Actual valor da acção da HCB não reflecte o real valor da empresa, revela estudo da consultora Finantia
- Acções da HCB estão substancialmente sub-avaliadas, desvalorizaram mais de 60% face ao valor da cotação inicial
- “A conclusão mais evidente da avaliação da HCB é de que o valor da cotação não reflecte a evolução mais recente dos indicadores da empresa, sub-avaliando o seu real valor. Mais, dado as perspectivas futuras de crescimento – determinadas por factores externos (de mercado) e internos (de solidez financeira, capacidade de gestão e possibilidades de investimentos adicionais) – é razoável esperar que a empresa prossiga numa trajectória de valorização, e não o inverso reflectido no actual valor da cotação da acção”, lê-se no estudo da consultora FINANTIA
“De acordo com a avaliação e dentro de premissas assumidamente conservadoras, o valor actual da acção da HCB nunca deverá ser inferior a 4 MTN”, afirma André Nogueira na apresentação do estudo (research) sobre o mercado de capitais moçambicano, que entre vários aspectos centrou-se no desempenho da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) no mercado bolsista.
O estudo tornado público quinta-feira, 14/09, na presença de individualidades relevantes como o PCA da HCB Tomás Matola, o PCA da BVM, Salim Valá, e gestores séniores de instituições financeiras nacionais, investidores institucionais e académicos, conclui que estando a HCB cotada em bolsa, verifica-se, no entanto, que o valor da acção de modo nenhum reflecte o real valor dos activos, da sua performance e perspectivas futuras, estando a acção substancialmente sub-avaliada.
O autor do estudo indica que despeito de ser uma empresa estruturante da economia Moçambicana, na qual se tem sustentado a independência energética do País, potenciando o seu desenvolvimento económico e social, uma relevância que não se limita a Moçambique, estendendo-se à região da África Austral, sendo igualmente peça fundamental no fornecimento de energia aos países limítrofes, em particular África do Sul e Zimbabué, entretanto, estes atributos não se tem reflectido no desempenho da HCB no mercado accionista moçambicano.
A Finantia, observa que, reflectindo a centralidade da HCB na economia moçambicana, na última década a HCB tem consistentemente apresentado excelentes indicadores económicos e financeiros, tanto ao nível da performance como da robustez do seu balanço, sendo simultaneamente contribuidor líquido para a economia do país e potenciador de crescimento e desenvolvimento económico através da provisão produção e transporte – de energia eléctrica.
Na perspectiva dos accionistas, diz a Finantia, a conjuntura muito favorável envolvente a HCB, tem todas as condições para se traduzir em aumento de valor, se não através dos dividendos distribuídos (dado que a HCB está presentemente a realizar investimentos fundamentais ao seu crescimento futuro), “seguramente através da incorporação no valor da acção dos múltiplos factores de valorização da empresa”’.
Confirma a pesquisa da Finantia que, após um período inicial de grande volatilidade, a acção da HCB foi gradualmente estabilizando o seu preço, tendo transaccionado acima do valor inicial e em torno dos 4 MTN/acção até Julho de 2020. Desde então o preço da acção não voltou a ultrapassar o preço inicial de cotação passando a transaccionar abaixo deste, atingindo um mínimo de 1,17 MTN/acção em Outubro de 2022, correspondendo a uma desvalorização de mais de 60% face ao valor de cotação inicial.
“O que é importante realçar é que a tendência de desvalorização da acção no conjunto do período que medeia entre a cotação em bolsa e o presente ocorre quando, no sentido contrário, a HCB apresenta uma evolução muito positiva dos seus indicadores de performance, operacionais e financeiros, igualmente reflectidos no robustecimento do seu balanço. Ou seja, parece não haver uma correspondência entre o real valor da HCB e o preço fixado no mercado bolsista, que ignora (não incorpora) a informação que a empresa vai reportando aos investidores e que reflecte a sua excelente performance e consequente criação de valor.
A Finantia conclui, entretanto, que “o desfasamento aparente entre a cotação da empresa e aquilo que os indicadores operacionais e financeiros fariam esperar é em certa medida explicado pelo mecanismo de fixação de preço da acção no mercado secundário.
“Mas explica-se também pela deficiente percepção do valor da empresa pelos que, entretanto, vão dando ordens de venda da acção, recorrentemente colocando-a abaixo do valor de cotação inicial, apesar dos indicadores de performance expressivamente contrariarem essa tendência”
Na busca de uma explicação aos factos constatados, a Finantia, adianta que uma das possibilidades para o comportamento que se verifica “poderá residir no facto da HCB ter uma política conservadora de distribuição de dividendos que poderá influenciar negativamente a percepção do investidor”, disse André Nogueira, o Director- Geral, e responsável principal pela condução da pesquisa.
De notar que a HCB tem vindo gradualmente a aumentar os dividendos distribuídos, que só no último ano aumentaram mais de 70% face ao ano anterior, mas mesmo este aumento não tem sido suficiente para impactar de forma positiva a sua valorização no mercado bolsista.
André Nogueira, frisa que a discrepância entre a evolução do preço accionista das empresas cotadas na Bolsa de Valores de Moçambique e as suas respectivas performances não é exclusivo da HCB, antes parece ser um fenómeno transversal e que em grande medida afecta o saudável funcionamento do mercado, em particular o secundário.
Para a Finantia, o estudo constitui um primeiro passo no sentido de contribuir para informar o mercado e muito em particular os investidores com menor literacia financeira e com menores possibilidades de tomar decisões informadas.
“O pressuposto é de que sem acesso a informação tecnicamente sustentada, haverão sempre distorções sérias que por completo distorcem o funcionamento do mercado, limitando a sua relevância e impedindo que este assuma um papel de relevo no financiamento da economia e das empresas moçambicanas”, defende a Finantia.
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