclusão e dinamismo económico com coesão social.

Nos últimos anos, é visível o esforço de transformação. A requalificação de vias de acesso, a construção de infra-estruturas de saneamento, a modernização dos sistemas de transporte público e a expansão de projectos imobiliários e comerciais representam passos concretos de uma cidade em busca de eficiência e dignidade urbana. Ainda assim, o caminho é longo e exigente.

A capital enfrenta pressões demográficas crescentes, deficiências na gestão do espaço público, constrangimentos orçamentais e desafios de planeamento urbano que são comuns a muitas outras cidades moçambicanas. Mas, por ser o centro político e económico do País, Maputo tem o dever de ser o exemplo, o laboratório onde se testam e consolidam soluções inovadoras para a gestão municipal, a transição verde e a governação digital.

O desafio, portanto, não é apenas crescer — é crescer com sentido, com visão estratégica e compromisso cívico. Maputo deve assumir-se como modelo de cidade sustentável, eficiente e competitiva, capaz de inspirar outras urbes nacionais como Beira, Nampula, Quelimane, Tete ou Pemba, que enfrentam os seus próprios dilemas de urbanização, desigualdade e resiliência.

O papel da capital, enquanto pólo financeiro, é igualmente decisivo para o equilíbrio macroeconómico do País. É em Maputo que se decide o rumo do crédito, do investimento produtivo e da política fiscal; é aqui que se definem as prioridades de infra-estrutura, energia e logística que determinam o ritmo da economia nacional. Da qualidade da gestão urbana e institucional de Maputo depende, em boa medida, a credibilidade de Moçambique perante o investidor doméstico e internacional.

Neste aniversário, mais do que celebrar o passado, impõe-se reafirmar um compromisso: o de transformar Maputo numa cidade inclusiva, inteligente e sustentável, que sirva de exemplo para o futuro urbano do País. Uma cidade que, pela sua história e pela sua função económica, carrega a nobre responsabilidade de liderar o caminho do desenvolvimento sustentável — não apenas para si própria, mas para todo o território nacional.

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