
Conferência de Agro-negócio, Nutrição e Indústria Alimentar: Moçambique deve encontrar soluções para sistemas alimentares no contexto de crise, defende Celso Correia
- Terminou na tarde desta quarta-feira (06/12), a Conferência de Agro-negócio, nutrição e Indústria Alimentar. No segundo e último dia da conferência subordinada ao tema: “Repensar Funções para Sustentabilidade e Competitividade dos Sistemas Alimentares pela Nutrição” a sessão de abertura foi dirigida pelo Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER), Celso Correia.
Na sua intervenção, o Ministro Celso Correia disse que o tema nutrição e segurança alimentar são complexos e precisam de uma abordagem cautelosa. Para ele, a nutrição deve se concretizar da “machamba para o prato”.
“Mas, infelizmente, a realidade em Moçambique não é essa. Todos nós conhecemos os indicadores nacionais de nutrição e também de segurança alimentar, e sabemos as consequências desta realidade. Sentimos a necessidade de aprofundar este debate, não só para trocarmos experiência mas também para podermos educar-nos mais como país, para conhecermos o problema melhor, para encontrar as melhores soluções. Todos nós sabemos dos níveis de desnutrição crónica que o país atravessa”.
Nos últimos cinco anos os estudos indicam que há inversão nos indicadores da pobreza, o que se traduz no agravamento do índice de desnutrição. Correia reconhece o posicionamento, contudo justifica com os desastres naturais dos últimos cinco anos.
“Foram aproximadamente cerca de três milhões de moçambicanos que nos últimos cinco anos tiveram de ter assistência alimentar directa, o correspondente a 10 por cento da população. Em 2018 tivemos o ciclone Idai; em 2020, a Covid-19. Depois todos ficamos em casa durante 2 anos. Só podemos de facto estar à vontade um ano como país, como sector privado, como governo, como organizações da sociedade civil”.
Celso Correia diz que as crises têm mais impacto sobre as pessoas depois da ocorrência.
“Nós estamos a viver profundamente os efeitos desses choques todos que temos vivido, e que convergiram naquilo que nós eventualmente chamamos de tempestade perfeita, e traz consequências muito graves. E as consequências não são só para aqueles milhares de pessoas que tiveram de ter assistência alimentar directa, mas também para as empresas. Nós, ainda como sociedade, ainda não fizemos um exercício de ver o que custaram estas crises durante estes cinco anos para podermos fazer uma avaliação do desempenho da sociedade moçambicana e do País, como deve ser”. Disse
O Ministro do MADER acrescenta que “Foram milhões de dólares que o País teve que desviar de outras iniciativas para poder alimentar a própria linha e para poder evitar uma crise alimentar provavelmente sem precedentes como estamos a viver na zona do Sahel agora”.
Correia diz que Moçambique, assim como todos os outros países que até hoje estão com fome, vivem de adaptação às crises que vieram de choques. O grande desafio que se impõe é encontrar soluções para tirar as pessoas da desnutrição
“Hoje o grande desafio de Moçambique, do globo, é encontrar soluções para sistemas alimentares sustentáveis num contexto em que não há sinais de que vai mudar. As crises provavelmente vão continuar e aqui, com maior incidência para as crises climáticas, sabemos dos choques económicos. Então o país tem que se preparar e tem que olhar para a sua experiência dos últimos cinco anos e ver como vai enfrentar as próximas crises”.
Contrariamente, há o perigo de se continuar com crianças desnutridas e hipotecar a força de trabalho que faria diferença nos próximos anos por conta da ausência de políticas e de respostas de consciência nacional para um tema sensível”.
“E isso mostra que as nações têm que encontrar soluções realísticas. Porque o problema do mundo já não são mudanças climáticas, mas mudanças de mentalidades. Então, é muito importante que o nosso País tenha um pensamento próprio, um pensamento realista e um pensamento pragmático e com as soluções locais também e que não fique a depender das soluções que foram vendidas”.
Apesar das crises dos últimos cinco anos, Celso Correia defende que alguma coisa foi feita no sector das energias que podem ser fonte de renda e desenvolvimento.
“Conseguimos ter uma política de energias renováveis razoável. Como nação, também não podemos ignorar que temos algumas coisas que podem nos ajudar a ter alguma independência financeira, como o gás. Defendemos a transição energética, mas há um problema básico que deve ficar resolvido nos próximos 20 anos”.
O problema de alimentação e água devem ser resolvidos nesta geração, como próprios desta geração porque para além da alimentação, a nutrição envolve outro problema. Aponta Correia.
“Mas nos próximos anos é necessário encontrar uma solução definitiva ou um compromisso nacional para que todos tenham acesso a alimentos e educação nutricional, porque o grande problema também em Moçambique não é somente o acesso a alimentos é a educação nutricional”.
Por sua vez, o Presidente da CTA, Agostinho Vuma, defendeu a necessidade de se investir maiores recursos para aumentar a disponibilidade de alimentos, assim como fortificá-los, com vista a reduzir significativamente a desnutrição crónica que ainda afecta a população moçambicana.
Igualmente, referiu-se à necessidade de se investir na intensificação da educação nutricional, porquanto pode ajudar a combater e reduzir os níveis de desnutrição, sobretudo nas províncias com maior disponibilidade de alimentos.
Já o Director da Aliança Global para Melhoria da Nutrição – GAIN em Moçambique, Gaspar Cuambe, destacou o papel do sector privado na identificação de soluções para acelerar o desenvolvimento dos sistemas alimentares nacionais. Por isso, a Rede SBNMOZ apoia, também, a implementação de iniciativas de nutrição no local de trabalho e na identificação de oportunidades de acesso a assistência técnica e a financiamento, para as empresas.
MOÇAMBIQUE APOSTA NA PRODUÇÃO DE RAÇÕES PARA REVERTER QUEDA NA AVICULTURA
30 de Outubro, 2025
Mais notícias
-
Plataforma vai garantir a formação de um total de 2500 jovens
18 de Julho, 2023 -
União Europeia e Portugal apelam ao diálogo em Moçambique
26 de Dezembro, 2024
Conecte-se a Nós
Economia Global
-
EXXONMOBIL CANCELA BRIEFING SOBRE PROJECTO DE 30 MIL MILHÕES USD EM MOÇAMBIQUE
30 de Outubro, 2025 -
METAIS RAROS: A MATÉRIA-PRIMA INVISÍVEL QUE MOVE A NOVA ECONOMIA MUNDIAL
30 de Outubro, 2025
Mais Vistos
Sobre Nós
O Económico assegura a sua eficácia mediante a consolidação de uma marca única e distinta, cujo valor é a sua capacidade de gerar e disseminar conteúdos informativos e formativos de especialidade económica em termos tais que estes se traduzem em mais-valias para quem recebe, acompanha e absorve as informações veiculadas nos diferentes meios do projecto. Portanto, o Económico apresenta valências importantes para os objectivos institucionais e de negócios das empresas.
últimas notícias
-
EXXONMOBIL CANCELA BRIEFING SOBRE PROJECTO DE 30 MIL MILHÕES USD EM MOÇAMBIQUE
30 de Outubro, 2025 -
METAIS RAROS: A MATÉRIA-PRIMA INVISÍVEL QUE MOVE A NOVA ECONOMIA MUNDIAL
30 de Outubro, 2025
Mais Acessados
-
Economia Informal: um problema ou uma solução?
16 de Agosto, 2019 -
LAM REDUZ PREÇO DE PASSAGENS EM 30%
25 de Maio, 2023
















