O sector energético moçambicano acaba de receber um impulso decisivo com a aprovação, pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), de 43,6 milhões de dólares americanos para a construção da linha de transmissão Namaacha–Boane, uma infra-estrutura que irá transportar energia eólica do futuro parque de 120 MW para comunidades em Moçambique e, potencialmente, para toda a região da África Austral.

Infra-estrutura ao Serviço da Transição Energética

O financiamento, composto por 33,2 milhões de dólares do Fundo Africano de Desenvolvimento (ADF) e 10,4 milhões de dólares da Climate Action Window, integra-se num esforço mais amplo para acelerar infra-estruturas climáticas resilientes nos países africanos de baixo rendimento. A linha de 66 quilovolts e 43 quilómetros será acompanhada de investimentos em actualização de rede e equipamento para garantir entrega estável de energia.

A nova infra-estrutura terá a capacidade de transportar até 332 gigawatts-hora de energia limpa por ano, proveniente do parque eólico de Namaacha, situado no sudoeste do país. O projecto será executado pela Electricidade de Moçambique (EDM) em parceria com a empresa Central Eléctrica da Namaacha (CEN), um consórcio liderado pelo sector privado que envolve a Globeleq Africa Limited e a Source Energia.

Impacto Económico, Ambiental e Social

A importância do projecto transcende a questão energética. Espera-se que ele:

  • Permita milhares de novas ligações eléctricas, especialmente em zonas rurais e subatendidas;
  • Reduza as emissões de dióxido de carbono em mais de 71 mil toneladas por ano;
  • Reforce a posição de Moçambique no Mercado de Energia da África Austral (Southern African Power Pool), alavancando o comércio transfronteiriço de energia;
  • Aumente a resiliência do sistema eléctrico nacional, ao mesmo tempo que contribui para a universalização da electrificação até 2030, meta inscrita na iniciativa governamental Missão 300.

Integração com a Estratégia “Light Up and Power Africa”

Segundo o BAD, o projecto alinha-se com a sua prioridade estratégica Light Up and Power Africa e com os compromissos do Acordo de Paris. É também um componente da Missão 300, lançada em 2024 por uma coligação de parceiros multilaterais, incluindo o BAD e o Banco Mundial, visando acelerar o acesso à energia em África, onde mais de 600 milhões de pessoas ainda vivem sem electricidade.

Para Moçambique, trata-se de um avanço concreto na sua estratégia de diversificação da matriz energética, apostando cada vez mais em renováveis como o solar, o eólico e soluções descentralizadas. A província de Maputo torna-se, com este projecto, um ponto estratégico na produção e distribuição de energia limpa.

A linha Namaacha–Boane simboliza um novo capítulo na infraestrutura eléctrica de Moçambique, respondendo simultaneamente a desafios de acesso, estabilidade e sustentabilidade. Representa uma acção concreta no sentido de uma transição energética justa e pragmática, onde o sector público e o privado convergem para construir soluções estruturantes.

Este movimento fortalece o posicionamento de Moçambique como hub energético regional e reforça o papel do país nas cadeias de fornecimento de energia verde para a África Austral — num momento em que o mundo procura soluções que aliem segurança energética, justiça climática e impacto económico.

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