
Sector avícola em Moçambique: Laboratório Nacional define novo rumo para a produção e industrialização
Iniciativa público-privada traça plano integrado para acelerar o crescimento sustentável da avicultura e fortalecer a cadeia de valor nacional
- Moçambique ainda depende parcialmente de importações de soja, milho e ovos, mas já produz 80–85% da ração e frango consumidos;
- A produção nacional de frango passou de menos de 5 mil toneladas há 20 anos para cerca de 140–150 mil toneladas em 2023;
- A produção de ovos atingiu 28 milhões de dúzias, com crescimento anual de 8%;
- A agricultura familiar, com forte participação de mulheres e jovens, é pilar essencial de nutrição e rendimento;
- Os principais desafios incluem sanidade, financiamento, segurança alimentar, logística e integração industrial;
- O novo Laboratório Nacional de Acção para a Avicultura visa definir um plano estratégico de industrialização e autosuficiência alimentar.
A avicultura moçambicana reforça o seu papel como vector estratégico de segurança alimentar, inclusão social e industrialização rural.
Durante o Laboratório Nacional de Acção para a Avicultura, o Governo, o sector privado e parceiros internacionais delinearam um plano integrado para acelerar o crescimento da produção de frango, ovos e rações, com metas de autosuficiência e diversificação produtiva até 2030.
Produção Nacional em Expansão e Efeito no Emprego
O ministro da Agricultura e Ambiente, Roberto Mito, destacou que a indústria avícola é hoje um dos sectores mais dinâmicos da economia agrícola, com impacto directo na geração de emprego e rendimento, sobretudo entre jovens e mulheres.
“A nossa aposta é assegurar que pelo menos 99,9% dos insumos utilizados na produção de ração sejam nacionais. A indústria avícola pode transformar a juventude, oferecendo oportunidades de negócio e crescimento sustentável”, afirmou.
Nos últimos 20 anos, o país passou de menos de 5 mil toneladas para cerca de 140 mil toneladas de frango, consolidando um crescimento médio anual superior a 10%, impulsionado por investimentos privados e políticas de substituição de importações.
Crescimento Sustentado da Produção de Frango e Ovos
Segundo Raimundo Litos, director nacional da AGRA, a produção de carne de frango atingiu 150 mil toneladas em 2023, representando um crescimento de 4% face ao ano anterior.
A província de Maputo continua a liderar com 66% da produção nacional, mas outras regiões — como Manica, Sofala e Nampula — começam a emergir como novos polos produtivos.
A produção de ovos ultrapassou 28 milhões de dúzias, com um ritmo de crescimento anual de 8%, reflectindo diversificação nutricional e empoderamento económico das famílias rurais.
A agricultura familiar continua a ser o alicerce da produção nacional, destacando-se pelo forte protagonismo de mulheres e jovens.
Sanidade e Eficiência: Requisitos Para a Competitividade
Para Yacub Latif, da CTA, a sanidade animal e a biossegurança são condições indispensáveis à sustentabilidade do sector.
“Persistem desafios estruturais como escassez de rações, alto custo de insumos, acesso restrito a financiamento e limitações logísticas e de processamento”, alertou.
O director nacional de Pecuária, Rafael José Escrivão, acrescentou que o reforço da produção interna de milho e soja é essencial para garantir a autonomia na produção de ração, reduzindo a dependência externa actualmente estimada em 15% para frango e 30% para ovos.
Integração Industrial e Transformação Económica
A Associação Moçambicana da Indústria Avícola (AMIA), representada por Zeiss Lacerda, sublinhou que a produção nacional tem crescido entre 10 e 14% ao ano, mesmo perante limitações de divisas e volatilidade eleitoral.
“O alinhamento estratégico entre Governo, sector privado e parceiros internacionais é determinante para garantir eficiência, rastreabilidade e competitividade”, referiu.
O sector avícola é hoje encarado como pilar da industrialização agroalimentar, contribuindo para reduzir importações e estimular cadeias de valor locais, com impacto transversal nas MPMEs, transporte, embalagem e distribuição.
Plano Estratégico: Industrializar com Inclusão
O Plano Nacional da Avicultura, apresentado no encontro, prevê polos de produção de rações e pintos em todas as províncias, produção regional de ovos férteis, capacitação técnica de mulheres e jovens e criação de mecanismos de monitoria e avaliação de metas.
Para Alexander Stewart, da SAPI, “é essencial um mapa de caminho claro para os próximos 5–10 anos, com foco na coordenação público-privada e na mobilização de investimento industrial”.
O plano, de execução gradual, visa transformar a avicultura num sector moderno, competitivo e exportador, integrado nas cadeias regionais de valor alimentar.
Desafios Estruturais e Caminho a Seguir
Os principais constrangimentos continuam a ser acesso a crédito, taxas de juro elevadas, legislação insuficiente, deficiências logísticas e tributação complexa.
Ainda assim, segundo Yacub Latif, “com coordenação e vontade política, Moçambique pode atingir autosuficiência, gerar emprego e integrar-se nas cadeias regionais de valor”.
Apesar do consumo per capita de frango e ovos permanecer abaixo das recomendações da OMS, a tendência é de crescimento contínuo da produção nacional, criando margem para suprir o mercado interno e gerar excedentes exportáveis.
Avicultura: Da Nutrição à Industrialização Sustentável
O Laboratório Nacional de Acção para a Avicultura estabelece um marco na modernização do sector agrícola e alimentar.
A avicultura deixa de ser vista apenas como actividade de subsistência para se afirmar como instrumento estratégico de crescimento económico, inclusão e industrialização.
A coordenação entre políticas públicas, investimento privado e assistência técnica internacional será o factor decisivo para que Moçambique consolide a autosuficiência alimentar e transforme o potencial rural em valor económico e social sustentável.
MOÇAMBIQUE APOSTA NA PRODUÇÃO DE RAÇÕES PARA REVERTER QUEDA NA AVICULTURA
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