Sector Privado Quer Mais Envolvimento no Debate Sobre a Transição Energética

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  • É imperativo que a narrativa da transição energética moçambicana tenha uma participação significante do sector privado, defende o presidente da Câmara do Energia de Moçambique (CEM)

O tema da transição energética vai ganhando espaço com foco para as energias limpas. Dado o seu potencial no gás natural, Moçambique tem atraído atenção de muitos países, entre europeus, asiáticos, até da região que vêem, a partir daquele combustível natural, uma fonte para alimentar as suas economias. Ou seja, Moçambique é por si só parte da solução no que à transição energética diz respeito. A meta dos países do mundo é Net Zero, até 2050 sendo todos chamados a descarbonizar o mundo.

Num workshop organizado pela Câmara de Energia de Moçambique (CEM), em parceria com as embaixadas dos Países Baixos e do Canadá, O presidente da CEM, Florival Mucave, explicou que a realização da iniciativa é motivada pelo facto de o sector privado moçambicano começar a perceber da necessidade de uma abordagem unificado ao tema.

“Queremos começar esta jornada juntos a tentar identificar como é que o sector privado moçambicano pode contribuir para o debate sobre a transição energética”

Mucave coloca em evidência a COP 28, terá lugar no próximo mês, em Dubai o que é a Conferência Mundial sobre as Mudanças Climáticas, e realca a importância do evento para os países menos poluentes, o que equivale dizer, países africanos

“E quando nós falamos da questão da descarbonização, nós sabemos que países africanos em geral contribuem menos de 3 por cento das emissões de carbono anuais a nível mundial. É sabido que Moçambique contribui com mais ou menos 0,1 por cento das emissões de carbono anuais no mundo”. Sublinhou.

Esta percentagem é considerada bastante insignificante para aquilo que são os danos causados ao ambiente pelos países industrializados.

 “Esta questão do objectivo comum ou objectivo global comum, que é combatermos as mudanças climáticas, que é contribuir para a descarbonização, é um debate e é um combate de todos nós e, Moçambique não está isento deste combate e é por isso que estamos aqui hoje”. Justificou o Presidente da CEM, sobre a realização do workshop.

Florival Mucave lamenta as assimetrias de informação ao nível do sector empresarial quando o assunto é a o tema da transição energética, daí que considera importante mais envolvimento do sector.

“A nossa participação no debate sobre a energia em Moçambique e sobretudo, a questão da transição energética não tem sido muito significante. É importante incentivarmos a posição e a participação do sector privado moçambicano no debate sobre a transição energética. É imperativo que a narrativa da transição energética moçambicana tenha uma participação significante do sector privado”.

Florival Mucuve entende que é possível uma transição energética justa com o envolvimento do sector privado moçambicano como uma das partes interessadas na temática e motor de desenvolvimento do país.

“Sobre a mitigação do efeito do clima, se o sector privado não estiver envolvido havemos de voltar a ter medidas administrativas no papel que não são executadas. Portanto, o nosso apelo ao Governo é que realmente tome em consideração o sector privado neste debate da transição energética justa”. Recomendou.

Há quem quer ver Moçambique fora do mapa da exploração do gás natural

Florival Mucave diz que existem círculos que lutam para ver Moçambique fora do mapa de exploração de gás natural.

O presidente da CEM, Florival Mucave

“Nós já tivemos caso em que uma Organização Não Governamental, (ONG) britânica levou o governo britânico a tribunal com o intuito de que este parasse de financiar o gás de Moçambique. Nós sabemos que Moçambique é considerado pelas Nações Unidas um dos países mais pobres do mundo, um dos países mais endividados do mundo. Portanto, nós não podemos sequer contemplar pararmos de explorar e produzir o nosso gás natural que vai contribuir consideravelmente para a redução da pobreza em Moçambique, porque temos outros desafios do clima”.

Florival Mucave, esclarece sobre o posicionamento da CEM no debate sobre a transição energética em Moçambique:

“Não queremos descurar aquilo que é a importância do clima e dos desafios climáticos. Nós sabemos que Moçambique foi fustigado pelo ciclone Idai, o ciclone Kenneth, e isso afectou bastante o sector privado. Por exemplo, o turismo, a agricultura, foram severamente afectados e nós temos conhecimento e consciência disso. Mas nós podemos encontrar este justo meio entre desenvolvimento e redução da pobreza e também a mitigação dos efeitos do clima”.

O Presidente da CEM mencionou a intersecção entre a redução da pobreza, o desenvolvimento e questões climáticas, numa dinâmica, que não prescinda de acelerar a produção do gás para o reforço do crescimento económico.

Oficial da área de mudanças climáticas na Embaixada da Holanda, Ataíde Sacramento

Já o oficial da área de mudanças climáticas na Embaixada da Holanda, Ataíde Sacramento, considerou a iniciativa de grande importância, na medida em que o País está numa agenda muito intensa sobre transição energética.

“A Holanda está interessada em apoiar e contribuir na agenda de transição energética e desenvolvimento verde sustentável com os stakeholders de diferentes sectores.”, disse sobre o interesse dos Países Baixos na realização da iniciativa.

 “Esta discussão é muito importante para o sector privado e para a embaixada também, porque nós, como embaixada da Holanda, privilegiamos um debate muito inclusivo, em que todas as partes ou todos os players da área da energia ou de qualquer outra área dêem o seu contributo nesta agenda de transição energética”. Acrescentou.

Explicou que a Holanda participa na qualidade “parceiros de desenvolvimento”, numa interacção que envolve o Governo, Sociedade Civil e o Sector Privado que, no caso em particular, é o foco principal da discussão. “Nós queremos perceber qual é o papel do sector privado e quais são as oportunidades que existem para o sector nessa agenda de transição energética e de mudanças climáticas”. Frisou Ataíde Sacramento.

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