
Banca Moçambicana Mantém Solidez, Mas Enfrenta Desafios na Eficiência e Qualidade do Crédito
- ácios de capital mostram resiliência do sistema, mas custos operacionais elevados e crédito malparado continuam a preocupar reguladores e investidores
O sistema bancário moçambicano arrancou o ano de 2025 com níveis sólidos de capitalização e solvabilidade, segundo os dados divulgados pelo Banco de Moçambique no seu relatório sobre os Indicadores Prudenciais e Económico-Financeiros do Sistema Bancário – 1.º Trimestre de 2025. Contudo, o mesmo documento expõe fragilidades persistentes em áreas como a qualidade dos activos, o controlo da inadimplência e a eficiência operacional.
A maioria dos bancos em actividade em Moçambique apresenta rácios de capital confortáveis, com destaque para instituições como o BNI, que registou um rácio de solvabilidade acima dos 41%, e o BIG, com níveis ainda mais expressivos. Os rácios de Tier 1 Capital — que reflectem a capacidade dos bancos absorverem perdas sem recorrer a capital externo — confirmam a resiliência estrutural do sistema financeiro, num contexto económico ainda marcado por incertezas internas e externas.
Contudo, esta solidez não é uniforme. Alguns bancos, sobretudo os de menor dimensão ou perfil especializado, revelam margens prudenciais mais estreitas, o que poderá limitar a sua capacidade de resposta a choques macroeconómicos, alterações regulatórias ou variações abruptas da procura de crédito.
Crédito vencido em níveis preocupantes
Os dados mais sensíveis continuam a estar ligados à qualidade do crédito. Em várias instituições, os rácios de crédito malparado (NPL) ultrapassam os 20%, muito acima dos padrões recomendados a nível internacional. Embora algumas destas instituições apresentem rácios elevados de cobertura, outras exibem níveis insuficientes de provisões, o que as torna vulneráveis a deteriorações adicionais da carteira de crédito.
A supervisão bancária continuará, assim, a ter de lidar com um duplo desafio: garantir que os bancos mantêm coberturas prudentes e exigem garantias adequadas, ao mesmo tempo que fomentam o financiamento produtivo num contexto de lenta retoma económica.
Custos altos reduzem margem operacional
Outro aspecto que salta à vista nos dados é a ineficiência operacional. Vários bancos continuam a operar com custos estruturais elevados, o que se reflecte em rácios de eficiência muito acima do desejável. Em algumas instituições, os custos de funcionamento absorvem mais de 60% das receitas operacionais, o que dificulta a rentabilidade e reduz a capacidade de reinvestimento e expansão.
Especialistas consideram que a transformação digital, a racionalização das redes físicas e a aposta em novos serviços financeiros serão determinantes para melhorar este indicador nos próximos trimestres.
Instituições digitais crescem, mas exigem monitoria reforçada
A presença de operadores como M-Pesa, M-Kesh e M-Mola nos dados revela o papel crescente dos serviços financeiros móveis e digitais no sistema moçambicano. Estas entidades apresentam, em geral, rácios de capital muito robustos, o que reflecte a sua menor exposição ao risco de crédito. No entanto, levantam desafios próprios em matéria de supervisão, sustentabilidade e inclusão, exigindo abordagens regulatórias ajustadas à sua natureza e escala.
Panorama geral: estabilidade com pontos de atenção
No geral, os indicadores do primeiro trimestre de 2025 traçam um retrato de um sistema bancário estável, mas pressionado. A robustez do capital e da solvência oferece confiança, mas o crédito malparado elevado e a baixa eficiência operacional são factores que merecem acção imediata.
Com o contexto económico global a manter-se volátil — e com a necessidade de maior mobilização interna para o financiamento ao investimento — os bancos moçambicanos terão de reforçar a gestão de risco, melhorar a governação e acelerar a modernização digital, de forma a garantir a sua viabilidade a médio e longo prazo.
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