
Corte da USAID Aumenta Pressão Cambial em Moçambique e Aprofunda Escassez de Divisas
- Apoio norte-americano equivalia a 3% do PIB e a sua suspensão comprometeu sectores como saúde, educação e emprego, com perdas de 2.500 postos de trabalho.
Questões-Chave:
- A USAID representava cerca de 3% do Produto Interno Bruto moçambicano em 2024, segundo a agência de notação Fitch;
- O fim do apoio norte-americano agravou a escassez de moeda estrangeira no país, avança a Agência Lusa;
- A Fitch manteve Moçambique no nível de notação CCC, com reservas consideradas estáveis, mas com riscos persistentes;
- Pelo menos 2.500 empregos foram perdidos com o corte da ajuda da USAID, segundo dados do Governo moçambicano citados pela Lusa;
- O Banco de Moçambique e o Governo adoptaram medidas para mitigar a escassez de divisas, incluindo maior conversão obrigatória de receitas de exportação.
A suspensão das actividades da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) em Moçambique — anunciada oficialmente a 1 de Julho de 2025 — está a ter impactos económicos significativos, sobretudo na disponibilidade de divisas no mercado cambial, segundo alerta recente da agência de notação financeira Fitch, conforme reportado pela Agência Lusa.
A Fitch aponta que a escassez de moeda estrangeira no país agravou-se em 2025, “em parte devido à queda dos desembolsos externos ao Governo e à suspensão da USAID”, noticiou a Agência Lusa com base na mais recente avaliação de risco do país. Esta agência norte-americana havia disponibilizado, em 2024, cerca de 586 milhões de dólares (505 milhões de euros) para Moçambique, essencialmente em projectos nas áreas da saúde e da educação — um volume equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
A decisão do novo Governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, de encerrar definitivamente a operação da USAID, representa não apenas um corte nos financiamentos públicos e sociais, mas uma retração significativa na entrada de divisas. Este choque financeiro acontece num contexto já fragilizado, em que a Fitch manteve a notação CCC para Moçambique, o último nível antes da classificação de incumprimento.
Dados oficiais indicam que pelo menos 2.500 postos de trabalho foram eliminados com o fim da ajuda externa da USAID. “O último encontro que tive com o grupo de organizações que beneficiavam do financiamento indicou cerca de 2.500 postos perdidos”, revelou a ministra do Trabalho, Género e Acção Social, Ivete Alane, em declarações recolhidas pela Lusa.
Como forma de resposta, o Banco de Moçambique aumentou a percentagem de receitas de exportação que devem ser obrigatoriamente convertidas em moeda local, de 30% para 50%, tentando, com isso, aumentar a disponibilidade de divisas. “Com vista a impulsionar as vendas ao público, o Banco reduziu recentemente os limites de retenção diária de divisas adquiridas pelos bancos”, declarou o governador Rogério Zandamela, citado pela Lusa.
A Fitch prevê que as reservas internacionais moçambicanas se mantenham “amplamente estáveis” em torno dos 3.500 milhões de dólares (3.020 milhões de euros) ao longo de 2025. No entanto, alerta que “os riscos persistem”, sobretudo com a manutenção de um ambiente externo adverso e o abrandamento dos fluxos financeiros internacionais para Moçambique.
A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) já havia soado o alarme em Fevereiro, notando que a escassez de divisas estava a afectar “sectores críticos como saúde, aviação, combustíveis e a importação de produtos alimentares”, conforme recorda a Agência Lusa.
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