África do Sul lança plano para salvar 90.000 empregos com a transição energética

0
335

A África do Sul apresentou uma iniciativa ambiciosa para enfrentar os desafios da transição energética, preservando empregos enquanto reduz sua dependência do carvão. O plano, conhecido como “Plataforma de Financiamento de Parceria para Transição Energética Justa”, pretende captar recursos de um pacto de US$ 9,3 bilhões, firmado com países como EUA, Alemanha e França, para investir em projetos de energia renovável e na diversificação económica das comunidades dependentes do carvão. 

Impacto na província de Mpumalanga

A província de Mpumalanga, onde se concentra a maior parte das minas de carvão e centrais de energia a carvão, é o epicentro do desafio de descarbonização da África do Sul. A economia da região depende fortemente do carvão, com cerca de 90.000 empregos na mineração e emcentrais, além de inúmeros outros empregos indirectos. Com uma taxa de desemprego de 33,5%, a transição energética é uma preocupação significativa para trabalhadores e comunidades locais.

Embora a África do Sul tenha vasto potencial para energia solar e eólica, os melhores recursos estão localizados nas províncias do Cabo, enquanto Mpumalanga, o centro da indústria de carvão, enfrenta desafios para a criação de empregos equivalentes em energias renováveis. Centrais solares e eólicas, uma vez construídas, requerem muito menos mão-de-obra do que as minas de carvão, o que complica a substituição dos empregos perdidos.

Para minimizar os impactos da transição, o Governo está a explorar alternativas de emprego em Mpumalanga, especialmente nos sectores de turismo e agricultura. A meta inicial é financiar 20 projectos no valor de R$ 600 milhões no primeiro ano, com uma expansão para 50 projectos no segundo ano, totalizando R$ 1,5 bilhão.

Além disso, a criação de um vínculo directo entre financiadores e beneficiários, como sindicatos, organizações comunitárias e ONGs, busca facilitar o fluxo de recursos diretamente para aqueles mais afetados pela transição.

O Contexto Global e o Papel da África do Sul

O pacto de transição energética da África do Sul, firmado em 2021 com países desenvolvidos, é o primeiro do género e serve de modelo para outras nações dependentes de carvão, como Indonésia e Vietname, que também buscam acordos semelhantes. No entanto, a iniciativa tem enfrentado críticas pelo ritmo lento de desembolso dos fundos e pelo montante insuficiente destinado a novas oportunidades de subsistência para as comunidades.

Gwede Mantashe, ex-ministro do sector eléctrico, afirmou que a África do Sul está a ser usada como uma “cobaia” para a transição energética, reflectindo a resistência interna à rápida descarbonização. Enquanto isso, especialistas defendem que o sucesso deste plano é crucial para demonstrar que uma transição justa é possível em países em desenvolvimento.

Gwede Mantashe, ex-ministro do sector eléctrico

Com cerca de 80% de sua energia proveniente do carvão, a África do Sul possui uma das economias mais intensivas em carvão do G20. A eficácia deste plano não só terá um impacto local significativo, mas também poderá definir os parâmetros para futuras transições energéticas em economias emergentes, mostrando um caminho para reduzir emissões sem desestabilizar economias dependentes de combustíveis fósseis.

SUBSCREVA O.ECONÓMICO REPORT
Aceito que a minha informação pessoal seja transferida para MailChimp ( mais informação )
Subscreva O.Económico Report e fique a par do essencial e relevante sobre a dinâmica da economia e das empresas em Moçambique
Não gostamos de spam. O seu endereço de correio electrónico não será vendido ou partilhado com mais ninguém.