
MOÇAMBIQUE REFORÇA O APELO AO INVESTIMENTO DOS EUA E PROCURA CONSOLIDAR-SE COMO HUB ENERGÉTICO REGIONAL
Chapo defende papel estratégico do país na transição energética africana e no reforço das parcerias com Washington
- O Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, apelou ao aumento do investimento norte-americano em sectores estratégicos como energia, infra-estruturas, agricultura e turismo;
- O Chefe de Estado posiciona Moçambique como um dos principais polos energéticos emergentes da África Austral, apostando em parcerias tecnológicas e financeiras com os EUA;
- O discurso ocorre num contexto de desafios no sector do gás natural, marcado por atrasos e sobrecustos em projectos-âncora como o Mozambique LNG, liderado pela TotalEnergies;
- A estabilidade macroeconómica, a segurança em Cabo Delgado e a execução das reformas estruturais serão determinantes para traduzir o discurso em novos fluxos de investimento directo estrangeiro (IDE).
O Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, defendeu em Washington o reforço das relações económicas entre Moçambique e os Estados Unidos, apelando ao investimento em projectos estruturantes dos sectores energético, industrial e de infra-estruturas. A iniciativa insere-se na estratégia de diplomacia económica do Governo, que procura posicionar o país como um hub energético regional e diversificar as fontes de financiamento para o desenvolvimento.
Diplomacia Económica Como Ferramenta de Crescimento
Durante os encontros de alto nível com a Corporação Financeira para o Desenvolvimento Internacional (DFC), o Presidente destacou projectos já apoiados pela entidade norte-americana, como a Central Térmica de Temane, a Linha de Transmissão Temane-Maputo e as iniciativas de gás natural na Bacia do Rovuma.
Segundo Daniel Chapo, a cooperação bilateral “entra numa nova fase de maturidade”, com a ambição de criar condições para novos investimentos em geração eléctrica, nomeadamente uma central em Namaacha, e fortalecer as cadeias de valor associadas à energia e à indústria transformadora.
A DFC tem vindo a desempenhar um papel crescente no financiamento de projectos sustentáveis em África, tendo identificado Moçambique como destino prioritário para investimento, dada a sua localização estratégica, os recursos naturais e o ambiente reformista do seu quadro macroeconómico.
Energia e Gás: A Encruzilhada Entre Potencial e Execução
O apelo presidencial ocorre num momento de viragem para o sector energético. O projecto Mozambique LNG, avaliado em cerca de 30 mil milhões USD, prepara-se para relançar operações após o levantamento do estado de força maior, enquanto o Coral Sul FLNG, operado pela ENI, mantém produção estável e contribui significativamente para as exportações.
Contudo, persistem desafios estruturais: sobrecustos operacionais, pressões logísticas, deficiências de infra-estruturas locais e necessidade de reforço do conteúdo local. Analistas sublinham que a previsibilidade regulatória e a segurança em Cabo Delgado continuarão a ser determinantes para consolidar a confiança dos investidores e garantir sustentabilidade de longo prazo.
Nova Geografia do Investimento: Parceria Estratégica com Washington
A visita de Daniel Chapo aos Estados Unidos reforça a diplomacia económica moçambicana e visa reposicionar o país nos eixos globais de energia e investimento, diversificando parcerias que até agora tinham forte pendor europeu e asiático.
O Presidente destacou que a transição energética global abre uma janela de oportunidade para Moçambique, cuja matriz energética combina gás natural, carvão, hidroelectricidade, solar e eólica — factores que podem permitir ao país desempenhar um papel híbrido, de produtor fóssil e promotor de energias limpas.
Essa abordagem híbrida poderá ser decisiva para o país captar financiamento climático e consolidar-se como actor estratégico na agenda de descarbonização africana.
Energia Como Âncora da Industrialização e do Investimento Privado
De acordo com o Plano Quinquenal do Governo 2025-2029, o sector energético continuará a ser um dos motores centrais do crescimento económico, alicerçando a industrialização, as exportações e a criação de emprego qualificado.
Entre as prioridades do Executivo destacam-se a expansão das parcerias público-privadas no domínio da energia e das infra-estruturas, a intensificação da integração regional através das redes de interconexão eléctrica e a atração de capital privado e institucional para o financiamento da logística energética.
Economistas ouvidos pelo O Económico consideram que o sucesso desta agenda exigirá coordenação efectiva entre Governo, empresas operadoras e instituições financeiras internacionais, de modo a alinhar o investimento produtivo com a estabilidade fiscal e a previsibilidade regulatória.
Transformar o Potencial em Crescimento Sustentável
O apelo do Presidente Chapo aos investidores norte-americanos representa mais do que um gesto diplomático — é um sinal de continuidade da política de abertura económica e de reposicionamento de Moçambique na arquitectura energética global.
Para que o discurso se traduza em resultados tangíveis, o país terá de consolidar as reformas estruturais, assegurar segurança jurídica e fortalecer o ambiente de negócios. A verdadeira medida de sucesso estará em converter o potencial energético em crescimento inclusivo, diversificação produtiva e prosperidade partilhada.
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