
Morre o Papa Francisco: um homem de fé, justiça social e economia para o bem comum
- O primeiro Papa latino-americano deixa um legado espiritual profundo e uma visão económica crítica ao modelo neoliberal, centrada na dignidade humana, na justiça distributiva e no cuidado da Casa Comum
Destaques:
- Crítico do sistema económico global baseado na exclusão e no desperdício;
- Defensor de uma economia ecológica, solidária e centrada no ser humano;
- Promoveu a “Economia de Francisco”, movimento global com jovens economistas e empreendedores;
- O seu magistério influenciou debates sobre dívida externa, desigualdades e ética nos negócios.
O mundo despede-se de Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, um líder espiritual com pensamento económico estruturado, que faleceu aos 88 anos, em Roma. Primeiro Pontífice oriundo da América Latina, Francisco marcou o seu papado por uma abordagem pastoral centrada na misericórdia, mas também por uma crítica profunda às injustiças do sistema económico mundial. Para ele, não se tratava apenas de fé: a economia era uma questão moral.
Desde a sua eleição, em 2013, Francisco deixou claro que via a economia como um campo central da acção cristã. Na sua exortação apostólica Evangelii Gaudium (2013), denunciou “uma economia de exclusão e desigualdade” e afirmou com veemência: “Esta economia mata”.
Contrariando a lógica do mercado como entidade auto-reguladora e moralmente neutra, o Papa defendia uma economia que servisse o homem e não o contrário. Os seus escritos, discursos e iniciativas estiveram imbuídos de princípios de justiça social, cuidado com os mais pobres e sustentabilidade ambiental — conceitos que conjugava sob o termo “ecologia integral”.
Francisco não hesitava em questionar frontalmente os excessos do capitalismo financeiro. No Laudato Si’ (2015), a sua encíclica sobre o cuidado da Casa Comum, apelava à superação do paradigma tecnocrático e do consumismo desenfreado. E foi além: convocou jovens economistas e líderes empresariais para a iniciativa internacional “Economia de Francisco”, lançada em 2019, com o objectivo de construir um novo modelo económico mais justo e regenerativo.
Entre os seus temas de reflexão constante estiveram:
- A dívida externa dos países pobres, que considerava ilegítima quando impedia o desenvolvimento humano;
- A desigualdade extrema, vista como ameaça à coesão social e à paz;
- A necessidade de uma ética nos negócios, onde a empresa não vise apenas o lucro, mas contribua para o bem comum.
A sua visão foi frequentemente associada à Doutrina Social da Igreja, mas Francisco actualizou-a para o século XXI com uma linguagem directa, acessível e muitas vezes disruptiva. “Digamos não a uma economia de exclusão. Digamos não à idolatria do dinheiro”, escreveu.
Legado Económico
A morte de Francisco deixa um vazio não apenas no campo espiritual, mas também no debate global sobre o papel da economia na vida das pessoas. Para muitos, o seu legado reside na coragem de unir fé e economia, denunciando injustiças e propondo alternativas.
O futuro da “Economia de Francisco” e de outras iniciativas por ele inspiradas dependerá agora da capacidade das novas gerações de pensadores e líderes em continuar esse caminho de justiça, sustentabilidade e humanismo económico.
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