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Modernização e Investimento: O Futuro da Agricultura Moçambicana

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A agricultura continua a ser o pilar da economia moçambicana, empregando cerca de 70% da população activa. No entanto, enfrenta desafios estruturais que comprometem o seu crescimento e a segurança alimentar do país. Um estudo recente, conduzido pelo Ministério da Planificação e Desenvolvimento em colaboração com instituições académicas, como a Universidade das Nações Unidas e a Universidade Eduardo Mondlane, no âmbito do projecto “Crescimento Inclusivo”, analisou a evolução do sector entre 2002 e 2020, destacando as principais tendências, desafios e oportunidades para o futuro.

Em entrevista ao “Tema de Fundo” do “Semanário Económico”, Ângelo Nhalidede, Director Nacional no Ministério da Planificação e Desenvolvimento, destacou a importância do estudo para a formulação de políticas baseadas em evidências e reforçou a necessidade de modernizar o sector agrícola.

Baixa Produtividade e Infra-estruturas Deficientes

Apesar do seu peso económico, a agricultura moçambicana continua a ser caracterizada por baixos níveis de produtividade. O uso de técnicas rudimentares e a escassez de mecanização limitam a capacidade produtiva, deixando muitos pequenos agricultores vulneráveis à pobreza.

Além disso, o défice de infra-estruturas, especialmente no que se refere a estradas e armazenagem, constitui um entrave ao escoamento da produção. Sem acessos adequados aos mercados urbanos, muitos agricultores vêm-se obrigados a vender os seus produtos a preços reduzidos ou enfrentam perdas significativas.

A Necessidade de Modernização e Mecanização

A modernização da agricultura é essencial para impulsionar a produtividade e a segurança alimentar. O estudo recomenda a introdução de tecnologias agrícolas e a mecanização da produção, mas reconhece que estas mudanças requerem investimentos significativos.

O financiamento é um dos principais desafios enfrentados pelo sector. Muitos bancos ainda consideram a agricultura uma área de alto risco, dificultando o acesso a crédito para pequenos agricultores. Como solução, o estudo sugere a criação de mecanismos de mitigacção de riscos, incluindo seguros agrários e linhas de crédito específicas para o sector.

Aproveitamento das Receitas dos Recursos Naturais

Uma das recomendações do estudo é a utilização das receitas do gás e da mineração para financiar investimentos na agricultura. O gás natural, por exemplo, pode ser utilizado na produção de fertilizantes, reduzindo a dependência de importações e tornando a produção agrícola mais eficiente.

Além disso, a diversificação da economia é fundamental para reduzir a dependência do sector agrícola. O estudo sugere um redireccionamento da mão-de-obra para os sectores industrial e de serviços, promovendo uma maior valorização dos produtos agrícolas e fortalecendo as cadeias de valor.

Mudanças Climáticas e Adaptação

Moçambique é um dos países mais afectados pelas alterações climáticas, com eventos extremos como ciclones e cheias a impactarem negativamente a produção agrícola. O estudo recomenda a adopção de tecnologias adaptadas ao clima e o uso de culturas resistentes para aumentar a resiliência do sector.

De acordo com Ângelo Nhalidede e o estudoDesenvolvimento Agrário em

Moçambique – Tendências, Desafios e Oportunidades”, a transformação do sector agrícola moçambicano passa pela modernização, pela mecanização e pelo aumento do financiamento. A exploração de recursos naturais pode ser um motor para impulsionar a agricultura, enquanto a adaptação às mudanças climáticas será essencial para garantir a sustentabilidade da produção. Com estratégias bem definidas e investimentos adequados, a agricultura pode tornar-se um sector mais competitivo e um verdadeiro impulsionador do desenvolvimento económico de Moçambique.

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