Moçambique Regista Deflação em Junho, Mas Pressões Inflacionárias Persistem

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Questões-Chave:

  • O País registou uma deflação mensal de 0,07% em Junho de 2025;
  • A inflação acumulada no primeiro semestre foi de 1,20%;
  • A inflação homóloga fixou-se em 4,15%;
  • Produtos alimentares foram os principais responsáveis pela queda de preços;
  • Tete, Xai-Xai e Inhambane registaram os maiores aumentos acumulados e homólogos.

Num contexto de pressões fiscais e desafios estruturais à estabilidade macroeconómica, Moçambique registou uma ligeira deflação mensal em Junho de 2025. Apesar deste alívio pontual, os dados do Instituto Nacional de Estatística mostram que a inflação acumulada e homóloga continua a crescer, com variações regionais significativas que revelam vulnerabilidades no abastecimento e nas dinâmicas de consumo no interior do país.

O Índice de Preços no Consumidor (IPC) de Moçambique, referente ao mês de Junho de 2025, revela que o País registou uma variação negativa de preços de -0,07%, sinalizando uma ligeira deflação a nível nacional. Os dados foram recolhidos nas cidades de Maputo, Beira, Nampula, Quelimane, Tete, Chimoio, Xai-Xai e na Província de Inhambane.

A divisão de Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas foi a principal responsável por esta variação negativa, contribuindo com -0,12 pontos percentuais. Produtos essenciais como tomate (-7,0%), couve (-9,3%), feijão manteiga (-3,3%), gasóleo (-3,1%) e gasolina (-1,0%) destacaram-se com quedas relevantes nos preços.

No entanto, a deflação foi parcialmente compensada por aumentos em produtos como pão de trigo (2,8%), carapau (2,1%), galinha viva (1,5%), peixe seco (1,2%), veículos automóveis em segunda mão (3,4%) e lençóis e fronhas (4,9%), que contribuíram com +0,20pp para a variação mensal.

No acumulado do primeiro semestre, a inflação nacional situou-se em 1,20%, com destaque para os aumentos nos sectores de alimentação e bebidas não alcoólicas e restaurantes, hotéis e similares, que contribuíram com +0,43pp cada. O pão de trigo, arroz, refeições em restaurantes, sabão em barra, carapau e sumos naturais foram os principais responsáveis pela variação acumulada, com +0,98pp no total.

Já a inflação homóloga, ou seja, em comparação com Junho de 2024, foi de 4,15%, liderada pelas mesmas duas divisões — alimentação e restauração — com variações anuais de 9,38% e 8,53%, respectivamente.

Diferenciação Regional:

Uma leitura atenta da variação por centro de recolha revela desigualdades geográficas significativas:

  • Em Junho, apenas Xai-Xai (+0,55%) e Tete (+0,18%) registaram aumentos de preços. Todas as outras regiões observaram deflação: Inhambane (-0,48%), Maputo (-0,18%), Chimoio (-0,17%), Nampula (-0,11%), Beira (-0,05%) e Quelimane (-0,03%).
  • No acumulado do semestre, Tete lidera com 3,00%, seguida por Xai-Xai e Inhambane (2,34%), e Beira (2,04%). Maputo registou apenas 0,80%, evidenciando menor pressão inflacionária no litoral sul.
  • Na variação homóloga, Tete volta a destacar-se com 6,31%, seguida de Xai-Xai (5,67%) e Inhambane (5,53%). As cidades com menor variação foram Quelimane (2,72%) e Nampula (3,58%).

A deflação de Junho não deve ser interpretada como sinal de alívio sustentado. Os dados acumulados e homólogos confirmam que a inflação continua a crescer em ritmo moderado, mas com acentuadas diferenças regionais. O interior do país, com menor conectividade logística e maior dependência de mercados locais, revela-se particularmente vulnerável a choques nos preços.

Combinado com o ambiente de risco fiscal elevado e a fraca recuperação económica fora do sector extractivo, o panorama inflacionário exige respostas mais estruturadas de política económica, com reforço da produção local, estabilização da cadeia de abastecimento e maior coordenação entre política monetária e política fiscal.

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