
PETRÓLEO ABRANDOU MESMO APÓS REDUÇÃO DE TARIFAS ENTRE EUA E CHINA
Mercado mantém cepticismo face ao acordo entre Trump e Xi Jinping, enquanto OPEP+ prepara novo aumento da oferta
- O preço do petróleo recuou 0,31% para 64,72 USD/barril (Brent) e 0,33% para 60,28 USD/barril (WTI);
- O recuo ocorreu apesar da decisão de Trump de reduzir tarifas sobre produtos chineses de 57% para 47%;
- O acordo entre EUA e China é visto pelos analistas como uma pausa táctica e não um fim da guerra comercial;
- A OPEP+ prepara-se para acrescentar 137 000 bpd em Dezembro, prolongando a tendência de aumento gradual da produção;
- As reservas norte-americanas de crude caíram 6,86 milhões de barris, o triplo do esperado, mas sem impacto sustentado nos preços.
Os preços do petróleo abrandaram na quinta-feira, mesmo após o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado a redução das tarifas sobre importações chinesas, numa tentativa de aliviar as tensões comerciais. O mercado reagiu com cepticismo, interpretando o gesto como uma trégua temporária e não como o fim da disputa comercial que há três anos condiciona as expectativas globais de crescimento.
Acordo Parcial Mantém Clima de Dúvida nos Mercados
O crude Brent desvalorizou 20 cêntimos (-0,31 %) para 64,72 USD/barril, enquanto o WTI caiu igualmente 20 cêntimos (-0,33 %) para 60,28 USD/barril.
O movimento segue-se a uma breve recuperação do dia anterior e reflecte a leitura prudente dos investidores quanto ao alcance do acordo anunciado entre Trump e o Presidente chinês Xi Jinping, em Seul.
De acordo com o Financial Times e a Reuters, o compromisso prevê a redução das tarifas norte-americanas de 57 % para 47 % durante um ano, em troca da retoma das compras chinesas de soja norte-americana, da manutenção das exportações de terras-raras e do combate ao tráfico de fentanil.
Para Vandana Hari, fundadora da consultora Vanda Insights, “o mercado vê agora o acordo tal como ele é: uma pausa na disputa, não uma solução”.
A analista sublinha que o entusiasmo inicial “foi substituído por uma leitura realista — uma pequena des-escalada que não altera o quadro estrutural do comércio global”.
Fed Reforça Apoio, Mas Sinaliza Fim do Ciclo de Cortes
Outro factor de influência foi a decisão da Reserva Federal dos EUA (Fed) de cortar as taxas de juro em 25 pontos base, situando o intervalo entre 3,75 % e 4,00 %.
Embora o corte estivesse em linha com as expectativas, o discurso de Jerome Powell indicou que poderá ter sido o último deste ano, dada a incerteza provocada pela paralisação parcial do Governo norte-americano, que ameaça atrasar a publicação de indicadores macroeconómicos.
Segundo Claudio Galimberti, economista-chefe da Rystad Energy, “a decisão da Fed confirma uma viragem estrutural da política monetária — menos restrição, mais apoio — o que tende a sustentar os activos sensíveis à actividade económica, como o petróleo”.
Ainda assim, o efeito positivo foi temporário, dada a persistência das preocupações com o excesso de oferta e o abrandamento da procura global.
Inventários em Queda e Produção em Alta: Um Equilíbrio Instável
A Administração de Informação Energética dos EUA (EIA) reportou uma queda de 6,86 milhões de barris nas reservas de crude na semana terminada a 24 de Outubro, face à expectativa de apenas 211 000 barris.
O dado reforçou a percepção de que o mercado físico se mantém apertado, mas não chegou para inverter a trajectória descendente dos preços, que acumulam mais de 3 % de perdas em Outubro — o terceiro mês consecutivo de recuos.
Ao mesmo tempo, a OPEP+ prepara-se para anunciar, na reunião de 2 de Novembro, um aumento adicional de 137 000 barris por dia (bpd) em Dezembro, no âmbito do plano de ajustamento gradual da produção.
Desde Abril, o grupo acrescentou 2,7 milhões bpd, compensando parcialmente os cortes de 5,85 milhões bpd realizados nos anos anteriores.
Este desfasamento entre produção crescente e recuperação moderada da procura mantém o mercado em tensão, travando qualquer reacção optimista sustentada.
Mercado Entre a Cautela e o Cansaço Geopolítico
A reacção moderada do petróleo ilustra um cansaço dos mercados perante estímulos políticos de curto prazo.
Após meses de volatilidade associada a anúncios e recuos na frente comercial EUA-China, os investidores passaram a avaliar mais pela substância do que pelo gesto diplomático.
Embora a redução das tarifas alivie parcialmente os custos do comércio bilateral, o abrandamento industrial na Ásia e na Europa continua a limitar a procura global de energia.
Analistas alertam que, sem uma melhoria consistente da actividade industrial, qualquer ganho técnico nos preços tenderá a ser efémero.
Visão de Fundo: Um Mercado Que Já Não Reage a Promessas
A reacção indiferente do petróleo ao anúncio de Trump simboliza um novo paradigma de prudência nos mercados de commodities.
O ciclo de expectativas, inflado por decisões políticas imprevisíveis, dá agora lugar a uma leitura mais racional e orientada pelos fundamentos: oferta abundante, procura moderada e incerteza prolongada.
Para os produtores, o desafio será equilibrar volumes e preços num ambiente global de baixo crescimento;
para países dependentes de receitas petrolíferas, como vários da África Subsariana, a prioridade será diversificar fontes de rendimento e reduzir a exposição às flutuações externas.
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