Primeiro dia de Greve em Maputo marca clima de tensão, com cidadãos antecipando-se com compra de mantimentos

No primeiro dia da greve geral convocada pelo candidato Venâncio Mondlane, Maputo vive um clima de tensão e apreensão. Com a presença reforçada das forças de segurança e os movimentos limitados, muitos cidadãos optaram por permanecer em casa, após terem-se antecipado a esta situação comprando mantimentos para enfrentar os dias de incerteza.
A convocação da greve e dos protestos, em contestação ao resultado das recentes eleições, levou os residentes de Maputo a adoptarem uma abordagem preventiva, preparando-se para possíveis limitações no acesso a bens e serviços. Durante o dia anterior, supermercados e mercados registaram uma elevada afluência, com os maputenses a adquirirem grandes quantidades de alimentos e produtos de primeira necessidade. Este movimento resultou em prateleiras esvaziadas e longas filas nos estabelecimentos comerciais.

Comércio e serviços afectados pela redução de movimentação

Hoje, o impacto da greve foi sentido no comércio e nos serviços. Embora os supermercados e mercados tenham funcionado, a afluência foi reduzida em comparação com os dias anteriores, resultado das compras antecipadas feitas pela população. Muitos comerciantes relataram que o movimento diminuiu significativamente, e alguns optaram por encerrar as suas lojas mais cedo, temendo a possibilidade de confrontos ou dificuldades no transporte dos seus produtos.

Com o transporte público a operar de forma limitada, os trabalhadores enfrentaram dificuldades em se deslocar. Muitos recorreram ao teletrabalho, enquanto outros preferiram não arriscar sair de casa, especialmente nas áreas mais propensas a manifestações.

Preparação antecipada dos cidadãos e reacções das autoridades

A antecipação da população, que se abasteceu de mantimentos para os dias de greve, reflecte um estado de alerta e um sentimento generalizado de incerteza. Muitos maputenses, como Maria Sambo, relataram que preferiram “estar prevenidos para os dias de instabilidade”, abastecendo-se com alimentos, água e produtos essenciais para evitar deslocações desnecessárias durante o período de greve.

A sociedade civil e grupos de direitos humanos têm apelado ao diálogo para evitar uma escalada do conflito, enquanto o governo municipal assegura que está a acompanhar de perto os eventos e a garantir que os serviços essenciais continuem operacionais. Em contraste, partidos de oposição apoiam Mondlane e instam o governo a considerar as reivindicações da população.

Um período de incerteza e expectativa

O clima em Maputo é marcado pela incerteza sobre a duração e a intensidade da greve. A presença policial continua reforçada, e há uma expectativa de que o Governo avalie possibilidades de diálogo com Mondlane e seus apoiantes para atenuar a situação. A mobilização da população e as compras antecipadas de mantimentos reflectem uma cidade que se prepara para dias de “sacrifício”, à espera de um desfecho para o impasse político que polarizou a sociedade.

Nos próximos dias, a atenção permanecerá voltada para as mobilizações e para o impacto da greve no quotidiano dos cidadãos, com a esperança de que uma solução pacífica possa ser alcançada antes que os efeitos da paralisação se agravem na vida dos maputenses.