
Petróleo Mantém Queda Acentuada Após EUA Imporem Tarifas Mais Elevadas à Índia
Washington penaliza Nova Deli por importações de crude russo, enquanto refinarias indianas mantêm estratégia de compras e mercado global reage com sinais de excesso de oferta.
Questões-Chave:- EUA impuseram tarifa de 50% sobre bens indianos, a mais elevada aplicada a uma nação asiática, em retaliação pelas importações de crude russo;
- Preços recuaram: Brent em torno de 67 USD/barril e WTI acima de 63 USD;
- Refinarias indianas não pretendem reduzir compras a Moscovo, mantendo importações entre 1,4 e 1,6 milhões de barris/dia;
- Brent já perdeu cerca de 10% este ano, com a guerra comercial e o fim dos cortes da OPEP+ a aumentarem receios de excesso de oferta;
- Agência Internacional de Energia antecipa excedente recorde em 2026, enquanto Donald Trump elogia preços próximos de 60 USD/barril e promete novas quedas.
O mercado petrolífero internacional registou nova queda acentuada após a decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre alguns bens indianos, como retaliação pela manutenção das importações de crude russo. Apesar da pressão, as refinarias indianas não mostram intenção de reduzir os volumes de compra a Moscovo, mantendo o fluxo que consolidou a Índia como um dos maiores clientes energéticos da Rússia desde o início da guerra na Ucrânia.
O Brent, referência global, manteve-se em torno dos 67 dólares por barril, após uma descida superior a 2% na sessão anterior, enquanto o West Texas Intermediate negociava acima dos 63 dólares. Analistas consideram que a medida norte-americana, embora de grande simbolismo geopolítico, não altera substancialmente a estratégia de abastecimento das refinarias indianas.
Vandana Hari, fundadora da consultora Vanda Insights, sublinhou que “não existe qualquer directiva do governo indiano para reduzir compras de crude russo, pelo que dificilmente as refinarias irão ajustar individualmente os seus contratos”. A posição de Nova Deli reforça a percepção de que a decisão de Washington poderá ter impacto limitado sobre o fluxo de petróleo proveniente da Rússia.
A medida, contudo, agrava as tensões comerciais globais. O Brent acumula já uma queda de cerca de 10% desde o início do ano, influenciado pelo alívio das restrições de produção da OPEP+ e pela guerra comercial liderada pelos Estados Unidos, que alimenta receios de uma procura mais fraca. A Agência Internacional de Energia prevê mesmo um excedente recorde para 2026, sinalizando risco de acumulação de reservas e de pressão acrescida sobre os preços.
Nos EUA, Donald Trump elogiou os preços próximos dos 60 dólares por barril, afirmando que o crude deverá “cair ainda mais em breve”, num discurso em que advertiu para uma possível “guerra económica” caso não consiga convencer Moscovo e Kiev a pôr fim ao conflito. A posição contrasta com a ausência de medidas semelhantes contra a China, outro dos grandes compradores de crude russo, o que expõe a especificidade da pressão exercida sobre a Índia.
Segundo fontes do sector, as importações indianas deverão situar-se entre 1,4 e 1,6 milhões de barris diários para carregamentos de Outubro e seguintes, apenas ligeiramente abaixo da média de 1,8 milhões de barris por dia registada no primeiro semestre do ano anterior.
Enquanto isso, os mercados físicos de crude exibem sinais mistos: os contratos de curto prazo do Brent mantêm a estrutura de backwardation — em que o preço imediato é mais elevado do que os prazos futuros — sugerindo alguma escassez imediata, mas os contratos de longo prazo estão em contango, indiciando expectativas de abundância futura.
Com a conjugação entre tensões geopolíticas, políticas comerciais agressivas e dinâmicas de oferta em mutação, o mercado petrolífero mantém-se altamente volátil, deixando incertezas sobre a trajectória dos preços ao longo de 2026.
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