
OPEC+ Avança Com Aumento De Produção Enquanto Geopolítica Reacende Tensões No Mercado Petrolífero
- A recuperação da oferta liderada pela OPEC+ colide com a escalada de tensões entre os EUA e a Índia sobre o petróleo russo, testando o equilíbrio do mercado global e a autonomia energética das economias emergentes.
Questões-Chave:
- OPEC+ confirma aumento de produção de 547 mil barris/dia em Setembro, alinhado com expectativas de mercado;
- Medida visa recuperar quota de mercado num contexto de procura saudável e stocks reduzidos;
- Trump ameaça impor tarifas secundárias de 100% aos compradores de petróleo russo, mirando sobretudo a Índia;
- A Índia resiste às pressões dos EUA e reafirma que manterá as importações de crude russo;
- Possível desvio de 1,7 milhões bpd poderá reverter excedente previsto e forçar nova reavaliação da produção.
Com o anúncio de um novo aumento de produção por parte da OPEC+ e a intensificação das ameaças geopolíticas entre EUA e Índia, o mercado petrolífero global entra num novo ciclo de volatilidade. À estabilidade estratégica da oferta contrapõem-se os riscos de disrupção nas cadeias de abastecimento, com implicações profundas para a geoeconomia da energia.
O mercado global de petróleo enfrenta um duplo movimento de forças. Por um lado, a OPEC+, liderada pela Arábia Saudita e pela Rússia, decidiu avançar com mais um aumento de produção, adicionando 547 mil barris por dia (bpd) a partir de Setembro. A medida, amplamente antecipada, visa consolidar a posição do cartel num cenário de recuperação económica, baixa de reservas e robustez da procura, sobretudo na Ásia.
Este aumento eleva para cerca de 2,5 milhões bpd o total de barris reintroduzidos no mercado nos últimos ciclos — o equivalente a 2,4% da procura mundial. Contudo, analistas da Goldman Sachs estimam que o aumento efectivo será de 1,7 milhões bpd, considerando os ajustamentos internos dentro da OPEC+ por compensações a cortes passados.
Segundo Michael McCarthy, CEO da Moomoo Australia, o impacto desta decisão no mercado foi mitigado pela forte sinalização prévia e pela confiança na absorção, sobretudo nos mercados asiáticos. A Ásia, com destaque para a China e Índia, mantém-se como principal amortecedor da produção adicional.
Mas é precisamente nesta região que irrompe a tensão geopolítica. Donald Trump, numa nova vaga de medidas coercivas, ameaçou impor tarifas secundárias de 100% a países que continuem a importar petróleo russo — medida claramente direccionada à Índia, um dos maiores compradores de crude russo desde o início da guerra na Ucrânia.
Apesar da pressão, duas fontes oficiais do governo indiano garantiram à Reuters que o país manterá as compras à Rússia, privilegiando a segurança energética e os interesses estratégicos nacionais. Contudo, dados da LSEG confirmam que dois navios petroleiros com destino a refinarias indianas foram desviados após o anúncio das novas sanções, revelando que os riscos de disrupção são reais.
Analistas da ING alertam que, se a Índia recuar, até 1,7 milhões de bpd podem sair do mercado, eliminando o excedente previsto para o último trimestre de 2025 e início de 2026. Esta eventual lacuna pode forçar a OPEC+ a adiar ou cancelar cortes programados, abrindo um novo ciclo de reposicionamento estratégico no seio do grupo.
O cenário confirma o carácter intrinsecamente político do mercado petrolífero global. Mais do que questões de oferta e procura, são as decisões de Washington, Moscovo, Riade e Nova Deli que moldam o fluxo de barris e os equilíbrios de preço.
Para países importadores líquidos — como Moçambique e várias economias africanas — este ambiente volátil representa uma ameaça significativa: preços instáveis, riscos de escassez e margens de negociação reduzidas.
Numa altura em que a OPEC+ procura estabilidade e protagonismo, e as grandes potências reconfiguram alianças energéticas, o petróleo reafirma-se não apenas como fonte de energia, mas como instrumento geopolítico de dissuasão, coerção e autonomia.
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