Condições das empresas inalteradas em Dezembro marca fim da sequência de crescimento

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  • As empresas verificaram poucas alterações nos volumes de novas encomendas
  • Os níveis de produção expandiram-se apenas ligeiramente
  • A actividade de aquisição sofreu a maior quebra dos últimos 11 meses

O sector privado moçambicano terminou o ano de 2022 de forma moderada, de acordo com os últimos dados do PMI do Standard Bank, uma vez que as empresas não registaram qualquer alteração nas condições de operação e o crescimento de novas encomendas quase estagnou.

De acordo com o PMI, o abrandamento originou apenas aumentos ligeiros na produção e no emprego, enquanto a aquisição de meios de produção diminuiu ao ritmo mais acentuado desde Janeiro.

Numa nota positiva, constata o PMI, as pressões relativas aos custos registaram apenas um ligeiro aumento relativamente ao mínimo recente de Novembro e mantiveram-se moderadas, e as empresas continuaram a registar um elevado grau de optimismo quanto ao panorama do próximo ano.

O principal valor calculado pelo inquérito é o Purchasing Managers’ Index™ (PMI™). Valores acima de 50,0 apontam para uma melhoria nas condições das empresas no mês anterior, ao passo que valores abaixo de 50,0 mostram uma deterioração.

O principal indicador do PMI caiu de 50,8 em Novembro para 50,0 em Dezembro, indicando a ausência de alterações na saúde do sector privado durante o mês. O indicador mais recente terminou uma sequência de crescimento que se estendia desde Fevereiro.

A diminuição registada no índice reflectiu em grande parte um abrandamento acentuado no crescimento de novos negócios no final do ano, com as empresas a registarem apenas um ligeiro aumento desde Novembro. Enquanto algumas empresas registaram um aumento do volume das encomendas e um aumento do número de clientes, outras assistiram a um enfraquecimento das condições de procura.

De modo semelhante, a actividade empresarial cresceu a um ritmo mais lento e modesto em Dezembro, já que as empresas indicaram que o fraco crescimento das novas encomendas afectou a produção. Além disso, a recuperação manteve-se concentrada, em grande parte, na indústria da construção, com os dados do sector a assinalar uma queda da produção nos sectores da agricultura, industrial e dos serviços, bem como uma estagnação no sector do comércio por grosso e a retalho.

A procura relativamente fraca contribuiu para uma redução na aquisição de meios de produção em Dezembro, a terceira verificada em quatro meses. Embora modesta, a taxa de contracção foi a mais rápida registada desde Janeiro, o que levou a um abrandamento do crescimento do inventário. As empresas continuaram a verificar uma melhoria no desempenho dos fornecedores, embora tenha sido a menos acentuada desde Agosto.

As empresas moçambicanas continuaram a aumentar o seu número de colaboradores em Dezembro, a meio de esforços para expandir a produção. Contudo, a taxa de criação de emprego foi ligeira. O aumento da produção e do emprego contribuiu para que as empresas conseguissem reduzir o trabalho pendente pelo quinto mês consecutivo.

Entretanto, as empresas registaram apenas um aumento moderado nos custos gerais dos meios de produção, embora a taxa de inflação tenha acelerado ligeiramente em relação ao mínimo recente de Novembro.

Nos casos em que os custos aumentaram, os membros do painel associaram tal situação, sobretudo, a questões de fornecimento, aumentos nos preços de aquisição e despesas mais elevadas com pessoal. Com a inflação sobre os custos a permanecer baixa, as empresas aumentaram os respectivos preços cobrados, com moderação, embora em maior grau do que no mês anterior. É de salientar que o sector da agricultura escapou à grande tendência e registou quedas tanto nos preços dos meios de produção como nos preços de produção.

As expectativas de produção mantiveram-se fortes e recuperaram de forma ligeira em relação ao mês anterior, com cerca de 55% dos membros do painel a preverem um crescimento para o próximo ano.

Relativamente aos resultados do inquérito, Fáusio Mussá, economista-chefe do Standard Bank – Moçambique, inferindo sobre as revelações do PMI, disse:

“Isto pode sugerir que o crescimento da procura agregada desacelerou, uma vez que o combate à inflação tem-se traduzido numa política monetária mais apertada. Também observamos uma política fiscal mais prudente, que se traduziu no anúncio do governo que este ano não pagaria o décimo terceiro salário, o que claramente tem impacto negativo no poder de compra dos funcionários do Estado”.

“Olhando para frente, existem alguns sinais encorajadores nos sub-índices das novas encomendas de exportação e das perspectivas futuras, que subiram. Muito provavelmente isto sugere algum optimismo relativamente às expectativas de retoma da construção em 2023, do projecto de gás natural liquefeito liderado pela Total Energies. Pode sugerir também que o forte desempenho dos sectores da agricultura e da indústria extractiva provavelmente irá manter-se em 2023.”

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