
COVID-19: Sector de Transportes com perdas que ascendem mais de sete milhões de meticais
De acordo com um Comunicado de Imprensa divulgado recentemente pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), o Sector de Transportes como um todo registou perdas em média 83% nos últimos três meses o que representa prejuízos que ascendem os 7.594 milhões de meticais e cerca de 1200 postos de emprego suspensos, estando actualmente metade da massa laboral deste sector em risco de perder os seus postos de trabalho.
Denominado “Impacto da COVID-19 no Sector de Transportes”, o documento considera que um dos condicionalismos estabelecidos envolveram a obrigatoriedade dos transportadores colectivos e semi-colectivos de passageiros transportar na igualdade do número de lugares disponíveis nos autocarros. “Isto levou a uma redução da capacidade de transporte, o que levou a uma redução das receitas obtidas pelos operadores nesse ramo em média de 85%, corresponde a cerca de 3435 milhões de meticais”, lê-se no documento.
Segundo a CTA, os operadores de transporte rodoviário internacional de passageiros suspenderam actividades devido ao encerramento das fronteiras terrestres para passageiros, obrigando cerca de 700 operadores a paralisar as suas actividades e perda de receitas em 100%, cerca de 56.4 milhões de meticais. Adicionalmente, refere a CTA, decorrente da limitação imposta pelo Decreto Presidencial 14/2020 na circulação interna de pessoas, os operadores de transporte interprovincial registaram quedas nos volumes de negócios em cerca de 75%, o que representa cerca de 3144 milhões de Meticais.
Já os transportadores urbanos e inter-urbanos, continua a nossa fonte, têm adoptado estratégias de sobrevivência que incluem a rotatividade de realização das actividades entre os vários operadores de uma determinada rota. Não obstante, anota-se no documento, o nível de perdas é avultado, cujas estimativas estão em cerca de 234.9 milhões de meticais em todo o país, o que representa uma perda de 75% da receita esperado nos últimos três meses.

Transporte rodoviário de passageiros internacional suspendeu 500 trabalhadores
“Existe uma tendência de não suspensão de contratos de trabalho por parte dos empregadores devido os problemas sociais que esta medida poderá causar, no entanto se esta situação prevalecer as empresas poderão ver-se forçadas a reestruturar os contratos com os seus trabalhadores. Entretanto, como forma de se proteger deste impacto os operadores de transporte de passageiros poderão ver-se forçados a restruturar os contratos com os trabalhadores para permitir que o fluxo de caixa actual possibilite o empregar a cumprir as suas obrigações salariais”, adianta o estudo, acrescentando que apenas o ramo rodoviário de passageiros internacional é que encerrou as actividades devido ao encerramento de fronteiras deixando mais de 500 trabalhadores suspensos.

Transporte de carga afectado pela demora nas fronteiras e suspensão de actividades
Para a CTA, ainda que se tenha permitido a circulação de mercadorias internas, a suspensão de actividade das empresas levaram ao esfriamento do transporte de carga nesse seguimento aglutinado pela impossibilidade de trânsito internacional de mercadorias consideradas não essenciais.
“Aliado ao facto supramencionado, está a demora na fronteira do Ressano Garcia com a Africa do Sul que faz com que a viagem leve cerca do dobro de tempo normal, provocando um aumento dos custos fixos, o encerramento da fronteira de Calombe cujo impacto foi de acréscimo de USD 300 (cerca de 20.8 mil meticais) por cada viagem para a fronteira alternativa”.
A título de exemplo, como faz referência o documento, só a província de Sofala tem cerca de 272 empresas de transporte de carga que opera numa frota de 1686 camiões. “No corredor da Beira, no geral, de Janeiro a Maio o nível de actividade baixou, devido à renegociação de contratos e o restabelecimento do consumo/procura normal depois do final do ano”. Entretanto, salienta o estudo, devido à COVID- 19, o volume de negócio em Maio esteve abaixo em cerca de 50%, o equivalente a 3.5 mil milhões de Meticais, quando comparado com o registado no mês de Maio do ano de 2019.
Este impacto foi transmitido por dois meios, sendo o primeiro através da roptura no fornecimento de carga para os países do hinterland que usam o corredor da Beira para transitar os seus produtos vindos da China e Índia (que estiveram em lockdown por um período considerável) e, por outro lado, a procura dos países do hinterland que usam o porto da Beira e os armazenistas nacionais reduziu porque muitas empresas suspenderam as suas actividades.
400 trabalhadores em risco…
“Não houve suspensão de contratos de trabalho nem renegociação dos termos contratuais pelos empregadores devido aos custos sociais que estariam relacionados a esta medida num contexto em que a economia não está a gerar emprego. Porém, a manter-se a actual situação existe o risco de haver alteração dos termos contractuais”, considera o estudo.
Conforme a entidade que estamos a citar, a implementação da norma de 1/3 dos trabalhadores nas instalações permitiu alguma redução nos custos operacionais associados nomeadamente, electricidade, refeições, internet, etc. “Entretanto, não obstante a relevância desta redução, não foi suficiente para compensar a perda do volume de negócios associado a obrigação de compensação de 100% do salário dos trabalhadores”, frisa.
No entanto, a paralisação das operações pelas mineradoras coloca em risco cerca 400 trabalhadores em relação a continuidade de seus contracos, devido à suspensão dos contractos das empresas que fazem o escoamento do carvão.

Transporte aéreo de passageiros lesado em de 658.7 milhões de meticais
A CTA afirma que encerramento das fronteiras impactou nos serviços de transporte aéreo internacional não essencial com uma perda de 100% do volume de negócios, e a queda em 85% da demanda interna por transporte aéreo de passageiros domésticos registou perdas em 87% do volume de negócios, que corresponde a cerca de 658.7 milhões de Meticais.
“Numa primeira fase haviam sido cancelados os voos para o exterior excluindo a África do Sul (Johanesburgo) tendo esta sido cancelada a posterior devido ao nível de envolvimento entre as partes. Não obstante esta verificação, os operadores não suspenderam contratos de trabalho para proteger os funcionários” e, neste momento “a actividade de transporte aéreo está actualmente a acontecer com um custo operacional reduzido devido a suspensão de voos e condicionalismo para desempenho de actividades dos trabalhadores”.
Volume de negócio no transporte marítimo caiu em 30%
“O volume de negócios na área de agenciamento registou uma redução na ordem de 30% para o segmento de carga geral e chega a 48% para o segmento pesqueiro”. Para além deste aspecto, a CTA observa que o volume de facturação sofre pressão quando a quantidade de navios reduz, o que pressupõe o registo de alguma demora na liquidação de facturas quer internas e internacionais, apesar de a última adiantar sempre uma parte significativa.
“As empresas de agenciamento não reportaram casos de redução de trabalhadores que impactassem as actividades, contudo não há novas admissões e está a aplicar-se a rotatividade laboral e segue-se o plano normal de férias estabelecido para o ano.
 
                			
                                        			

















