Moçambique precisa de mais 37,2 mil milhões de dólares para alcançar a resiliência climática

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  • Impactos das mudanças climáticas poderão levar até 1,6 milhões de pessoas adicionais à pobreza até 2050 – Banco Mundial
  • Integrar as Mudanças Climáticas no Planeamento de Moçambique é Fundamental para Construir uma Economia Resiliente, defende o Banco Mundial

Os impactos das mudanças climáticas poderão levar até 1,6 milhões de pessoas adicionais à pobreza até 2050, agravando ainda mais os factores de fragilidade na maior parte do país, observa o Relatório do Banco Mundial sobre Clima e Desenvolvimento (CCDR) para Moçambique, divulgado hoje, a que O.Económico teve acesso

O relatório avalia como as mudanças climáticas e a descarbonização global poderão impactar o povo de Moçambique e o desenvolvimento do país nas próximas décadas, e sugere vias de acção. O relatório delineia quatro prioridades que podem impulsionar a adaptação climática de Moçambique, construir resiliência e promover o crescimento de baixo-carbono, enquanto se cumprem objectivos de desenvolvimento mais amplos num contexto de espaço fiscal apertado. As quatro prioridades são: (I) adopção de medidas em toda a economia para aumentar a capacidade de adaptação do país, (II) priorização do desenvolvimento e manutenção de infraestruturas críticas, (III) protecção dos mais vulneráveis enquanto se promove o crescimento verde, resiliente e inclusivo, e (IV) capitalização da riqueza energética e mineral de Moçambique. “É necessário que Moçambique incorpore plenamente as mudanças climáticas na sua estratégia nacional de desenvolvimento, para que o país se torne mais resiliente e capaz de se adaptar aos desafios e oportunidades colocados pelas mudanças climáticas”, observou Idah Pswarayi-Riddihough, Directora do Banco Mundial para Moçambique, Madagáscar, Ilhas Maurícias, Comores e Seicheles. 

Embora a contribuição de Moçambique para as emissões globais de gases com efeito de estufa seja mínima, de 0,21%, o país é um dos mais vulneráveis do mundo às mudanças climáticas. Os impactos climáticos afectam cada vez mais o crescimento e os meios de subsistência em Moçambique, afectando a sua população, infra-estruturas e recursos naturais. 

Afirma o Banco Mundial que, Sem medidas de adaptação, os impactos das mudanças climáticas poderão levar mais 1,6 milhões de pessoas à pobreza até 2050, no pior cenário. O relatório estima que o nível de investimento necessário até 2030 para alcançar a resiliência climática do capital humano, físico e natural do País ascende aos 37,2 mil milhões de dólares. 

“O custo da inacção será provavelmente mais elevado”, sublkinha, para depois acrescentar que, porém, as receitas esperadas com as vendas de Gás Natural Liquefeito (GNL) aumentarão a sustentabilidade da dívida do País e poderão gerar espaço orçamental significativo para apoiar investimentos em adaptação e infraestruturas resilientes às alterações climáticas, embora estas receitas sejam esperadas apenas após 2030.  Entretanto, lembra o relatório, os investimentos em resiliência e adaptação devem centrar-se nas necessidades mais urgentes. “Reformas direccionadas ajudarão Moçambique a desbloquear investimentos privados para projectos que fortalecerão a resiliência do país aos choques climáticos e apoiarão o crescimento económico sustentável”, disse Vasco Nunes, Gestor Interino da Corporação Financeira Internacional (IFC) para Moçambique. “A IFC reconhece o papel cada vez mais importante do sector privado em ajudar Moçambique a enfrentar os desafios das mudanças climáticas e no apoio ao crescimento e transição do país para uma economia de baixo carbono.” O governo de Moçambique tem demonstrado um sólido compromisso com a acção climática. 

O Governo lançou a Estratégia Nacional de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas (NCCAMS) para fornecer directrizes para a acção, adopção e implementação climáticas para 2013-2025. Inicialmente centrado na adaptação, o NCCAMS expandiu-se para incluir ações que podem promover o crescimento de baixo carbono, maior capacitação em questões de mudanças climáticas e maior disponibilidade para aceder ao financiamento climático. Embora seja necessário fazer mais para equipar o país para enfrentar os impactos das mudanças climáticas, o rico portfólio jurídico e regulamentar de Moçambique cresceu ao longo das últimas duas décadas, proporcionando um quadro estratégico para a acção climática. O relatório CCDR para Moçambique inclui contributos das principais partes interessadas nacionais, obtidos na sequência de consultas a nível nacional, que envolveram mais de 300 representantes dos governos central e local, da sociedade civil, dos principais grupos de reflexão e parceiros de desenvolvimento. 

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