Moçambique Continua Altamente Dependente da Exportação de Commodities – UNCTAD

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  • Perfil actualizado da UNCTAD mostra que mais de 80% das receitas de exportação de Moçambique provêm de matérias-primas, expondo o país à vulnerabilidade externa

Questões-Chave:

  • Moçambique é classificado como economia altamente dependente de commodities, com mais de 80% das suas receitas de exportação provenientes de produtos primários;
  • Exportações dominadas por produtos energéticos (carvão e gás natural), minerais (areias pesadas, alumínio) e agrícolas (tabaco, castanha de caju, açúcar);
  • Vulnerabilidade elevada a choques externos e flutuações dos preços internacionais, especialmente no sector energético;
  • Relatório da UNCTAD destaca urgência da diversificação produtiva e industrialização inclusiva;
  • Moçambique apresenta pouca progressão no valor acrescentado, mantendo-se como exportador de matérias-primas brutas.

Apesar dos esforços de reforma e dos investimentos em sectores estratégicos, Moçambique continua fortemente dependente da exportação de matérias-primas, segundo o relatório The State of Commodity Dependence 2025, publicado pela UNCTAD. Com mais de 80% das receitas de exportação concentradas em commodities, o país permanece estruturalmente vulnerável às oscilações do mercado global.

Moçambique integra o grupo dos países mais dependentes de commodities do mundo, de acordo com o levantamento estatístico mais recente da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), que cobre o período de 2021 a 2023.

A estrutura exportadora moçambicana assenta fortemente em produtos primários:

  • No sector energético, o carvão mineral e o gás natural lideram as exportações;
  • No sector mineiro, destacam-se o alumínio, as areias pesadas (titânio, zircão) e o ouro;
  • Na agricultura, produtos como o tabaco, a castanha de caju e o açúcar ocupam posições relevantes.

Esta pouca diversificação económica compromete a capacidade de Moçambique responder a choques externos, como flutuações nos preços do carvão e do gás, bem como perturbações logísticas ou climáticas que afectam a produção agrícola. Segundo a UNCTAD, esta dependência limita o espaço fiscal, dificulta a industrialização e torna o crescimento económico menos resiliente.

O relatório aponta ainda que, apesar do crescimento do comércio global em 25,6% na última década, a contribuição das commodities aumentou apenas 15,5%. Para países como Moçambique, que ainda exportam maioritariamente produtos sem valor acrescentado, o risco é de ficar à margem da nova economia global, que privilegia inovação, transformação industrial e integração em cadeias de valor mais complexas.

O estudo observa que o perfil estatístico de Moçambique se manteve praticamente inalterado entre os períodos 2012–2014 e 2021–2023. Apesar da entrada em cena do gás natural da Bacia do Rovuma, o impacto no perfil de dependência ainda não se traduz em transformação estrutural significativa.

A UNCTAD recomenda que Moçambique adopte políticas activas de diversificação, promovendo:

  • Transformação local dos recursos naturais;
  • Infraestruturas industriais e cadeias de valor domésticas;
  • Apoio à agricultura comercial e agroindústria;
  • Formação técnica e inovação tecnológica, em especial para PME’s e sectores emergentes.

O exemplo de países como Indonésia, que conseguiu reduzir a sua dependência abaixo do limiar dos 60%, demonstra que é possível reverter a lógica da dependência através de investimento público estratégico, parcerias comerciais inteligentes e políticas industriais bem orientadas.

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