É provável que o CPMO, decida pelo início do ciclo de descida da taxa de juro, diz Fáusio Mussá Economista-Chefe do Standard Bank

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Cada vez mais temos que ser um pouco críticos em relação aos números que nos apresentam e a enfrentar este período com bastante realismo, afirma Fáusio Mussá, Economista-Chefe do Standard Bank

O Economista-Chefe do Standard Bank-Moçambique, Fáusio Mussá, disse num encontro de negócios realizado na capital do País, ser provável que a reunião desta sexta-feira, 22/09, do Comité de Politica Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique (BdM), possa decidir pelo início das descidas das taxas de juro

Depois de discorrer sobre aquilo que tem sido a postura do BdM – aumentar as taxas de juro para ajudar a conter a inflação e gerir uma série de riscos que a economia apresenta, – Fáusio Mussá, perspectiva que, “provavelmente, em relação às taxas de juro, o banco central pode iniciar um ciclo de redução”, entretanto, “pouco provável que isso aconteça perto do ciclo eleitoral”.

Questionado pelo O.Económico, se terão já sido atingidos os níveis desejados de controlo da inflação tais que possam permitir o início do tão desejado ciclo de descida das taxas de juro, Fáusio Mussá, foi perentório:

Fáusio Mussá Economista-Chefe do Standard Bank

  – “Eu penso que do ponto de vista da inflação já se justifica. Nós temos uma taxa de juro de referência de 17.25%, a inflação está em 4 %. Há riscos de termos algum aumento da inflação, mas se nós considerarmos que o nível de reservas obrigatórias que está bastante elevado, é possível que o Banco Central mantenha as reservas como instrumento para garantir que atinge certos objectivos com a política monetária”.

O Economista-Che do Standard Bank Moçambique, acredita que se comece a implementar medidas para aliviar a pressão nos custos da economia. Ou seja, “é possível atingir um objectivo de inflação, mesmo aliviando as taxas de juro”.

Diz Fausio Mussá que a sua convicção tem por base o facto de as reservas obrigatórias estarem a “fazer esse papel de ajudar a controlar a oferta monetária e garantir que um dos desequilíbrios que Moçambique apresenta, que é um elevado défice da balança de conta corrente da balança de pagamentos, possa ser gerido por via de um menor acesso ao financiamento”

Explicou ainda que:

 – “Moçambique não gera moeda externa suficiente para financiar a atividade normal da economia. O Governo central está a reduzir a oferta de moeda”.

A analise do economista, considera a política fiscal está a entrar num ritmo de corte de despesas para ajudar a reduzir o déficit fiscal e a reduzir a dependência do financiamento doméstico.

“Um Estado que se financia de forma menos agressiva no mercado doméstico abre espaço para que as empresas tenham melhores condições de financiamento. Então, estas políticas a médio prazo, na minha opinião, vão melhorar as condições de financiamento para as empresas moçambicanas. Mas é preciso passar por este período de aperto do cinto para que, quando estas empresas aumentarem a sua demanda por financiamento, que haja moeda externa suficiente para ajudar a manter o câmbio estável”, explicou Fáusio Mussa na analise que fez para o O.Economicos sobre as perspectivas económicas do País.

Colocou em perspectiva o facto de o cenário fiscal do Governo apontar para um horizonte até 2026 como um período em que o Estado pretende alcançar um rácio de dívida pública inferior a 50% do PIB. “ Eu penso que é possível e razoável mas se calhar Moçambique, ao aplicar este tipo de medidas, acaba por garantir que exista alguma sustentabilidade na forma como o Estado se financia, na forma como as empresas se financiam”. Ajustou.

Fazendo uma conjectura de curto prazo, considerou ser normal, sobretudo quando se aproximam ciclos eleitorais os governos aumentarem a despesa acima daquilo que a economia pode suportar. “E o resultado é que a correção é muito dolorosa”. Frisou.

“ Eu penso que de uma forma muito sóbria, Moçambique tomou decisões corretas para ajudar a manter a estabilidade macroeconómica”. Precisou.

Numa perspectiva mais empresarial Fáusio Mussá clarificou que a despeito da questão do “aperto do cinto”, do ponto de vista das perspectivas económicas, entre investir e desinvestir ou pura e simplesmente manter-se estático, respondendo a uma pergunta do O.Económico disse que a conjuntura actual é favorável ao investimento:

“Eu penso que é o momento para se tomarem decisões ponderadas. O que isso significa? Significa que provavelmente nós vamos continuar a ouvir sobre os grandes investimentos dos grandes projectos de investimento que vêm para Moçambique daqui. Brevemente vamos ter uma conferência que vai falar sobre o gás natural. Enfim, eu penso que é um momento para as empresas se posicionarem, ou seja, Moçambique vai entrar para um período onde vão surgir novas oportunidades de negócio”.

Concluindo disse que a o momento actual é de aperto de cinto vai passar: “Eu diria esperança de que este momento de aperto de cinto é temporário, e que provavelmente as coisas, se forem bem feitas, vão gerar um melhor ambiente de negócios”

Apelou que os agentes económicos olhassem para a conjuntura com realismo que os dados indicam e explicou porquê:

“Eu penso com realismo e, se calhar, é nós sermos um pouco mais atentos aos números. Por exemplo, quando nós dizemos com o crescimento do Produto Interno Bruto em Moçambique está a acelerar. Isso é um facto Mas se nós separarmos o que é a indústria extrativa do resto da economia, o resto da economia está a desacelerar. Então eu penso que cada vez mais temos que ser um pouco críticos em relação aos números que nos apresentam e a enfrentar este período com bastante realismo, porque algumas empresas não resistiram”. Frisou

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