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Revolução nos pagamentos transfronteiriços: O papel das CBDCs e dos sistemas instantâneos

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Os pagamentos transfronteiriços estão à beira de uma transformação sem precedentes, impulsionados pelo avanço das moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) e pela expansão de sistemas de pagamentos instantâneos. Um novo relatório divulgado pelo OMFIF (Official Monetary and Financial Institutions Forum) destaca os progressos e os desafios que definirão o futuro das transacções globais.

CBDCs multimoeda: A próxima fronteira

As CBDCs estão a emergir como alternativas viáveis aos sistemas tradicionais de pagamentos transfronteiriços. Projectos como o mBridge, que lidera os esforços globais no desenvolvimento de uma plataforma de CBDC multimoeda, prometem melhorar a eficiência, reduzir custos e desafiar as infraestruturas existentes. No entanto, o relatório alerta que questões relacionadas com liquidez e governança ainda limitam a adopção em larga escala.

Especialistas consideram que o modelo de interoperabilidade será determinante. Entre os formatos analisados, o modelo hub-and-spoke surge como o mais promissor, sendo favorecido por uma maioria dos participantes do estudo.

“À medida que os sistemas de CBDC evoluem, a sua capacidade de operar em rede será fundamental para garantir transacções globais fluidas e seguras,” afirma o relatório.

Pagamentos instantâneos ganham força

Outra tendência identificada é o crescimento dos sistemas de pagamentos instantâneos (IPS). Com 47% dos respondentes a indicarem a interconexão de sistemas IPS como a estratégia mais promissora, projectos como o Nexus, liderado pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), já mostram resultados concretos. Este sistema conecta actualmente redes de cinco países no Sudeste Asiático, demonstrando o potencial para reduzir significativamente os custos e os tempos de processamento.

“A integração de sistemas de pagamentos instantâneos é mais acessível para mercados emergentes e pode servir como um primeiro passo para a digitalização global dos pagamentos,” ressalta um analista financeiro.

Desafios persistentes

Apesar dos avanços, o caminho para uma revolução completa nos pagamentos globais não está isento de obstáculos. Custos elevados, fragmentação regulatória e falta de consenso sobre padrões técnicos são apontados como as principais barreiras.

O relatório chama a atenção para a adopção do padrão ISO 20022, considerado essencial para a harmonização global. Contudo, apenas 66% das instituições esperam concluir sua implementação até 2025, com mercados emergentes a enfrentar os maiores atrasos.

Além disso, o relatório identifica a fragmentação geopolítica como uma ameaça significativa. A competição entre iniciativas como o mBridge e outras plataformas pode resultar em soluções polarizadas, comprometendo o objectivo de sistemas verdadeiramente globais.

O papel da tokenização e a visão para o futuro

A tokenização de dinheiro, citada por 76% dos bancos centrais como uma tendência em crescimento, promete trazer novos níveis de eficiência ao mercado. Contudo, os desafios regulatórios e de governança continuam a travar sua implementação em larga escala.

O relatório conclui que a cooperação internacional será crucial para superar as barreiras e maximizar os benefícios das novas tecnologias. Plataformas interoperáveis, regulamentos harmonizados e investimentos em infraestruturas modernas são apontados como os pilares para um sistema global de pagamentos mais inclusivo e eficiente.

De facto, num mundo cada vez mais interconectado, os pagamentos transfronteiriços permanecem um elo crítico para o comércio e o investimento globais. As CBDCs e os sistemas de pagamentos instantâneos representam uma oportunidade única para modernizar este sector, mas o sucesso dependerá da capacidade dos actores globais em trabalhar em conjunto para superar as barreiras que ainda persistem.

À medida que projectos como o mBridge e o Nexus avançam, os próximos anos prometem redefinir a forma como indivíduos e empresas interagem no mercado financeiro global. Para investidores e instituições financeiras, acompanhar estas mudanças será essencial para se posicionarem de forma competitiva num cenário em rápida transformação.

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