
Shoprite Entra Na Banca Digital Com 4 Milhões De Clientes E Um Plano Para Transformar O Sector
- Shoprite já atraiu 4 milhões de clientes para a sua conta bancária Money Market, lançada em 2020;
- Rede de mais de 2.800 lojas funciona como a maior infraestrutura física de serviços financeiros do país;
- Transferências de dinheiro entre indivíduos — nacionais e transfronteiriças — são o principal motor do crescimento;
- Conta Money Market é zero custos, com apenas R5 por levantamento;
- Shoprite prepara entrada formal e agressiva no sector bancário, segundo o CEO Pieter Engelbrecht;
- O modelo integra pagamentos, seguros, dados de consumo e serviços digitais — um dos mais completos ecossistemas financeiros do retalho africano.
A retalhista sul-africana Shoprite construiu, discretamente, uma das maiores bases de clientes bancários do país: quatro milhões de utilizadores em apenas cinco anos, sustentados por uma rede de mais de 2.800 lojas que funcionam como pontos seguros de envio e recepção de dinheiro. Agora, o gigante do retalho prepara-se para entrar abertamente no sector bancário, prometendo oferecer a única conta de zero custos da África do Sul e desafiar, com força crescente, o domínio dos bancos tradicionais.
A Evolução De Um Balcão De Serviços Para Um Banco Completo
O percurso da Shoprite na intermediação financeira começou em 1998 com o Money Market, inicialmente concebido como um balcão para pagamentos básicos. A sua transformação em conta bancária digital em 2020 criou uma plataforma sofisticada, alinhada com as exigências do consumidor moderno.
A empresa afirma que a Money Market é hoje a conta bancária de entrada mais acessível da África do Sul, o que explica a rápida adesão e a diversidade do público — incluindo milhões de clientes sub-bancarizados ou sem acesso a um banco formal.
A conta funciona como uma extensão digital do balcão Money Market, presente em quase todos os supermercados Shoprite e Checkers, permitindo aos clientes pagar contas, receber subsídios, enviar dinheiro, comprar recargas, adquirir electricidade pré-paga e efectuar uma série de transacções essenciais.
Desde 2023, beneficiários de subsídios sociais podem receber pagamentos directamente na conta, sem custos.
Transferências Domésticas E Regionais: A Base Do Crescimento
Jean Olivier, director de serviços financeiros da Shoprite, explica que o maior desafio enfrentado por muitos consumidores é a transferência segura de dinheiro para familiares, tanto dentro da África do Sul como entre países da região.
Milhões de sul-africanos não possuem contas bancárias tradicionais, tornando o envio de dinheiro um processo arriscado e muitas vezes caro. A Shoprite tornou-se, assim, o principal canal alternativo de remessas internas, com elevadíssima procura.
Com mais de 2.800 lojas que funcionam como pontos de envio e levantamento, o grupo criou a maior capilaridade física de serviços financeiros do país. Em algumas comunidades remotas, as lojas da Shoprite são mesmo os únicos locais seguros para receber dinheiro enviado por familiares que trabalham em centros urbanos.
Estas transferências — de conta para conta ou de balcão para balcão — tornaram-se o coração do negócio financeiro do grupo e a base a partir da qual pretende construir o seu banco digital.
Expansão Para Seguros E Serviços De Valor Acrescentado
O crescimento da Shoprite não se limita às transacções. Em parceria com a OUTsurance, a empresa oferece agora seguros funerários e para animais de estimação, reforçando o ecossistema de serviços e aumentando a permanência dos clientes dentro da plataforma.
A empresa sublinha no seu relatório integrado que está a criar um “one-stop shop” financeiro, onde os clientes podem realizar pagamentos, transferências, compras digitais e aceder a seguros tanto online como nos balcões Money Market.
O modelo gera receitas significativas através de comissões, mas também através de um aumento notável do tráfego nas lojas e da fidelização de clientes, estimulada pelo facto de quase todas as transacções dentro do grupo serem gratuitas.
Shoprite Assume Ambição Bancária: “Vamos Entrar No Mundo Da Banca”
Pieter Engelbrecht, CEO da Shoprite, confirmou recentemente que a empresa se prepara para competir directamente no sector financeiro:
“Vamos entrar no mundo da banca. Já temos uma conta bancária, que ainda nem começámos a promover.”
Segundo o executivo, a Shoprite oferecerá a única conta totalmente gratuita do mercado sul-africano, com zero mensalidades e zero taxas de transacção, cobrando apenas R5 por levantamentos.
A entrada mais agressiva na banca faz parte da estratégia do grupo para diversificar receitas e captar margens mais elevadas através de serviços financeiros — historicamente mais lucrativos do que o retalho alimentar.
Engelbrecht admite ainda que a empresa não procura desafiar Capitec directamente, mas vê potencial de parceria, dada a forte sobreposição de perfis de clientes entre ambas as instituições.
Um Modelo Com Lições Para Moçambique
O caso da Shoprite oferece sinalizações importantes para Moçambique:
A integração de serviços financeiros dentro de redes de retalho massivo pode acelerar a inclusão financeira, especialmente em zonas rurais e periurbanas. A criação de contas simples, baratas e acessíveis — como a Money Market — revela-se decisiva para atrair clientes não bancarizados. A convergência entre retalho, pagamentos, seguros e serviços digitais reforça fidelização e reduz custos de transacção. O uso de lojas físicas como pontos de levantamento e envio é uma vantagem competitiva difícil de replicar, e que pode servir de referência para operadores nacionais.
Num momento em que fintechs moçambicanas e operadores como o M-Pesa procuram consolidar ecossistemas próprios, o exemplo da Shoprite demonstra que a banca de retalho do futuro será híbrida, digital, integrada e assente em redes de proximidade.
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