
37 países africanos se industrializaram na última década em África
O relatório do Índice de Industrialização de África (AII) revela que os países com melhor desempenho não são necessariamente aqueles com as maiores economias, mas sim os que geram um elevado valor acrescentado de produção per capita
Eis as principais conclusões do Relatório:
- Adição de valor através da manufatura é mais importante que o tamanho das economias
- Durante o período de cobertura, Djibuti, Benim, Moçambique, Senegal, Etiópia, Ruanda, Tanzânia, Gana e Uganda melhoraram cinco ou mais lugares na classificação.
- Os melhores desempenhos não são necessariamente aqueles com as maiores economias, mas os países que geram um elevado valor acrescentado per capita, com uma proporção substancial de bens manufaturados destinados à exportação;
- O Norte de África continua a ser a região africana mais avançada em termos de desenvolvimento industrial, seguida pela África Austral, África Central, África Ocidental e África Oriental.
Trinta e sete dos 52 países africanos tornaram-se mais industrializados nos últimos onze anos, de acordo com um relatório recentemente divulgado pelo Banco Africano de Desenvolvimento, a União Africana e a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO).
O relatório do Índice de Industrialização de África (AII), uma iniciativa conjunta BAD e UNIDO, na sua edição inaugural, lançada à margem da Cimeira da União Africana sobre Industrialização e Diversificação Económica, em Niamey, no Níger, fornece uma avaliação a nível nacional dos progressos de 52 países africanos através de 19 indicadores-chave. A expectativa dos promotores da iniciativa, o BAD e A UNIDO, é que o mesmo venha permitir aos governos africanos identificar países comparáveis para aferir o seu próprio desempenho industrial e identificar as melhores práticas de forma mais eficaz.
Avaliação da industrialização através de várias métricas
Os 19 indicadores do Índice abrangem o desempenho da indústria transformadora, capital, trabalho, ambiente empresarial, infraestruturas e estabilidade macroeconómica.
O índice classifica também a industrialização dos países africanos em três dimensões: desempenho, determinantes diretos e determinantes indiretos. Os determinantes diretos incluem dotações, tais como capital e mão-de-obra, e a forma como estas são utilizadas para impulsionar o desenvolvimento industrial. Os determinantes indiretos incluem a criação de condições ambientais, tais como estabilidade macroeconómica, instituições e infraestruturas sólidas.


A África do Sul manteve uma classificação muito elevada ao longo do período 2010-2021, seguida de perto por Marrocos, que manteve o segundo lugar em 2022. Nos seis primeiros lugares ao longo do período estão o Egito, Tunísia, Maurícias e Essuatíni.
O Diretor do Banco Africano de Desenvolvimento para o Desenvolvimento Industrial e Comercial, Abdul Mokhtar, que representou a instituição no evento de lançamento disse:
“Apesar de África ter mostrado progressos encorajadores na industrialização durante o período 2010-2022, a pandemia de Covid-19 e a invasão russa da Ucrânia atrasaram os seus esforços e salientaram as lacunas nos sistemas de produção; o continente tem uma oportunidade única de resolver esta dependência através de uma maior integração e conquista dos seus próprios mercados emergentes”
“A Área de Comércio Livre Continental Africana está a criar uma oportunidade única de mercado único de 1,3 mil milhões de pessoas e um total agregado de despesas de consumo e negócios de até 4 biliões de dólares, que criam uma oportunidade para melhorar as suas ligações comerciais e de produção e finalmente aproveitar a competitividade industrial que resulta da integração regional, como outras regiões têm feito”, acrescentou.
O Banco Africano de Desenvolvimento investiu até 8 mil milhões de dólares ao longo dos últimos 5 anos no âmbito da sua prioridade estratégica (High-5) Industrializar África. “Só no setor farmacêutico, pretendemos gastar pelo menos 3 mil milhões de dólares até 2030”, exemplificou Mokhtar.
O Índice Industrial Africano reflete o compromisso do Banco em promover a industrialização como uma prioridade estratégica no âmbito da sua Estratégia decenal (2013-2022), e as suas 5 principais prioridades operacionais (High5).
A construção de uma indústria produtiva será parte integrante do desenvolvimento de África, oferecendo um caminho para uma transformação estrutural acelerada, a criação de empregos formais em escala e o crescimento inclusivo. No entanto, a quota de África na indústria transformadora mundial continuou a diminuir para o nível atual de menos de 2%. Políticas industriais mais proativas são encaradas como cruciais para inverter a tendência, mas estas são intensivas em conhecimento e requerem uma compreensão detalhada dos constrangimentos e oportunidades que cada país enfrenta.














