Mercados Energéticos Pressionados pela Guerra Comercial e Excesso de Oferta: Brent Caiu para US$ 63,53; WTI Recuou para US$ 59,71

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  • Queda livre do petróleo, em Abril,  marca maior desvalorização mensal em três anos

Os preços do petróleo registaram, em Abril de 2025, a sua maior queda mensal desde Novembro de 2021. O Brent e o WTI desvalorizaram mais de 15% num mês marcado pelo agravamento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, indicadores económicos desfavoráveis e receios crescentes de excesso de oferta por parte da OPEP+.

O mês de Abril de 2025 ficará marcado como um dos mais turbulentos para os mercados petrolíferos nos últimos anos. O Brent e o West Texas Intermediate (WTI) — principais referências globais de crude — registaram perdas mensais de 15% e 16%, respectivamente, atingindo os níveis mais baixos em mais de dois anos. O Brent fixou-se em 63,53 USD por barril, enquanto o WTI caiu para 59,71 USD.

A principal causa desta desvalorização abrupta está relacionada com a intensificação da guerra comercial entre as duas maiores economias e consumidoras de petróleo do mundo. O anúncio, a 2 de Abril, de novas tarifas por parte do Presidente Donald Trump, e as subsequentes retaliações da China, abalaram a confiança dos investidores e agravaram as previsões de recessão global.

Efeitos imediatos sobre a procura e sentimento do mercado

Na China, o índice dos gestores de compras (PMI) industrial sofreu a maior contracção dos últimos 16 meses, sinalizando uma queda acentuada da actividade fabril e, por consequência, da procura energética. Por sua vez, nos Estados Unidos, os dados revelaram uma queda abrupta da confiança dos consumidores, que atingiu o nível mais baixo em quase cinco anos.

Segundo Daniel Hynes, estratega de matérias-primas do ANZ Bank, parte da recente robustez dos indicadores norte-americanos deveu-se ao stockpiling prévio das empresas face à antecipação de tarifas — um efeito que agora começa a dissipar-se.

Oferta sob vigilância: OPEP+ e reservas dos EUA preocupam

Para além da deterioração da procura, o mercado enfrenta ainda pressões do lado da oferta. A OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) reúne-se a 5 de Maio, e fontes indicam que poderá aprovar um novo aumento de produção, o segundo consecutivo. Tal cenário agrava o desequilíbrio entre oferta e procura.

Os dados do American Petroleum Institute (API) indicaram um aumento semanal de 3,8 milhões de barris nas reservas dos Estados Unidos. Estima-se que os dados oficiais confirmem uma subida de cerca de 400 mil barris, o que reforça a percepção de excesso de inventário num contexto de procura enfraquecida.

Perspectiva para os próximos meses

Apesar de algumas ordens executivas recentes assinadas por Trump visando suavizar os efeitos das tarifas automóveis, os analistas consideram que o mercado petrolífero continuará sob pressão, dado que a Administração norte-americana parece determinada a manter os preços do petróleo baixos como instrumento de controlo da inflação.

A combinação entre desaceleração económica global, tensões geopolíticas e sinais de aumento da oferta cria um ambiente volátil, com potenciais repercussões sobre países exportadores e consumidores, incluindo Moçambique, cujo equilíbrio orçamental depende em parte do comportamento do mercado energético internacional.

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