Foram liquidadas até Setembro, facturas em atraso no total de 205,14 milhões de meticais – MEF

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O Governo garante que liquidou até Setembro o equivalente a quase 205 milhões de meticais em pagamentos atrasados, de anos anteriores, junto de fornecedores de bens e serviços, conforme documentos a que a Lusa teve na terça-feira, 14 de Novembro, acesso.

No relatório com o balanço económico e social da execução do Orçamento do Estado até ao terceiro trimestre de 2023, o Ministério da Economia e Finanças explica que na amortização da dívida interna, além do montante referente ao pagamento das Obrigações de Tesouro e do Financiamento Bancário, “foi ainda desembolsado o montante de 197 milhões de meticais”.

Trata-se, acrescenta, de um valor referente “ao pagamento das dívidas com fornecedores de bens e serviços, dos anos anteriores, no âmbito da Reestruturação e Consolidação Fiscal”.

No mesmo documento, o Governo garante que a dívida a fornecedores era de 697,5 milhões de meticais no final de 2022, que reduziu assim para 500,5 milhões de meticais no final de Setembro.

A Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique propôs na quinta-feira a inclusão de uma rubrica no Orçamento do Estado para 2024 para regularizar os pagamentos em atraso do Estado aos empresários, que estima em US$400 milhões de dólares.

Agostinho Vuma, Presidente da Confederação das Associações Económicas (CTA)

“O contínuo acúmulo das facturas por pagar aos fornecedores por parte do nosso Estado significa que as nossas PME [Pequenas e Médias Empresas], na sua maioria, estão a financiar o Estado moçambicano, limitando por isso o seu crescimento. A despesa pública, numa situação análoga, acaba sendo adversa e prejudicial para a nossa economia”, afirmou o presidente da CTA, Agostinho Vuma.

Ao intervir em Maputo, na abertura do Economic Briefing, evento trimestral em que a CTA apresenta aos empresário o balanço e as perspectivas económicas, que coincide com a discussão, na Assembleia da República, do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) para 2024, Vuma insistiu na adopção pelo Governo, naquele documento, de um “limite de endividamento do Estado com o sector privado”, travando a acumulação de pagamentos atrasados.

Segundo o responsável, isto seria uma “forma de ajudar a limitar o crescimento das facturas atrasadas, mas também aumentar a disciplina sobre as contas do Estado. Isso daria uma previsibilidade e uma projecção económica razoável para termos o nosso sector privado mais atento para todas as situações que afectam o desempenho das empresas”, explicou.

Além disso, a CTA propôs também que o Orçamento do Estado para o próximo ano inclua uma “rubrica específica” para o pagamento das facturas atrasadas aos fornecedores de bens e serviços.

“Mas também aos empreiteiros moçambicanos, mesmo que seja de forma parcial. Porque é isto que não permite, a seguir, que haja pagamento e, por outro lado, acumule-se a dívida do Estado para com o sector privado. Se formos a somar o valor acumulado em facturas atrasadas, em cerca de US$ 400 milhões de dólares norte-americanos, o ‘stock’ de crédito ao Estado é estimado em cerca de US$ 4,7 mil milhões de dólares”, apontou, acrescentando que o sector privado financia o Estado em cerca de 29% do Produto Interno Bruto.

“Então, podemos imaginar o que é que representa para o tecido, maioritariamente, de PME, que anseiam o crescimento”, reconheceu o presidente da CTA.

Vuma apelou também ao Governo para lançar concursos públicos “com previsibilidade de disponibilização de recursos financeiros”, para que seja possível a sua implementação e cumpridos os calendários pelas empresas.

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