
Transporte Marítimo Global em 2025: Comércio Moderado, Custos Voláteis e Pressões de Transição
Questões-Chave
- Comércio marítimo cresceu 2,2% em 2024, mas deve desacelerar para 0,5% em 2025;
- Reroteamento via Cabo da Boa Esperança aumenta distâncias médias das rotas e custos operacionais;
- Volatilidade dos fretes tornou-se norma, com o SCFI 149% acima de 2023;
- Frota global regista transição gradual para combustíveis alternativos, mas 90% ainda depende de fósseis;
- África destaca-se pelo aumento de 10% na conectividade portuária entre 2024–2025.
O Review of Maritime Transport 2025, publicado pela UNCTAD, alerta que o transporte marítimo mundial enfrenta “águas turbulentas”, marcadas por choques geopolíticos, volatilidade nos custos, pressões ambientais e transformações tecnológicas. Apesar do crescimento de 2,2% em 2024, o comércio marítimo deverá expandir-se apenas 0,5% em 2025, num cenário de incertezas estruturais e reajustes de rotas.
O relatório sublinha que o comércio marítimo está a reconfigurar-se em função de tensões no Mar Vermelho e no Estreito de Ormuz, que obrigaram milhares de navios a contornar o Cabo da Boa Esperança. O resultado foi um aumento de 8,5% na distância média percorrida, elevando os custos de combustível e seguros, e contribuindo para que o comércio em ton-milhas subisse 5,9% em 2024, quase três vezes mais que o volume em toneladas.
As tarifas de frete tornaram-se altamente voláteis. O índice SCFI atingiu uma média de 2.496 pontos em 2024, 149% acima do ano anterior, reflectindo a fragilidade das cadeias de abastecimento globais. Embora em 2025 tenha havido períodos de alívio sazonal, novos anúncios de tarifas e riscos geopolíticos voltaram a pressionar os mercados.
Na energia, o gás natural liquefeito (LNG) destacou-se como o segmento mais dinâmico, impulsionado pela diversificação de fornecedores e destinos. O carvão registou uma alta pontual em 2024 devido à procura asiática, mas mantém tendência estrutural de declínio. Já o petróleo permaneceu estável, embora com rotas mais longas devido à instabilidade no Médio Oriente.
Outro ponto central é o comércio de minerais críticos (cobre, lítio, cobalto), cuja crescente procura global pressiona cadeias logísticas concentradas em poucos corredores bilaterais. Países exportadores começam a adoptar políticas de processamento local para capturar maior valor, o que implicará novas exigências logísticas e regulatórias.
A frota mundial totalizou 112.500 embarcações no início de 2025, com capacidade de 2,44 mil milhões de toneladas de porte bruto (DWT). Apenas 8% da frota activa opera com combustíveis alternativos, mas 53% das novas encomendas já integram esta tecnologia, sinalizando a direcção da transição energética. O desafio, alerta a UNCTAD, é o desfasamento entre ambição e realidade.
Nos portos, África registou o maior crescimento de conectividade do mundo (+10%), impulsionado pelo desvio de rotas do Mar Vermelho. Ao mesmo tempo, cresce a importância de infraestruturas de bunkering para combustíveis alternativos, já presentes em cerca de 200 portos em 2024.
Em Outubro de 2025, a Organização Marítima Internacional (IMO) deverá aprovar formalmente o Net-Zero Framework, que inclui padrões globais de combustíveis, precificação de carbono e um fundo para apoiar a transição justa em países em desenvolvimento. A UE já começou a aplicar taxas de carbono ao transporte marítimo, afectando competitividade e estruturas de custos.
A secretária-geral da UNCTAD, Rebeca Grynspan, sublinha que “o transporte marítimo está a viver uma convergência sem precedentes de transições – geoeconómicas, ambientais e tecnológicas. A adaptação será inevitável, mas deve ser gerida de forma inclusiva e sustentável, não apenas sobrevivente.”
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