
Moçambique enfrenta caos com escalada de manifestações e contestação eleitoral
A capital moçambicana e a província de Maputo foram palco de tumultos nesta segunda-feira, 09/12, com as manifestações pós-eleitorais atingindo novos extremos. Extorsão, pilhagem, vandalismo e destruição de infraestruturas públicas e privadas e bens privados caracterizaram os actos dos protestantes, maioritariamente jovens, mas podendo se ver crianças e algumas mulheres na função de incitadoras.
Desde as primeiras horas da manhã, estradas foram bloqueadas, impossibilitando a circulação de pessoas e bens. Este cenário caótico e sombrio reflecte uma crise que se arrasta desde as eleições gerais de Outubro, cujos resultados continuam a ser contestados.
Embora Venâncio Mondlane, candidato presidencial apoiado pelo partido extraparlamentar PODEMOS, tenha instruído os seus simpatizantes a protestarem entre as 08h00 e as 16h00, os manifestantes ignoraram as orientações e bloquearam estradas já a partir das 05h00. Entre as áreas mais afectadas estão a Estrada Nacional Número 1 (EN1) e a EN4, com barricadas impedindo o trânsito, desde a Matola até à cidade de Maputo e outras localidades periféricas. O acesso à fronteira de Ressano Garcia, principal ligação com a África do Sul, também foi interrompido.
Rodrigues Ttsucana, da Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO), lamentou a situação, afirmando que muitos trabalhadores dependem destas vias para o seu sustento diário. “Parece que há um sentimento de que as pessoas devem morrer à fome”, desabafou, referindo-se às consequências económicas das manifestações.
A situação de transporte público está igualmente comprometida, com escassez de chapas e longas filas nas paragens. Passageiros vindos de Marracuene e Bobole enfrentam ainda a interrupção do comboio que liga essas áreas à capital, agravando o desespero de quem necessita de deslocar-se.
Enquanto isso, Mondlane mantém a sua posição firme contra a repetição das eleições, defendendo a legitimidade da sua vitória. Em declarações à imprensa, o candidato criticou o processo eleitoral e alertou para um cenário de caos caso os resultados sejam validados pelo Conselho Constitucional, que ainda não proclamou oficialmente o vencedor.
As manifestações, que já provocaram mais de 100 mortes e milhares de feridos, levaram organizações como a Ordem dos Advogados de Moçambique a considerar a possibilidade de anular o processo eleitoral como uma saída para a crise. Contudo, Mondlane insiste que apenas “a verdade eleitoral” e a compensação às famílias das vítimas poderão pôr fim aos protestos.
Em paralelo, a contestação ganhou eco na diáspora moçambicana, com manifestações em Bruxelas. Um grupo de cidadãos apelou à União Europeia para que não reconheça o Governo liderado pela FRELIMO, acusando-o de corrupção e repressão. Aurora Foguete, porta-voz dos manifestantes na Bélgica, clamou por justiça e alertou para o risco de uma guerra civil no país.
Este cenário ressalta a urgência de soluções políticas que garantam a estabilidade de Moçambique e evitem um aprofundamento da crise social e económica. Enquanto as tensões persistem, a população continua a sofrer as consequências de um impasse que ameaça a paz e o progresso do país.
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