África Do Sul Mantém Esperança Na Renovação Do AGOA Apesar De Tarifas E Tensões Diplomáticas

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Questões-Chave

  • Ministro do Comércio da África do Sul, Parks Tau, afirmou estar confiante na extensão do AGOA antes da sua expiração;
  • Governo sul-africano continua a pressionar a Administração e o Congresso dos EUA para a renovação do acordo;
  • Tarifas impostas pela Administração Trump, incluindo uma de 30% sobre produtos sul-africanos, colocam em risco benefícios do pacto;
  • Washington e Pretória acordaram uma “roadmap” para guiar futuras negociações;
  • Relações bilaterais enfrentam tensões devido a críticas de Trump às políticas de empoderamento económico negro e à posição sul-africana em relação a Taiwan.

A África do Sul declarou-se esperançosa de que o African Growth and Opportunity Act (AGOA) seja prorrogado antes da sua expiração ainda este ano, apesar das incertezas geradas pela política comercial norte-americana e pela escalada de tensões diplomáticas com Washington.

Em entrevista à Bloomberg Television, o Ministro do Comércio sul-africano, Parks Tau, afirmou que Pretória mantém uma intensa campanha de diplomacia económica para assegurar a renovação do AGOA. “Não desistimos. Continuamos a pressionar tanto junto da Administração como do Congresso. Há algum sentimento de que seria ideal a extensão do acordo, por isso temos de continuar a trabalhar arduamente”, declarou.

O AGOA, aprovado em 2000, garante acesso preferencial e isento de direitos aduaneiros ao mercado norte-americano para milhares de produtos de países da África Subsariana, visando apoiar o desenvolvimento económico da região. Contudo, o seu futuro ficou envolto em incerteza devido às guerras comerciais de Donald Trump, que impôs tarifas elevadas, incluindo uma de 30% sobre exportações sul-africanas, afectando sectores estratégicos como o automóvel, citrinos e vinho.

Segundo Parks Tau, que reuniu-se recentemente com o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, as negociações bilaterais estão a avançar, tendo já sido acordado um roteiro para orientar futuras conversações. “Estamos além dos problemas registados há alguns meses. Antecipamos discussões construtivas, ainda que difíceis, mas entramos nelas de mente aberta”, sublinhou.

A relação entre os dois países tem estado marcada por episódios de fricção. Trump criticou abertamente as leis sul-africanas de empoderamento económico negro, destinadas a corrigir desigualdades herdadas do apartheid, e chegou a acusar falsamente o governo de permitir um genocídio contra agricultores brancos afrikaners. Em Maio, durante um encontro na Casa Branca, o presidente norte-americano chegou mesmo a repreender o seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa.

A tensão agravou-se esta semana após Taiwan restringir as exportações de microchips para a África do Sul, alegando razões de segurança nacional, numa reacção à decisão de Pretória de rebaixar o estatuto do escritório de representação taiwanês no país.

Embora Parks Tau tenha evitado comentar as potenciais implicações desta medida, a chancelaria sul-africana garantiu que as relações com Taiwan permanecem “não políticas”.

Apesar das dificuldades, Pretória mantém os EUA como segundo maior parceiro comercial, depois da China, e considera vital a extensão do AGOA para evitar sérios impactos nas exportações e na sua estratégia de crescimento económico.

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